É o(a) profissional cuja função é exclusivamente ouvir o leitor, ouvinte, internauta e o seguidor do Grupo de Comunicação O POVO, nas suas críticas, sugestões e comentários. Atualmente está no cargo o jornalista João Marcelo Sena, especialista em Política Internacional. Foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO e de Política
A situação no local ter supostamente piorado após a intervenção no local não significa que ela não deveria ter sido realizada. Uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa
Foto: FCO FONTENELE
Fortaleza, CE, BR 25.02.25 Ministério Público interdita Casa de Saúde Psiquiatrica São Gabriel (Fco Fontenele/O POVO)
A situação do Lar São Gabriel relatada em matéria intitulada “O POVO visita casa de repouso em Fortaleza e verifica situação degradante” foi um dos assuntos com maior repercussão ao longo da última semana. O texto mostra o cenário de indignidade ao qual pacientes psiquiátricos estavam sendo submetidos no estabelecimento, que fora alvo de operação policial duas semanas antes, resultando na prisão de Francisca Maria Barros, proprietária do espaço.
Más condições de higiene, retenção de cartões dos idosos, falta de fornecimento de alimentos e medicamentos, funcionários sem registro de capacitação são apenas algumas das suspeitas que a envolvem, de acordo com o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE). Um paciente do local morreu dias após a operação e a causa do óbito estava sob investigação. Em 2024, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) confirmou um caso de tuberculose no local. Monitoramento posterior revelou cinco novos casos da doença, além de 33 idosos sintomáticos.
A reportagem foi ao local que deveria estar interditado e vazio após a operação e colheu relatos de pessoas que lá trabalham, assim como de familiares de pacientes. Os depoimentos eram de que a situação havia se deteriorado ainda mais após a prisão da dona do estabelecimento. Um dos que falaram foi o filho de Francisca, motorista da casa de repouso. Aqui sem muita surpresa e em defesa da mãe, ele conta que passou a estar à frente do Lar São Gabriel, mesmo admitindo não ter qualificação para tal função. Outra voluntária chegou a afirmar que “se era ruim (antes da prisão de Francisca), agora está 10 vezes pior”.
Ao terminar de ler a matéria do O POVO com os relatos de quem trabalha no Lar São Gabriel fica parecendo até que a situação era melhor quando a proprietária não havia sido presa. Uma correlação com grande potencial para se mostrar enganosa. A situação ter supostamente piorado após a intervenção no local não significa que ela não deveria ter sido realizada. Uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa.
Apenas o fato dos pacientes não terem sido reintegrados às respectivas famílias ou transferidos para outros estabelecimentos psiquiátricos logo após a operação evidencia a falta de coordenação entre os órgãos envolvidos, para que essas pessoas não ficassem desamparadas como ficaram. Agora, isso não pode servir de base argumentativa para deslegitimar as graves denúncias que justificaram a intervenção no local.
Há uma máxima no Jornalismo apontando que “se fulano diz que está chovendo e beltrano diz que está fazendo sol, cabe ao repórter olhar para o céu”. Até o fechamento desta coluna, na tarde de sexta-feira, 28, não havia sido publicada nenhuma matéria detalhando ao leitor qual é a situação dos Cras. Faltou ao O POVO visitar os equipamentos e colher relatos das pessoas que os utilizam ou neles trabalham. Ou seja, fazer por onde este debate não ficar restrito ao “jogo de empurra” tão comum na política.
Nordeste Insurgente
Foi publicado na última segunda-feira, 24, o documentário “Nordeste Insurgente”, disponível no O POVO+, plataforma de multistreaming de jornalismo. O filme reconta a história da Confederação do Equador (1824), destacando o caráter republicano e abolicionista do movimento revolucionário e os principais personagens cearenses que lutavam contra a monarquia nos primeiros anos do Brasil Império.
O documentário tem como principal destaque os relatos analíticos de historiadores e memorialistas nas cidades onde aconteceram no Ceará os principais eventos da Confederação do Equador, tais como Quixeramobim, Icó, Aracati, Crato, além de Fortaleza. Ouvir esses depoimentos in loco foi um diferencial para que a produção não caísse em um formato engessado que muitos documentários históricos acabam tendo. Outro ponto a ser enfatizado são os recursos visuais empregados que ajudam a ilustrar a narrativa sobre algo que aconteceu há mais de dois séculos.
“Nordeste Insurgente” é uma produção atemporal sobre um evento histórico importante da história do País contado sob a ótica do Ceará, onde aconteceram fatos decisivos para o seu desenlace. Um documentário que pode servir como ótimo material pedagógico auxiliar em escolas ou mesmo para quem procura algo para assistir em casa durante os dias de Carnaval.
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