Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
A Casa Branca abriu um processo contra o Brasil, no qual pretende investigar até o Pix e a 25 de Março, rua de comércio popular em São Paulo
Foto: AFP e Ricardo Stuckert / PR
Trump e Lula
Louvável o esforço que o governo vem fazendo para tentar uma negociação com os Estados Unidos, depois da decretação da taxa de 50% para os produtos brasileiros.
Mas o que parece escapar na maioria das análises é que a carta do presidente americano, Donalt Trump, estabelece um pré-requisito para iniciar negociações — e “talvez” reduzir a tarifa, caso sua exigência seja aceita.
Essa pré-condição é livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro da condenação, que já tem data marcada: o mês de setembro deste ano. Ao contrário do que dizem os bolsonaristas, a certeza de que ele será apenado não deriva de uma “perseguição” do Supremo Tribunal Federal (STF). O que levará à cadeia são as volumosas provas acostadas no processo, que indicam Bolsonaro como o “líder de uma organização criminosa”, que tentou um golpe de Estado, segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Quando jornalistas conversam com próceres do governo americano, informando-os que, no Brasil — uma democracia — o Executivo não pode intervir no Judiciário, respondem que a solução poderia passar por um perdão presidencial.
Em resumo, Trump quer, de partida, livrar Bolsonaro da punição pelos graves crimes que lhe imputa Paulo Gonet que, em um relatório impecável ao STF, mostrou que o ex-rei está nu.
A essa questão juntam-se outras duas: 1) a inconformidade da Casa Branca pelo fato de o Sul Global organizar-se no Brics, o que Trump vê como ameaça ao poderio americano. 2) A defesa que a extrema direita faz das big techs, recentemente enquadradas pelo STF.
Portanto, a demanda está posta no âmbito exclusivamente político, e não econômico.
Assim, por mais que alguns setores, o empresariado, por exemplo, insistam em “separar as duas coisas” (a política e a economia), será preciso antes convencer Donald Trump. Uma tarefa hercúlea, pois a resposta dele para o aumento de tarifas foi: “Estamos fazendo porque eu posso”. É impossível dialogar com o arbítrio.
Se ainda faltassem exemplos de que essa é uma guerra política, os Estados Unidos abriram um processo contra o Brasil, no qual pretendem investigar até o pix e a 25 de Março, rua de comércio popular em São Paulo.
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