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Eduardo Bolsonaro tenta calibrar o alvo
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Eduardo Bolsonaro tenta calibrar o alvo

Vamos ver se os ministros do STF André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux tomarão a iniciativa de renunciar aos seus vistos de entrada nos EUA. Seria uma demonstração simbólica de unidade do tribunal. Acima de qualquer divergência, todos os ministros têm o dever de reafirmar a independência e autonomia do Judiciário
SESSÃO plenária do STF (Foto: Gustavo Moreno/STF)
Foto: Gustavo Moreno/STF SESSÃO plenária do STF

Quando eu era menino pequeno e ia às “matinês” do Carnaval, tocava uma marchinha da qual nunca me esqueci: “Caramuru uhu, Caramuru uhu/ filho do fogo, sobrinho do trovão/Caramuru que atirou urubu/ mas errou na direção/ e acertou no gavião…”

Mal comparando — porque a família Bolsonaro não tem graça nenhuma —, foi isso o que aconteceu com Eduardo, o falso exilado, que está em uma pátria estrangeira trabalhando para prejudicar o Brasil.

Quando Trump decretou a taxação de 50% aos produtos brasileiros, Eduardo comemorou aos pulos. No momento em que os Estados Unidos investiram contra o Pix e a rua 25 de Março, ele dobrou a comemoração.

Para Eduardo, seriam sacrifícios que deviam ser pagos em nome da “anistia” ao pai, réu em uma seleta de crimes graves no Supremo Tribunal Federal (STF).

Lembrando que o pagador, no caso, é o povo brasileiro, que vai sofrer as consequências da chantagem trumpista contra o Brasil.

Apesar do esforço de Eduardo, fora o círculo de fanáticos e oportunistas, ninguém comprou a “narrativa” de que os graves danos provocados pela sua cumplicidade com Trump seriam compensados mais à frente. Mesmo porque é uma mentira deslavada.

O que Eduardo tem conseguido até agora é um amplo repúdio pelos seus argumentos farsescos, incluindo críticas de alguns setores da direita.

Somando, subtraindo e tirando a prova dos nove, o fato é que Eduardo pensou ter acertado o urubu, mas atingiu o gavião.

Depois do erro estratégico, os áulicos bolsonaristas (com e sem mandato) saíram a campo na tentativa de amenizar o desastre.

Eduardo, por sua vez, sem dar o braço a torcer, está calibrando a mira de suas armas e reposicionando as “duas bombas atômicas” que o seu irmão, o senador Flávio Bolsonaro (PL) disse que estão sendo preparadas nos EUA para desabar sobre Brasil.

Nesse esforço de especificar um alvo supostamente mais vulnerável, em termos de apoio popular, voltaram o fogo contra o Supremo Tribunal Federal (STF). O governo americano revogou os vistos, proibindo a entrada de ministros dos STF nos Estados Unidos, a começar por Alexandre de Moraes.

Ficaram de fora da lista apenas três ministros: André Mendonça e Nunes Marques (indicados por Bolsonaro) e Luiz Fux.

Vamos ver se esses três ministros tomarão a iniciativa de renunciar aos seus vistos de entrada nos EUA. Seria uma demonstração simbólica de unidade do tribunal e de solidariedade aos colegas. Acima de qualquer divergência, todos os ministros têm o dever de reafirmar a independência e autonomia do Judiciário brasileiro — e não podem recuar frente a uma ameaça à soberania brasileira.

PS. Alguém sabe quem é o autor da marchinha "Caramuru"? Só encontrei uma menção, mesmo apelando para a inteligência artificial, no Google, nada. Para o ChatGPT a música (1930) é de Sá Róris e Nássara. O Gemini dá versões diferentes e desencontradas.

 

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