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Regulamentação das redes: agora vai?
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Regulamentação das redes: agora vai?

É preciso cuidar para que o projeto não resulte inócuo ou vá para o escaninho das coisas esquecidas ou arquivadas, como já aconteceu com o PL das Fake News
Natural de Londrina, no Paraná, Felca começou sua carreira na internet em 2012 (Foto: Reprodução/ redes sociais)
Foto: Reprodução/ redes sociais Natural de Londrina, no Paraná, Felca começou sua carreira na internet em 2012

O choque produzido pelo vídeo “Adultização”, publicado no YouTube por Felipe Bressanim, um jovem de 27 anos conhecido como Felca, foi maior do que o despertado pela minissérie “Adolescência”, abordando o quanto pode ser nocivo para crianças e jovens o ambiente descontrolado no qual funcionam as redes sociais.

A série, uma produção britânica, lançada em março deste ano, provocou debates “intelectualizados” (na falta de melhor palavra), sem conseguir “furar a bolha” dos que já têm opinião formada sobre determinado tema.

Agora, o vídeo de Felca tornou o assunto popular, tema de todas as rodas de conversa, inclusive no transporte coletivo. No programa Altas Horas, da Rede Globo, Felca disse ter recebido fotos de amigos mostrando pessoas assistindo ao vídeo dele dentro de ônibus urbanos.

O trabalho do youtuber mostra ainda que não apenas os “vídeos curtos” fazem sucesso na internet. O dele tem cerca de 50 minutos — uma eternidade para os padrões TikTok — e foi visto por milhões de pessoas. Ele soube explicar de maneira didática e objetiva os crimes que se cometem contra crianças e adolescentes nas redes sociais, encontrando um público amplo e diversificado, ansioso para entender melhor o assunto.

Felca bateu em um nervo exposto da sociedade, explorado pelas big techs para ganhar dinheiro. A regulamentação das redes sempre esteve sob fogo cerrado da extrema direita e de seus aliados da direita, dita democrática, os hipócritas “defensores da família”.

Esses grupos extremistas buscam confundir o conceito “liberdade de expressão” (a qual todo democrata tem obrigação de defender), com licença para cometer crimes impunemente, o que interessa ao jogo político deles, com suas redes de produção de informações falsas, as chamadas “fake news”.

Mas, desta vez, os hipócritas não tiveram para onde correr, aderindo de má vontade ao movimento pela regulamentação das redes, sob o argumento de que o projeto de proteção às crianças é “apartidário”. Tiveram de contrariar os parceiros da big techs na tentativa de sustentar a máscara de defensores dos “valores da família”.

Bem-vindos, apesar do atraso.

Agora é cuidar para que o projeto não resulte inócuo ou vá para o escaninho das coisas esquecidas ou arquivadas, como já aconteceu. Esse foi o destino do chamado PL das Fake News (2630/2020). Depois de quatro anos de tramitação e aprovado pelo Senado, foi arquivado pelo então presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), graças à violenta pressão das big tehcs com a ajuda luxuosa da extrema direita.

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