Plínio Bortolotti integra o Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
A questão é: quem vai para Trump nesse caminho que inevitavelmente levará a uma ditadura?
Foto: Andrew Harnik / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP
WASHINGTON, DC - 3 DE SETEMBRO: O Secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth
Digam que é exagero. mas a convocação de 800 generais para ouvirem uma carraspana do presidente Donald Trump e de seu secretário da “Guerra”, Pete Hegseth, é uma passo decisivo para abrir o caminho para um governo autoritário nos Estados Unidos.Trump fez o que todo ditador professa, incluindo seu homológo e desafeto, Nicolás Maduro: exige lealdade incondicional das Forças Armadas.
O governo venezuelano é sustentado pelos militares, com base em três pilares, segundo reportagem da BBC News Brasil (2/8/2024): "poder" (ocupação de cargos), "dinheiro" (dando-lhes controle sobre importantes setores da economia) e "medo" (sanções pesadas em caso de oposição ao regime).
Por enquanto, ao que parece, Trump quer implementar o primeiro pilar — o medo: “Se você não gosta do que estou dizendo, pode sair da sala”, mas ameaçou: “Lá se vai sua patente, lá se vai seu futuro”.
Tradicionalmente, as Forças Armadas dos Estados Unidos se mantêm afastadas da política, porém o projeto autoritário de Trump inclui jogá-las nessa arena para melhor controlá-las a partir de seus interesses pessoais.
Mesmo contrariando autoridades locais, ele está enviando tropas militares para pelo menos cinco cidades americanas, para torná-las “campos de treinamento” para combater uma “invasão vinda de dentro”.
Desde o início de seu governo ele vem limitando as liberdades civis, calando vozes dissonantes, com ataques às universidades, em confronto aberto com a Primeira Emenda da Constituição americana, que garante a liberdade de expressão.
Como qualquer ditadorzinho de uma republiqueta bananeira, ele também apela para o "inimigo interno", tática para aterrorizar a população, incentivando a desconfiança generalizada, na qual cada pessoa se torna suspeita de ser um informante da polícia. Um método amplamente utilizado nos antigos países ditos comunistas da Europa oriental, em vigor atualmente na Coreia do Norte.
Mas esse enquadramento à sua ideologia que ele quer impor às Forças Armadas é mais perigosa — se é que existe alguma medida fora dessa classificação, entre as adotadas até agora. A questão é: quem vai parar Trump nesse caminho que inevitavelmente levará a uma ditadura?
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