Regina Ribeiro é jornalista e leitora voraz de notícias e de livros. Já foi editora de Economia e de Cultura do O POVO. Atualmente é editora da Edições Demócrito Rocha
Regina Ribeiro é jornalista e leitora voraz de notícias e de livros. Já foi editora de Economia e de Cultura do O POVO. Atualmente é editora da Edições Demócrito Rocha
Pode parecer contraditório, mas o governo Bolsonaro é um adepto feroz da teoria do reducionismo, claro que de modo capenga, irresponsável e sem finalidade pública no sentido clássico da palavra. O reducionismo científico, de acordo com o físico norte-americano Brian Greene parte da ideia de que é possível conhecer fenômenos complexos de estudarmos as leis que governam seus “componentes elementares”. Assim, estudando alguns neurônios, torna-se possível ampliar o conhecimento do cérebro humano com suas milhares de conexões complexas. O mesmo acontece com pesquisas que envolvem os universos, a natureza e o próprio corpo humano.
Quando falo que o atual governo utiliza-se deste paradigma, na verdade, cometo um erro grosseiro, porque Bolsonaro e sua turma só são capazes de reduzir a complexa realidade brasileira nos campos da saúde, da economia, da política, da cultura e do meio ambiente a quase nada. Eles reduzem ao mínimo incompreensível ou inalcançável a qualquer pessoa capaz de pensar com criticidade. No mundo bolsonarista tudo é reduzido sem intenção nenhuma de conhecer o complexo. Reduz até o mínimo capaz de caber da mediocridade do governo.
Basta ver o Paulo Guedes falando sobre empregada doméstica em Miami, em filho de porteiro na universidade, na longevidade dos brasileiros. Mas são os cientistas do governo Bolsonaro que me desconcertam. O ministro da Ciência e Tecnologia, Márcio Pontes, vive num silêncio galáctico. No entanto, do ministério da Saúde é de onde vem toda espécie de nulidade em termos de apreço por qualquer tentativa de compreensão da realidade a fim de intervir e salvar vidas de forma efetiva.
" Por que a Inglaterra, os Estados Unidos, o Canadá, a Austrália, a Alemanha, a França não curou pessoas de Covid-19 com essas drogas que o governo Bolsonaro defende? "
E a defesa acirrada da cloroquina é prova disso. O governo age de forma tão irresponsável que se esquece de, pelo menos, criar uma narrativa lógica para o que acredita. O discurso da médica Mayra Pinheiro na CPI da Covid confunde e estarrece ao mesmo tempo. Por que a Inglaterra, os Estados Unidos, o Canadá, a Austrália, a Alemanha, a França não curou pessoas de Covid-19 com essas drogas que o governo Bolsonaro defende? Por que morreram quase meio milhão de brasileiros se o kit Covid defendido pelo governo Bolsonaro tem realmente o poder de curar vidas? Qual a lógica dessa defesa se não um reducionismo não científico incapaz de reconhecer a complexidade como componente para compreensão da realidade?
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