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A violência contra as mulheres precisa ser combatida desde a infância nos livros didáticos
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Regina Ribeiro é jornalista e leitora voraz de notícias e de livros. Já foi editora de Economia e de Cultura do O POVO. Atualmente é editora da Edições Demócrito Rocha

A violência contra as mulheres precisa ser combatida desde a infância nos livros didáticos

A violência contra as mulheres no Brasil precisa ser atacada pela escola desde a infância, pelas empresas, pelas igrejas, porque trata-se de uma chaga social
Tipo Opinião
Violência contra a mulher atinge níveis alarmantes no Brasil  (Foto: Infoescola)
Foto: Infoescola Violência contra a mulher atinge níveis alarmantes no Brasil

Esta foi uma semana difícil para nós, mulheres. Aliás, o último mapa da violência contra as mulheres divulgado em 2020, revela que entre janeiro e novembro de 2018 – data do último levantamento – a imprensa brasileira noticiou 14.796 casos de violência doméstica em todo o País. Namorados, maridos, ex-companheiros, de um modo em geral, são a maioria dos responsáveis pelas agressões.

Esta semana, o vídeo do DJ Ivis espancando a mulher, Pamela, foi uma das coisas mais horrorosas que eu já vi nos últimos tempos. Mesmo sem imagens, a situação das mulheres exige cuidados. Na Câmara Federal, um projeto de lei aprovado esta semana reduziu para 5% o valor do fundo partidário a ser utilizado em candidaturas femininas. A justificativa é que são poucas as mulheres que se candidatam. Certo. Agora me digam: Quais os projetos desenvolvidos no Brasil que estimulam a participação das mulheres como representantes da sociedade na política partidária?

"O lugar que as mulheres ocupam é uma construção social que começa na infância e reverbera nas decisões futuras de uma menina "

Também esta semana, um grupo de deputados do Psol entraram na justiça para suspender o edital federal para compra de livros didáticos para crianças do 1º ao 5º ano devido à retirada do edital a recomendação para as editoras que deveriam ter uma : “especial atenção para o compromisso educacional com a agenda da não-violência contra a mulher".

Na prática, os livros didáticos deveriam prestar bastante atenção à forma com as mulheres são representadas nos textos, fotos, ilustrações. Um tratamento igualitário entre homens e mulheres é algo que pode se aprender na infância e na escola, moldando um futuro menos violento. Colocar num livro didático a cena de uma mulher sorrindo vestindo um avental, abraçada a uma vassoura e um homem sisudo, de óculos, lendo, navegando pelo celular ou praticando esportes encarna o que pode haver de mais perverso nas relações sociais. O lugar que as mulheres ocupam é uma construção social que começa na infância e reverbera nas decisões futuras de uma menina e na rapidez com a qual ela dirá não à violência doméstica.

Para encerrar, as inscrições do Enem tiveram o menor índice de inscritos desde 2008. Foram apenas 4 milhões de inscritos. São meninos e meninas com a vida escolar atrasada em pelos menos um ano. Entre esse grupo, as meninas são as que mais sofrem quando param de estudar ou se atrasam na escola.

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