
Regina Ribeiro é jornalista e leitora voraz de notícias e de livros. Já foi editora de Economia e de Cultura do O POVO. Atualmente é editora da Edições Demócrito Rocha
Regina Ribeiro é jornalista e leitora voraz de notícias e de livros. Já foi editora de Economia e de Cultura do O POVO. Atualmente é editora da Edições Demócrito Rocha
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Quando minha segunda filha, Marília, tinha cinco anos, me perguntou no dia do meu aniversário: “mãe, quantos anos você está completando?”. 30, filha. Ela levou as mãos ao rostinho redondo, abriu bem os olhos e disse: “Mamãe, como você é velha!!!!”
Lembrei-me do episódio, enquanto acompanhava o caso das meninas que debocharam da colega de classe por ter 44 anos. No fim, elas se “desmatricularam” do curso de Biomedicina da Universidade Unisagrado, em Bauru.
O que as meninas de Bauru fizeram é o que faz a grande maioria quando desqualifica uma pessoa com base na sua idade. Na refrega do cotidiano. Quando se questiona a competência, a capacidade de aprender, limita-se a fala, infantiliza e ridiculariza alguém mais velho, em síntese, age-se como o trio de Bauru.
Pergunto se a universidade ouviu as meninas a respeito das pessoas mais velhas da convivência delas: os pais das estudantes devem ter mais ou menos a idade que elas sugeriram que a colega de turma se aposentasse, por exemplo. Talvez se assustassem ao perceber que algumas das suas tias, mães e avós descontroem o que elas próprias fizeram com a colega de classe.
Patrícia Linares recebeu o apoio de todo mundo, mas as meninas precisariam de, em vez de serem linchadas nas redes, perceber de fato, onde erraram para reconstruírem as ideias que têm sobre pessoas mais velhas. Pessoas que elas vão encontrar cada vez mais em qualquer universidade e em qualquer curso que se matricularem.
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