
Regina Ribeiro é jornalista e leitora voraz de notícias e de livros. Já foi editora de Economia e de Cultura do O POVO. Atualmente é editora da Edições Demócrito Rocha
Regina Ribeiro é jornalista e leitora voraz de notícias e de livros. Já foi editora de Economia e de Cultura do O POVO. Atualmente é editora da Edições Demócrito Rocha
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Será lançado nesta quarta-feira, 1º de maio, o relatório “Ataques relacionados a gênero e desinformação”, elaborado pela organização #She Persisted e a empresa especializada em análise de Dados, The Nerve, cuja fundadora é a jornalista filipino-americana, que ganhou o prêmio Nobel da Paz em 2021, Maria Ressa.
Matéria publicada no jornal Folha de S. Paulo mostra que depois de analisar 1,15 milhão de informações publicadas no X (ex-Twitter), Facebook e interações do YouTube entre os anos de 2019 e 2024, o estudo chegou à conclusão que a maior parte dos ataques sofridos por jornalistas e políticas atingem a "credibilidade, a inteligência e a reputação dessas mulheres".
O recorte utilizado pela pesquisa teve como foco mulheres profissionais de várias empresas jornalísticas: CNN, Rede TV, Jovem Pan, TV Cultura, veículos O Globo, Folha de S. Paulo. Além de jornalistas, foram detectados comportamento agressivo e misógino das redes contra a antropóloga Debora Diniz, e políticas com vasto leque de tendência partidária que contempla desde a deputada Tabata Amaral (PSB-SP), passando pela Erika Hilton (PSOL-SP) e Carla Zambeli (PL-SP). A ministra do Planejamento Simone Tebet (MDB) e as ex-deputadas Manuela D´Ávila e Joice Hasselmann também entraram na lista.
Paradoxalmente, Carla Zambeli, uma das grandes disseminadoras de desinformação nas redes sociais e agora acusada, junto com o racker Walter Delgatti, de invadir o site do Conselho Nacional de Justiça, também sofre misoginia nas redes sociais.
A ex-deputada Joice Hasselmann, aliada de primeira hora de Jair Bolsonaro e responsável por ataques feitos a mulheres de esquerda, chorou ao romper com a família Bolsonaro e ser chamada de Pepa Pig pelos filhos do ex-presidente, isso sem contar muitos outros adjetivos de péssima linhagem que lhe desferiram seus ex-aliados.
Por coincidência, os dados que serão divulgados hoje revelam que críticas a Jair Bolsonaro, sua família e alguns dos seus aliados são os que mais impulsionam ataques a mulheres jornalistas e políticas nas redes sociais. As agressões atingem principalmente a reputação, atributos pessoais como inteligência e aparência física das mulheres.
O YouTube respondeu por 75% dos ataques sofridos por essas mulheres, 41% vieram do X e 24%, do Facebook, segundo informações que compõem o relatório. Entre as palavras e expressões mais usadas contra as mulheres estão: “burra”, “idiota”, “louca”,“não bate bem da cabeça”, “comunistas”, “antipatrióticas”, “traidoras”, “feia”, “gorda”, “bruxa”.
As constatações dessa pesquisa só deixam mais claro o que todos estamos acostumados a ler nas redes sociais. Não apenas a extrema direita bolsonarista, mas principalmente esta, impulsiona ataques às mulheres nas redes.
No ano passado, levantamento da Associação Brasileira de Jornalistas Investigativos (Abraji) mostrou em que 2023 os ataques a jornalistas no Brasil haviam crescido 23% em comparação com 2021 e, destes, 42% tinham um dos membros da família Bolsonaro envolvidos. A pesquisa conclui ainda que 43% das agressões são destinadas às mulheres jornalistas com ataques de cunho sexual e críticas à aparência física das profissionais.
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