Sou jornalista de formação. Tenho o privilégio de ter uma vida marcada pela leitura e pela escrita. Foi a única coisa que eu fiz na vida até o momento. Claro, além de criar meus três filhos. Trabalhei como repórter, editora de algumas áreas do O POVO, editei livros de literatura, fiz um mestrado em Literatura na Universidade Federal do Ceará (UFC). Sigo aprendendo sempre. É o que importa pra mim
Minha amiga Lúcia Galvão me disse algo muito simples sobre como cuidar das plantas que ela mesma me deu há uns três anos: “Não precisa adular muito. Um pouco de água e sol serão suficientes”. Eu não tinha a menor ideia do que estava recebendo naqueles jarrinhos que pareciam tão inocentes.
Em um deles, havia apenas uma folha plantada. No outro, uma espécie de "cebola" mergulhada no adubo. Sinceramente, me deu até um alívio ao vê-las, e pensei comigo que caso nenhuma das duas brotassem, pelo menos não as havia recebido verdosas e floridas.
Aguava pouco, dada uma olhada de vez em quando, até que alguns meses mais tarde a "cebola" deu ares de que estava viva. Da noite para o dia, nasceu uma haste, da qual se desprenderam folhas largas desproporcionais para o jarrinho miúdo. Falei com a Lucinha.
Ela disse que era isso mesmo, que nasceria uma flor linda chamada Bola de Natal. Duvidei em silêncio. Dias depois, porém, desprenderam-se das folhas uma haste ainda mais grossa com finíssimos fios avermelhados que formavam uma flor linda num formato circular cheio. O nome científico da espécie, também chamada de Lírio de Natal, é Scadoxus multiflorus.
Entre o recebimento da cebola e o nascimento do lírio, se passou quase um ano. Mandei foto da flor para minha amiga, num dia que parecia perfeito. Os fios ficaram ainda mais vermelhos e vivos e permaneceram assim por dias na minha pequena varanda.
Depois de toda essa exuberância, o lírio se desfaz, as folhas murcharam e caíram e voltamos à batata inerte no jarro que agora, claro, é um bem maior e já vou mudar novamente, porque as batatas se reproduziram.
A história da folha plantada foi ainda mais interessante. Regava aqui acolá, olhava para ela com um certo estranhamento. Dias e dias passados, notei que da folha estavam saindo pequenos brotos que se formavam folhas largas. Já troquei de jarro duas vezes. As folhas cresceram e se esparramaram pela varanda.
Este ano, veio a surpresa. Percebi botões meio gigantes de flores brancas, com leves tons róseos se formando nas hastes. Na noite do dia 22 de dezembro, eles abriram todos de uma vez. E flores brancas, delicadas e imponentes, com um leve perfume penderam das folhas.
As flores da “Dama da noite” (Cestrum nocturnum) só duram uma noite. Morrem com o nascer do sol do dia seguinte. Mandei fotos para minha amiga da primeira florada da planta que ela havia me dado três anos antes. Ela me devolveu a mensagem com várias fotos das flores do Mandacaru do jardim dela, que também florescem e vivem por uma única noite. Durante toda a madrugada, Lucinha observa, minuto a minuto, o nascimento, a exuberância da vida e, depois, a morte das flores do Mandacaru.
Este ano, meu minúsculo jardim tem me dado muita alegria. Até a Rosa do Deserto, que meu amigo Demitri Túlio me deu em outubro último, floriu.
Convivendo com minhas plantas, percebi que elas me ensinaram, ao longo dos anos, muitas coisas que decidi prestar mais atenção em 2025.
Regar exige contenção, nunca excesso. Não preciso me preocupar muito com o que vai acontecer. A vida tem seu próprio ritmo e não há nada que se possa fazer (na maioria das vezes). A surpresa sempre vem. Por último, por mais lindo e perfeito (ou triste) que seja o dia ou qualquer acontecimento, ele terá fim.
Que em 2025, cultivemos plantas e amigos.
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