Será que o Brasil precisa mesmo de mais deputados?
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Sou jornalista de formação. Tenho o privilégio de ter uma vida marcada pela leitura e pela escrita. Foi a única coisa que eu fiz na vida até o momento. Claro, além de criar meus três filhos. Trabalhei como repórter, editora de algumas áreas do O POVO, editei livros de literatura, fiz um mestrado em Literatura na Universidade Federal do Ceará (UFC). Sigo aprendendo sempre. É o que importa pra mim
Será que o Brasil precisa mesmo de mais deputados?
O Brasil real tem uma maioria de eleitoras, com salário médio que não chega a dois completos e a cor predominante é parda/negra. Portando, o que vemos no Congresso é uma imagem distorcida do País
Desde a semana passada, quando a Câmara aprovou o aumento de deputados federais de 522 para 531 devido ao aumento populacional, eu fiquei me perguntando se o Brasil precisa mesmo de mais deputados. Antes de prosseguir, me deixem dizer duas coisas básicas: Em primeiro lugar, sou a favor do pleno funcionamento do Congresso Nacional – conjunto de deputados e senadores – porque ele é legítimo numa sociedade democrática.
Em segundo, embora tenha severas críticas ao atual Congresso e a alguns parlamentares em particular, nem todos estão ali como representantes de ideias toscas, de armas e de interesses escusos de algumas frentes, incluindo as religiosas.
Historicamente, a sociedade brasileira deveria agradecer alguns deputados que foram, sim, importantes para nossa recente história política. O deputado Dante de Oliveira, autor da emenda constitucional nº 05/1983, foi um marco no processo de redemocratização do País. O deputado Paulo Delgado, que lutou pela reforma psiquiátrica, aprovada no Congresso em 2001, é outro bom exemplo.
O Congresso que aprovou a Lei Maria da Penha é elogiável, mesmo depois de anos postergando. Tenho sérias dúvidas de que o atual Congresso aprovaria essa lei. As deputadas constituintes – entre elas a ex-deputada cearense Moema São Thiago – conhecidas pejorativamente como “Bancada do Batom”, são outro marco. Elas lutaram para inserir na Constituição de 1988 leis e direitos fundamentais para as mulheres.
No entanto, a atual Câmara dos Deputados é uma lástima. Boa parte deles foi eleita no rastro das mídias sociais, outra às expensas de interesses pouquíssimos democráticos, e apenas uma pequena parte tem o Brasil como alvo.
Basta ver o acinte que são os mecanismos judicializados das emendas parlamentares que sufocam e criam um regime de chantagem oficial em relação ao Executivo fraco, rendido ao Congresso. O relacionamento político-tóxico inclui ainda ameaças, e todo tipo de jogo baixo tipo a aprovação de gastos do governo de um lado, enquanto do outro critica as despesas do mesmo governo.
Observo alguns atuais parlamentares como pessoas que parecem estar lá apenas para fazer corte de vídeos, transformar o ambiente político em mero programa de auditório de qualidade duvidosa com auto exibição para uma claque que pensa pouco e é viciada em lacração.
Para mim, o valor pago por cada deputado não é o real problema se a maioria deles realmente trabalhar em prol do País. Dizer que o Congresso brasileiro é a cara do Brasil não é verdade.
O Brasil real tem uma maioria de eleitoras, com salário médio que não chega a dois completos e a cor predominante é parda/negra. Vemos no Congresso uma imagem distorcida do País. Portanto, não precisamos acrescentar representantes que distorçam ainda mais essa imagem.
Congresso aprova aumento do número de deputados de 513 para 531 | O POVO NEWS
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