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61 socos, um elevador, câmeras e muita covardia!
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Sara Oliveira é repórter especial de Cidades do O Povo há 10 anos, com mais de 15 anos de experiência na editoria de Cotidiano/Cidades nos cargos de repórter e editora. Pós-graduada em assessoria de comunicação, estudante de Pedagogia e interessadíssima em temas relacionados a políticas públicas. Uma mulher de 40 anos que teve a experiência de viver em Londres por dois anos, se tornou mãe do Léo (8) e do Cadu (5), e segue apaixonada por praia e pelas descobertas da vida materna e feminina em meio à tanta desigualdade

Sara Oliveira comportamento

61 socos, um elevador, câmeras e muita covardia!

Um homem deu 61 murros no rosto da namorada, dentro de um elevador em Natal (RN). A brutalidade reforçada pelo machismo e pela misoginia presentes na nossa sociedade gerou cenas que chocaram o Brasil, mais uma vez! E mostraram também um modus operandi inerente à covardia da violência contra a mulher
Conheça o ex-jogador de basquete que agrediu ex-namorada com 61 socos dentro de um elevador (Foto: Reprodução/Instagram)
Foto: Reprodução/Instagram Conheça o ex-jogador de basquete que agrediu ex-namorada com 61 socos dentro de um elevador

Foi dentro de um elevador que Igor Eduardo Pereira Cabral, 29 anos, deu 61 socos na cara da sua namorada, em Natal (RN), no sábado, 26 de julho. Nas imagens divulgadas intensamente pela imprensa e através das redes sociais, é possível ver a raiva com que ele, no meio de uma discussão, parte para cima da vítima.

De acordo com informações da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher em Natal, o casal estava em um churrasco na piscina do prédio. O crime aconteceu quando eles subiam para o apartamento da vítima e a mesma se recusou a sair do elevador, ação que depois foi justificada: ela já temia uma agressão e optou por ficar onde havia câmeras.

Mas a vigilância não inibiu o criminoso. A brutalidade reforçada pelo machismo e pela misoginia presentes na nossa sociedade gerou cenas que chocaram o Brasil, mais uma vez! E mostraram também um modus operandi inerente à covardia da violência contra a mulher.

Uma sequência de cenas que já foi presenciada ou vivida por muitas mulheres: uma discussão entre casal, crises de ciúmes e desentendimentos em público, onde muitas vezes é mantida certa aparência social. Todos notam, mas ninguém se intromete.

No primeiro local reservado, sem olhares alheios diretos, seja carro, elevador ou casa, o agressor se sente à vontade para bater. Puxões de cabelo, arrastões, chutes, além das violências psicológicas, das ameaças, do medo

As imagens vistas nos últimos dias foram gravadas porque, atualmente, a presença de câmeras é algo comum. Lembro do caso cearense em que o DJ Ivis Araújo foi flagrado dando tapas e chutes em sua esposa, na frente da filha do casal. O equipamento de vigilância estava instalado na sala da casa.

Porém, a grande maioria das agressões sofridas por mulheres é velada, escondida, não denunciada. Em 64% dos casos de feminicídios, as mortes acontecem dentro da própria residência da vítima.

Os números, mesmo extremamente subnotificados, já assustam: 25.779 vítimas pela Lei Maria da Penha em 2024 no Ceará, 12.535 até junho de 2025; 2.044 crimes sexuais ano passado, 955 neste ano. Total de feminicídios registrado é de 24, sendo 11 só em junho. Número ainda longe de refletir a realidade, já que o Estado ainda não tipifica a morte de mulheres como os protocolos exigem.

Em depoimento à Polícia, Igor disse que teve uma crise claustrofóbica, que a vítima não quis abrir a porta do apartamento para que ele retirasse seus pertences e que ela ainda rasgou sua camisa. Diversas justificativas, também já conhecidas.

“Na hora, eu surtei”, “Ela me provocou”, “Eu não sou assim”, “Quem me conhece sabe”. Frases que tentam dissimular crimes e apelam para a impunidade em um País que precisa, cada vez mais, prevenir, tipificar e punir a violência sofrida por mulheres. Que a tentativa de feminicídio ocorrida em Natal não seja só mais um caso a ser noticiado, esquecido e impune.

Homem é preso após agredir namorada com 60 socos no rosto dentro de elevador em Natal

Foto do Sara Oliveira

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