Tânia Alves é formada em jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Começou no O PCeará e Política. Foi ombudsman do ornal por três mandatos (2015, 2016 e 2017). Atualmente, é coordenadora de Jornalismo..
Tânia Alves é formada em jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Começou no O PCeará e Política. Foi ombudsman do ornal por três mandatos (2015, 2016 e 2017). Atualmente, é coordenadora de Jornalismo..
Imaginei uma campanha diferente neste ano de pandemia e de eleições municipais. Seria um período de reinvenção do modo de fazer política. Teria maneira diversa de apresentar os projetos e de conquistar os eleitores. Em julho de 2020, quando o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, anunciou o adiamento das eleições em um mês - de outubro para novembro - acreditava que a campanha seria com pouca rua, sem aperto de mão, sem visitas às comunidades, sem o tradicional tapinha nas contas e com dispensa do cafezinho servido na garrafa e bebido na sala. Seria também sem os santinhos passando de mão em mão e, especialmente, sem aglomeração.
As convenções chegaram e minha expectativa caiu por terra. Um pouco antes desse período, já era bem nítido que não teria como segurar a animação da eleição municipal. Antes dos últimos acordos serem fechados para as alianças, os encontros entre correligionários já eram comum em praticamente todo o Ceará. A cada apoio de um lado ou do outro, com raras exceções, havia euforia e comemoração. Esta última é quase impossível sem aglomeração.
As convenções, porém, selaram a narrativa: “A chegada da política acabou com a pandemia”. A afirmativa, dita e escrita em forma de crítica nas redes, se mostrou bem verdadeira. Passeatas, carreatas/motocicletas, grandes reuniões em ginásios lotados e abraços estão presentes na campanha como nunca. Foram realizadas pelo Interior (e por Fortaleza também) como se o vírus, de repente, tivesse sumido. As pessoas estão com saudades de extravasar e as campanhas políticas, de certa forma, são propícias para isso.
A diferença para outras épocas são as poucas máscaras que aparecem por aqui e por ali. É como se a necessidade de torcer, de se movimentar, de se alegrar e comemorar fosse maior que um vírus invisível, traiçoeiro, que ainda não foi embora. O medo da pandemia desaparece diante de anos e anos em que a política movimenta o cenário cotidiano das cidades, com muita adrenalina inserida nesse jogo para ganhar ou perder.
A força do pertencimento, de se reconhecer no candidato, de querer se integrar – seja por qual motivo for - é mais forte do que a necessidade de se cuidar. Por isso, a cena comum que se espalhou por quase todos os cantos. Além disso, lá de Brasília, vem a ordem de que ‘forte’ é quem enfrenta as ruas. Não. Hoje em dia, forte é quem tenta manter as regras de segurança sanitária, de distanciamento e continua firme cuidando de si e dos outros.
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