Tânia Alves é formada em jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Começou no O PCeará e Política. Foi ombudsman do ornal por três mandatos (2015, 2016 e 2017). Atualmente, é coordenadora de Jornalismo..
Tânia Alves é formada em jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Começou no O PCeará e Política. Foi ombudsman do ornal por três mandatos (2015, 2016 e 2017). Atualmente, é coordenadora de Jornalismo..
É estranho estar no mundo neste momento. Você sente que ele será outro depois daqui. Sabe que estará nos livros de história e imagina como este tempo será retratado: um universo que não teve solidariedade suficiente para vacinar todos contra a Covid-19; onde os ricos pegaram seu pirão primeiro deixando os pobres à mercê do vírus. Isso estava debaixo de nossos olhos e a gente deixou para lá.
Talvez, no futuro, alguém pense: como eles puderam fazer isso? Deixar os vulneráveis para o final da fila? Sem vacina para todos, é lógico que existirá a mutação e o coronavírus tentará ficar mais poderoso. A variante Ômicron está ai para nos mostrar isso. Os cientistas mais iluminados já tinham avisado da previsibilidade deste fenômeno. Acredito que estes pesquisadores vieram neste tempo para isso: tentar manter o equilíbrio da consciência quando a gente tenta escamotear.
Ao mesmo tempo, busco compreender a razão de as pessoas estarem querendo escapar deste tempo, de si, dos outros, dos problemas. Não à toa, entre os termos mais buscados no Google, este ano, na lista do “Como ser”, o campeão foi “Como ser uma pessoa fria”. Imagino aqui que ser fria é não se deixar envolver pelo sofrimento, pelo mal-estar da pandemia que mudou tudo.
Causa dor ver tantas pessoas indo embora de nossa convivência, o desemprego, a pobreza que voltou forte. Estamos com saudade de coisas corriqueiras como o abraço, os beijos, participar da catarse das músicas cantadas em coral durante os shows ao vivo, ou da dança desengonçada após a bebedeira. Coisas simples. Por isso, muitos se esbaldam em comemoração de aniversário, ou se animam lendo e vendo as festas dos outros nas redes sociais. A Farofa da Gkay é um exemplo.
Não quero julgar, hoje em dia, quem procura a alienação da frieza de espírito; quem deixa de ouvir o noticiário ou tenta escapulir de si mesmo na peleja pelo refúgio na fé individual. É bem fácil fazer isso. Traz paz momentânea. Mas temos que ficar atentos aos outros, às suas dores. Ficar junto deles, mesmo que seja uma gota de alívio, na utopia de uma vivência de compaixão. Mesmo que seja só um aprendizado para saber mais sobre as emoções. Isto é só o começo para sermos menos frio.
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