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As diversas sensações do tempo
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Tânia Alves é formada em jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Começou no O PCeará e Política. Foi ombudsman do ornal por três mandatos (2015, 2016 e 2017). Atualmente, é coordenadora de Jornalismo..

As diversas sensações do tempo

Tendemos a achar que os bons momentos passam rápido e que os maus se arrastam. Mesmo que os minutos, os dias e as horas sejam as mesmas
Sonhar com um ‘tempo’ melhor é um bom sentimento (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Sonhar com um ‘tempo’ melhor é um bom sentimento

Teimei em escrever sobre tempo. Não sobre a falta dele na correria do dia a dia, mas sobre como a percepção sobre ele pode vir de sensações diversas. Fiquei procurando por uma definição do que poderia ser a relação entre o passado, o presente e o futuro, mas foi o homem quem criou para tentar ser o condutor de seu destino.

Eu posso contar sobre meu passado, a partir do tempo. De como nasci, como foi viver a infância, adolescência. De como estou hoje e de como fui na juventude. Mas ele pode parecer que passou ligeiro ou foi demorado demais. Tendemos a achar que os bons momentos passam rápido e que os maus se arrastam. Mesmo que os minutos, os dias e as horas sejam as mesmas. Mas isso também é uma convenção.

A sensação que tinha na infância é que a diferença de idade de 10 anos para meu irmão mais velho me parecia inconciliável, mas agora essa década não tem muita discrepância. Temos praticamente as mesmas rugas, as pernas já estão cansando e o corpo acumula experiências trazidas pelos anos.

Quando eu tinha 10 anos e ele 20, éramos completamente diferentes. Eu ainda criança e ele já namorando, ele indo para festas e eu brincando de bonecas de pano que papai comprava na feira de sábado.

Para mim, que sonhava entrar com ele nas festas, o desejo era apressar o tempo; ele, talvez, quisesse reter o momento para poder ficar um pouquinho mais dançando com o corpo colado ao da namorada.

Em algum momento da vida, o mundo nos igualou. A gente nem percebeu quando.

Nessa ideia de tempo, agora nem consigo saber quando viramos adultos. Será que foi quando saímos de nossa cidade, como tantos outros, para morar na Capital? Quando ganhamos o primeiro salário? Quando começamos a perder nossos parentes mais queridos? Ou quando nos tornamos pai e mãe? Ou ainda quando ele se tornou avô e eu descobri que meu filho era atípico e que essa diferença era para a vida inteira?

A passagem, o entendimento sobre nossas existências foram diferentes. Mas cá estamos nós nesse tempo de agora que é nosso, pois a versão de dizer "no meu tempo era assim", não existe. O "meu tempo", como as pessoas se referem, é o que a gente está vivendo agora. Não existe o tempo do passado que enxergamos como melhor; nem do futuro que teimamos em querer administrar. Tudo faz parte de nossa imperfeição momentânea. Vale, porém, dizer que sonhar com um "tempo" melhor é um bom sentimento.

 

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