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Mães denunciam filas e atendimento precário no Programa de Alergia ao Leite de Vaca
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Vertical é a coluna de notas e informações exclusivas do O POVO sobre Política, Economia e Cidades. É editada pelo jornalista Carlos Mazza

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Mães denunciam filas e atendimento precário no Programa de Alergia ao Leite de Vaca

O hospital infantil é centro de referência do Programa de Alergia ao Leite de Vaca do Estado do Ceará, mas possui longas filas de espera, segundo relatos
FORTALEZA, CE, BRASIL, 20-05-2015: Mães, com os filhos na espera para serem atendidas. Defensores Públicos, fazem visita ao Hospital Infantil Albert Sabin, no bairro Vila União, onde constataram super-lotação e falta de médicos. (Foto: Mauri Melo/O POVO). (Foto: MAURI MELO)
Foto: MAURI MELO FORTALEZA, CE, BRASIL, 20-05-2015: Mães, com os filhos na espera para serem atendidas. Defensores Públicos, fazem visita ao Hospital Infantil Albert Sabin, no bairro Vila União, onde constataram super-lotação e falta de médicos. (Foto: Mauri Melo/O POVO).

Mães e familiares denunciam problemas de atendimento no Programa de Alergia à Proteína do Leite de Vaca do Governo Estadual do Ceará. Conforme fontes ouvidas pela Vertical, pacientes relatam demora de mais de e seis horas para consulta médica, além do recebimento de quantidades insuficientes de latas de fórmulas especializadas para os portadores da APLV.

No Estado, existem três centros de serviços médicos para crianças com APLV: o Núcleo de Atendimento Médico Integrado (Nami-Unifor), o Hospital Infantil Albert Sabin (Hias/Sesa) e o Centro de Especialidades do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias). O recebimento das fórmulas, por sua vez, ocorre exclusivamente no Centro de Especialidades do Hias.

Atualmente, cerca de 536 crianças aguardam a contemplação pelo programa, informou o deputado estadual Renato Roseno (PSOL), que levou o caso para tribuna. O perfil dos pacientes são crianças de zero a dois, necessitando de diagnóstico comprobatório.

Carla Wanessa Gomes, mãe de um bebê de cinco meses atendida pela iniciativa, classificou como “absurdo” o tempo médio de espera para conseguir vaga, cerca de 90 dias. “A situação é bem pior, tínhamos visto uma reportagem pouco antes sobre a demora da fila de espera, e a realidade é que existem crianças na fila desde novembro, dezembro de 2024. E como já falado pela própria SESA, são 536 crianças aproximadamente na fila”, afirma.

“É algo devastador de se ouvir quando você precisa de uma solução para ontem, pois, a fórmula é o único alimento do bebê até seis meses e o principal no primeiro ano de vida”, explica a mãe. “Eu não poderia contar com doações e nem custear o leite, foi então que decidi procurar uma associação para orientação, fui prontamente recebida e acolhida”, completa.

A mãe ainda denuncia a falta de médicos no Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), com apenas três profissionais para atender 10 crianças cada. “Isso torna todo processo demorado demais e extremamente cansativo para as crianças e seus respectivos responsáveis, chegando a ser desumano”, reitera.

Na última quarta-feira, 21, em tribuna na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), o deputado Renato Roseno (PSOL) afirmou estar acompanhando o caso e fez apelo ao governador Elmano de Freitas (PT) para mais investimentos no Programa. Segundo o parlamentar, é necessário o aporte de R$ 10 milhões “para ampliar e zerar essa fila”.

Em discurso, Roseno diz: “essas crianças precisam de atenção primária em saúde, atenção especializada e acesso a terapias, inclusive, fórmulas que não são baratas”. “A criança que fica semanas sem acesso à proteína, ela não ganha peso, ela corre sério risco de desnutrição, se ela tiver acesso a alimentos que não são adequados ela vai ter doenças, diarreias, inclusive, muitas são internadas”, completa.

“Nós vamos fazer uma um diálogo com a direção do Sabin, mas a questão não é nem não é ausência de conhecimento. Os médicos sabem o que devem fazer, mas mais do que isso é necessário recurso da ordem de R$ 10 milhões para ampliar e zerar essa fila das alergias e à proteína do leite de vaca e dentre outras alergias”, finaliza.

A presidente da Associação de Familiares e Amigos de Crianças com Alergias e Intolerâncias Alimentares (AFAC), Aline Saraiva, informou que a organização entrará com ação civil pública pelos casos. Além da ação, existe um inquérito aberto desde 2023 pelo Ministério Público sobre as respectivas irregularidades do programa APLV-Ce.

Outro lado

Em nota, o Hospital Infantil Albert Sabin informou: “O APLV atende cerca de 3.400 pessoas no Estado - 60% delas residem em Fortaleza. A distribuição das fórmulas para pacientes cadastrados segue normalmente, a cada 31 dias, e as reavaliações são feitas a cada três ou seis meses. A primeira consulta é agendada pela Central de Regulação, após encaminhamento de postos de saúde para residentes da capital, ou pelas secretarias municipais de saúde no caso do interior”.

Sobre o tempo de espera, a unidade explica a regra de apenas um acompanhante por paciente para evitar lotação. “Pacientes com necessidades especiais podem entrar com mais de um acompanhante. Os demais precisam aguardar em um espaço reservado na área externa, para evitar lotação e desconforto dos pacientes”, diz.

Quanto ao recebimento das fórmulas, o hospital enfatiza a normalidade na conduta, respeitando o diagnóstico de cada criança. “Cada paciente atendido no Programa de Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) recebe o número de latas conforme a necessidade individual, após avaliação clínica. Esta, vale ressaltar, além da condição clínica, leva em consideração peso, idade, altura, alimentação e tempo de avaliação periódica. Em 2024, foram distribuídas 43.124 fórmulas e, até abril de 2025, já foram distribuídas 13.244 fórmulas”, complementa.

com Camila Maia - Especial para O POVO

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