Monólitos Wars: o game cearense que mistura metroidvania, aliens e a história do Açude Cedro
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Wanderson Trindade é coordenador da Central de Dados e repórter do O POVO+, com uma paixão declarada por contar as histórias de quem faz a indústria dos jogos eletrônicos acontecer. Especializado na cobertura do universo dos games no Ceará, no Brasil e no mundo, acompanha de perto tanto o cenário competitivo quanto o desenvolvimento de jogos. Autodescrição: Homem pardo de cabelos ondulados, Wanderson aparece na foto usando óculos e fones de ouvido, com um sorriso no rosto que traduz sua energia e entusiasmo pelo tema.
Monólitos Wars: o game cearense que mistura metroidvania, aliens e a história do Açude Cedro
Projeto criado por Littbarski Santos leva elementos do sertão de Quixadá para dentro do universo dos games, unindo aventura e educação em uma experiência retrô cheia de identidade regional. O game está disponível para Android por meio da Google Play
Foto: Monólitos Wars / Reprodução
Projeto criado por Littbarski Santos leva elementos do sertão de Quixadá para dentro do universo dos games, unindo aventura e educação em uma experiência retrô cheia de identidade regional
Um alienígena surge entre os monólitos do Sertão e ameaça apagar da memória coletiva a história do primeiro grande açude público do Brasil. A única esperança está nas suas mãos, que, ao estilo clássico dos anos 1990, precisa explorar, vencer chefes e desvendar caminhos escondidos enquanto aprende sobre o legado do Açude Cedro, em Quixadá, no Ceará.
Essa é a proposta de Monólitos Wars, game que busca transformar elementos históricos e culturais do interior cearense em uma jornada interativa de descoberta e valorização regional.
A ideia de ambientar o jogo no Cedro nasceu em 2017, ainda na época do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Littbarski Santos na Unicatólica. Apaixonado por criação de games e graduando em Sistemas de Informação, ele buscava unir sua formação acadêmica à vocação pessoal.
"Fiz uma pesquisa inspiradora sobre jogos na aprendizagem, serious games, e construí um projeto com a finalidade de perpetuar a cultura e a história da construção do Cedro. Isso em uma época em que mal se falava em gamficação nas escolas", relembra.
Foto: Arquivo pessoal
Monólitos Wars foi desenvolvido por Littbarski Santos (à direita), contando com produção cultural de Cícero Freitas
Os desafios, porém, começaram cedo, desde a dificuldade de acesso a documentos históricos, passando pela escolha do gênero do jogo até a produção visual. A proposta era ousada: fugir dos modelos comuns de jogos educativos como quizzes ou jogos da memória e apostar em um metroidvania, gênero conhecido por exigir atenção, exploração e progressão em mapas complexos.
"Programar foi a parte fácil. Difícil mesmo foi aprender pixel art, porque eu não sou desenhista. Mas me esforcei para representar visualmente o Cedro, e o retorno foi incrível. Quem conhece o lugar reconhece de imediato no jogo", explica Littbarski.
A proposta educacional está integrada à jogabilidade: a cada fase superada, textos sobre o processo de construção do açude são revelados. Eles são coletados ao longo da aventura e se tornam essenciais na reta final do jogo, quando o jogador enfrenta um chefe alienígena que faz perguntas sobre a história do Cedro. Acertar pode ser a chave para a vitória. Mas errar pode representar uma sentença difícil de encarar.
Transformar um patrimônio como o Açude Cedro em cenário interativo foi, segundo Littbarski, um processo de emoção e descoberta. “Ver os pixels moldando o que faz parte do nosso dia a dia, da nossa história, foi algo incrível. Era como gravar nossa identidade em uma nova linguagem.”
Para ele, iniciativas como o Monólitos Wars ajudam a registrar a memória coletiva em suportes modernos, como jogos eletrônicos, experiências imersivas e mídias digitais. "Assim como na época das cavernas a história era gravada em pedras, hoje ela pode ser gravada em bits", completa.
Com uma trajetória que inclui atuação como designer gráfico, professor de programação, robótica e criação de jogos, Littbarski se define como filho de Quixadá, mas que passou parte da infância e juventude em São Paulo.
Foto: Monólitos Wars / Reprodução
A proposta educacional do jogo está integrada à jogabilidade: a cada fase superada, textos sobre o processo de construção do açude são revelados
Foi esse distanciamento da cidade natal, inclusive, que despertou a inquietação sobre o pouco contato com a própria história local. “Pensei, se eu que sou daqui conheço tão pouco, o que dizer de quem nunca teve acesso? Talvez falte um meio que desperte o interesse. Foi aí que pensei que posso ajudar nisso.”
Ao seu lado, o historiador e advogado Cícero Freitas se incorporou ao projeto como produtor cultural, ajudando a promover o game e a dar visibilidade à proposta nos últimos anos.
Agora, com mais de seis anos de desenvolvimento e refinamento, Monólitos Wars se prepara para uma nova etapa. “O projeto sempre teve como propósito reunir histórias sobre o patrimônio do Nordeste. As possibilidades são infinitas. Podemos criar novas fases, novos cenários e expandir para outras cidades. E por que não para todo o Nordeste?”, projeta Littbarski, confiante de que o game ainda tem muitas aventuras a explorar.
O game está disponível para Android por meio da Google Play, clicando aqui.
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