As cearenses que estão revolucionando o desenvolvimento de games
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Wanderson Trindade é repórter do O POVO+ e player1 do UP Gamer+, programa de entrevistas durante partidas de jogos eletrônicos. Por aqui, escreve um pouco de tudo sobre o universo gamer no Ceará, no Brasil e no mundo, além de trazer informações do cenário competitivo, com foco no FPS.
As cearenses que estão revolucionando o desenvolvimento de games
Com um cenário em crescimento, o Ceará se destaca como polo de inovação na indústria de games. Entre os principais agentes dessa transformação, estão mulheres que, com talento e determinação, estão ocupando espaços antes dominados por homens. Conheça cinco profissionais que estão criando e revolucionando o universo dos jogos digitais no Estado
Foto: Arquivo pessoal
Gabriele Hensley, Renata Barros, Lia Godoy, Loana Russo e Rayanne Reveg são algumas das mulheres que estão revolucionando a indústria de desenvolvimento de games do Ceará
As mulheres têm desempenhado um papel fundamental no crescimento da indústria de jogos no Brasil, ocupando espaços e trazendo novas perspectivas para o desenvolvimento de narrativas e mecânicas interativas. No Ceará, esse movimento se destaca com profissionais que transformam criatividade em inovação, consolidando o Estado como um dos polos emergentes do setor.
O Nordeste já é a terceira maior região em desenvolvimento de games no País, atrás apenas do Sudeste e do Sul, segundo a Pesquisa da Indústria Brasileira de Games de 2022. Dentro desse cenário, o Ceará se projeta com talentos que vão além da programação e do design, explorando a identidade cultural e ampliando o alcance dos jogos como ferramenta de entretenimento e reflexão.
Lia Godoy, Gabriele Hensley, Rayanne Reveg, Renata Barros e Loana Russo são exemplos dessa força criativa. Suas trajetórias revelam a pluralidade do desenvolvimento de games no Estado, indo de projetos independentes a iniciativas premiadas nacional e internacionalmente.
Com diferentes abordagens e estilos, elas não apenas moldam o presente da indústria, como também pavimentam caminhos para que mais mulheres possam ingressar nesse universo. Conheça suas histórias!
Lia Godoy: Da pandemia ao protagonismo na narrativa de games
> Lia Godoy iniciou sua trajetória no universo dos jogos digitais em 2020, durante a pandemia de Covid-19, já próxima dos 30 anos. O ingresso tardio na área, porém, não a impediu de consolidar sua paixão pelo desenvolvimento de games, acumulando experiência em projetos diversos e participações em game jams.
Foto: Arquivo pessoal
Lia Godoy é estudante de Jogos Digitais na Universidade Cruzeiro do Sul
Estudante de Jogos Digitais na Universidade Cruzeiro do Sul, foi finalista da "Ctrl Alt Jam 2ª edição" com "Rumo", um jogo narrativo que destacou sua habilidade em storytelling interativo. Mais recentemente, Lia atuou como designer de narrativa em "Shroomtopia", um jogo de puzzle que integrou o Panorama Brasil na "Gamescom Latam 2024", reforçando sua presença no cenário nacional.
Além do trabalho autoral, ela colabora com o Instituto Bojoga de Inovação, participando de iniciativas como a "Ludorama Jam", voltada para adolescentes e jovens adultos interessados no mercado de games.
Sobre a presença feminina no setor, Lia destaca a necessidade de ocupação ativa de espaços:
“Nossa indústria está mudando todos os dias, no entanto, nós mulheres ainda estamos à margem dela, assim como estamos à margem de diversas outras áreas de conhecimento. Vendo outras profissionais que vieram antes de mim, o que aprendo é: devemos criar nosso próprio caminho. Se não há espaço para nós, nós criaremos o espaço, nós seremos o espaço, até o dia em que tenhamos ocupado todos os espaços que queremos.”
Gabriele Hensley: Criando mundos além do convencional
Foto: Arquivo pessoal
Gabriele Hensley tem 24 anos e é desenvolvedora de g'ames independente
> Aos 24 anos, Gabriele Hensley se consolidou como desenvolvedora independente de jogos, trilhando um caminho marcado pela autenticidade e pela busca por projetos alternativos. Seu trabalho se destaca pela construção de universos profundos e pela exploração de temas pouco convencionais, utilizando a criatividade como ferramenta para questionar e ampliar as possibilidades narrativas dentro dos games.
Atualmente, Gabriele desenvolve "Astercys", um jogo independente ainda em fase de produção. A proposta traz um aprendiz de feiticeiro adolescente que adquire o poder de viajar entre dimensões e pelo tempo, abrindo espaço para uma variedade de histórias, algumas leves e divertidas, outras mais impactantes.
Enquanto trabalha na narrativa do jogo, ela disponibilizou neste link um protótipo que apresenta apenas a jogabilidade e a estética do projeto, antecipando parte do que o público poderá experimentar no futuro.
Com uma abordagem que prioriza a personalidade e a experimentação, Gabriele segue expandindo os limites da criação, explorando temas e perspectivas que fogem do comum no universo dos games.
Rayanne Reveg: Jogos como cultura, educação e representação global
> Com experiência em desenvolvimento de jogos, produção cultural e representação internacional, Rayanne Reveg consolidou seu espaço na indústria por meio de projetos que unem inovação e impacto social. Formada em Jogos Digitais e pós-graduada em Comunicação e Semiótica, ela iniciou sua trajetória acadêmica conquistando prêmios como "Melhor Jogo Estudantil" e "Escolha do público" na Feira do Conhecimento, no Ceará, além de ter sido finalista da "Game Jam Plus" no Rio de Janeiro, em 2019.
Foto: Arquivo pessoal
Rayanne Reveg é cearense e game business developer
Ao longo da carreira, liderou iniciativas que destacam a importância dos games como ferramenta educacional e turística. Entre seus projetos está “Pontos Culturais: Um jogo sobre Fortaleza”, que recebeu financiamento da Secretaria de Cultura do Ceará, sendo reconhecido pelo "Prêmio Erê de Design e Infâncias" e chegando à final do "Desafio Brasil Tá Pra Game", promovido pela Embratur.
A atuação internacional de Rayanne também a levou a representar o Brasil na "Global Top Round Conference 2022", na Suécia, onde o projeto Magicards ficou entre os dez melhores do mundo, sendo o único da América Latina a alcançar essa posição naquele ano. Em 2024, mais uma vez levou um jogo brasileiro ao cenário global, sendo finalista da "Pitch Competition Gamescom Asia", em Singapura, com o único projeto das Américas na disputa.
Sobre a presença feminina na indústria, Rayanne destaca os desafios enfrentados, mas incentiva novas desenvolvedoras a persistirem:
"A indústria de desenvolvimento de jogos já é considerada desafiadora; para nós mulheres entrar nesse meio pode significar que estaremos ingressando em uma jornada com um grau de dificuldade um pouco maior. Afinal, podemos nos deparar com pessoas que questionarão nosso entendimento da área e habilidades gerais, apenas por sermos mulheres. Apesar de tais obstáculos, se você compartilha do mesmo sonho de desenvolver jogos, não tenha medo e nem se desanime!
Nossa indústria precisa de mais perspectivas e talentos divergentes; busque se conectar com outras profissionais, continue aprimorando seu conhecimento e desenvolvendo experiências únicas. Tenha certeza que você encontrará um espaço para ser conquistado!”
Renata Barros: Da pesquisa à criação, ampliando espaços nos games
Foto: Arquivo pessoal
Renata Barros é graduada em Jogos Digitais pelo Centro Universitário Estácio
> Renata Barros construiu sua trajetória nos jogos digitais transitando entre pesquisa, desenvolvimento e ensino. Graduada pelo Centro Universitário Estácio, atuou como designer de interfaces no Studio Action 5 e cofundou o Coletivo Flower Bots, onde impulsiona projetos com forte identidade cultural. Em 2023 e 2024, participou da "Game Jam Plus Global" com os jogos Amana e CATs'Solary, ambos premiados no evento.
A relação entre jogos e cultura também se destacou em sua pesquisa no Laboratório de Cultura Digital do Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ), onde investigou a cultura indígena Tabajara. A experiência acadêmica evoluiu para o ensino, e Renata hoje atua como docente no CCBJ, incentivando a formação de novas desenvolvedoras.
Entre seus trabalhos mais recentes, está “Isa e o Cocó Encantado”, jogo desenvolvido pelo Coletivo Flower Bots e inspirado nas trilhas do Parque Estadual do Cocó, em Fortaleza. O game para dispositivos Android mescla aventura, puzzles e combate em um cenário 2D mágico, trazendo elementos da cultura nordestina.
Na história, Isa enfrenta desafios para realizar o sonho de sua mãe, Judite, de se tornar médica, enquanto lida com ameaças à floresta. Além da jogabilidade, o game aborda temas como família, determinação e preservação ambiental. Atualmente, “Isa e o Cocó Encantado” passa por testes para ser disponibilizado na Google Play.
Loana Russo: Liderança, empreendedorismo e paixão por criar mundos
> Loana Russo é um exemplo de perseverança e inovação no universo dos jogos digitais. Formada em Sistemas e Mídias Digitais pela Universidade Federal do Ceará (UFC), ela não só conquistou seu espaço como desenvolvedora, como também se tornou uma líder de destaque no cenário cearense, atuando como presidente da Associação Cearense de Desenvolvedores de Jogos (Ascende Jogos).
Foto: Arquivo pessoal
Loana Russo é formada em Sistemas e Mídias Digitais pela Universidade Federal do Ceará (UFC)
Sua trajetória na indústria começou ainda na faculdade, quando, influenciada por amigos, descobriu sua paixão pela criação de jogos e transformou esse interesse em uma carreira de sucesso. Com um MBA em Gestão de Empresas pela Universidade de Fortaleza (Unifor), Loana continua a se aprimorar para lidar com os desafios de liderar sua própria empresa, a Red Twig Game Studio.
Ao longo dos anos, ela se envolveu em projetos diversos, mas o que mais a orgulha é a fundação de seu próprio estúdio, a Red Twig Game Studio, que se dedica ao desenvolvimento e co-desenvolvimento de jogos. Em sua jornada, Loana aprendeu a importância da colaboração e do processo criativo coletivo, encontrando na criação de jogos uma forma única de expressar ideias, contar histórias e criar experiências inesquecíveis.
Ela também tem sido uma defensora ativa do crescimento da indústria de games no Ceará, incentivando o surgimento de novos talentos e a inclusão de mais mulheres nesse espaço. Loana compartilha que, apesar das dificuldades que enfrentou, cada conquista, por menor que fosse, sempre valeu a pena. Por isso, às mulheres que sonham em ingressar no universo dos games, ela enfatiza:
"Não desistam. Eu já passei por muitos desafios, já tive minha capacidade questionada, mas também conheci pessoas incríveis que me deram força nessa jornada. São profissionais que admiro muito e que me inspiraram a continuar. Nem sempre é fácil, mas cada dia é uma nova conquista. E quero lembrar algo importante: você não precisa ser gamer para trabalhar com jogos — eu mesma não sou jogadora assídua.
O que você precisa é amar a ideia de fazer parte da vida de alguém, de criar experiências que toquem pessoas, que as façam rir, chorar, refletir ou simplesmente se divertir. Fazer jogos não é só ‘fazer joguinho’ — é criar mundos, contar histórias, transmitir emoções e proporcionar experiências que nenhuma outra mídia consegue.”
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