Relatos que constam no inquérito policial (IP) que apura a morte de Mizael Fernandes da Silva Lima indicam a possibilidade de que policiais tenham lavado o local em que o garoto de 13 anos foi morto. Testemunhas afirmaram terem visto os PMs que participaram da ação que vitimou Mizael levando objetos semelhantes a garrafas ou borrifador, que conteria uma substância. Reagente ainda indicou sangue em pia de banheiro
O POVO já havia noticiado que familiares afirmaram que os policiais levaram objetos da cama, como edredom e travesseiro. Conforme o relato, após um PM ter atirado em Mizael, a família foi colocada pelos agentes a uma distância de 500 metros da residência. Porém, foi visto que eles buscaram objetos em viaturas e ficaram sós na casa, apontam relatos no IP. Um dos depoimentos afirma que foi levado uma garrafa e "outras coisas". Outro conta que os PMs levaram flanelas, luvas e algo parecido a um borrifador, com alguma substância. Um terceiro disse que os PMs levaram "algo" para a casa, tendo demorado "mais tempo" lá.
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Em relatório de missão, os policiais da Delegacia de Assuntos Internos (DAI) identificaram que a porta do banheiro da casa possuía "leve coloração rosada", suspeitando de que tenha sido suja de sangue e, depois, lavada. Laudo pericial relata que o reagente luminol indicou haver sangue na porta e na pia do banheiro, assim como nos pisos de quarto e sala. Porém, consta no laudo não ter havido detecção de hemoglobina humana, o que pode significar que ou não há sangue humano no local, ou que há em quantidade inferior ao limite de detecção. "Exposição das superfícies a fatores químicos, físicos e/ou biológicos poderá ocasionar a degradação das amostras, podendo assim comprometer os resultados obtidos nas análises laboratoriais". O material foi recolhido para ser comparado com o de parente de Mizael, a fim de identificar se o sangue era dele.
Conforme o relato dos PMs, ainda na delegacia de Eusébio, para onde o caso foi levado inicialmente, dois disparos de fuzil foram efetuados contra Mizael, cada um efetuado por um PM. Eles constaram que um dos tiros atingiu o peito do garoto. A ação ocorreu após informe do Serviço Reservado apontar que um suspeito de vários crimes se escondia em uma casa. Eles dizem, porém,que a identidade do suspeito não foi informada, apenas foi descrito o muro da casa.Os tiros se deram, relataram o sargento e o soldado envolvidos na ocorrência, após entrarem no quarto e terem visto "um homem" portando uma arma. Testemunhas, entre moradores e familiares, porém, contam ter ouvido apenas um disparo. Além disso, os relatos dizem que apenas um PM entrou no quarto. Eles negam que Mizael estivesse armado. PMs de Chorozinho chamados para a ocorrência relataram não ter encontrado cápsulas de arma de fogo.O colchão tinha marca de perfuração.
Testemunhas, entre moradores e familiares, porém, contam ter ouvido apenas um disparo. Além disso, contaram que apenas um PM entrou no quarto. Eles negam que Mizael portasse uma arma. PMs de Chorozinho chamados para a ocorrência relataram não ter encontrado cápsulas de arma de fogo. O colchão tinha marca de perfuração.
Após o disparo, constam relatos no IP de que o policial "alto" que atirou em Mizael teria ficado desesperado, chegando a bater nas viaturas e dizer que "tinha feito merda". Ao se reportar a um PM que aparentava posição de comando, o policial teria ouvido algo semelhante a "limpe a merda que você fez" e "coma o seu BO". Mizael foi levado pelos PMs a um hospital. Um oficial teria deixado o garoto, contou um profissional do hospital. Em prontuário médico, consta, porém, que ele foi trazido pela viatura já em óbito. Os policiais da DAI constaram que o hospital não tem câmeras.