O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) irá contratar uma perícia independente para avaliar responsabilidade por acidente registrado na última sexta-feira, 22, na barragem de Jati, parte da obra de transposição do rio São Francisco na região do Cariri. A partir de hoje, o governo federal irá liberar recurso para auxiliar famílias da área afetada vazamento.
A contratação da perícia foi confirmada pelo coordenador de Obras e Fiscalização do MDR, Tiago Portela. Ele destaca, no entanto, que a questão será tratada apenas após a conclusão de trabalhos de reforço da barragem. Os reparos atrasarão cronograma de obras do Eixo Norte da transposição.
"Ainda é cedo demais para dizer exatamente o que causou o acidente ou a responsabilidade. Nossa prioridade máxima agora é aumentar a segurança da barragem. Estamos, por ordem do ministro (Rogério Marinho), trabalhando com força máxima, mobilizando mais de 200 pessoas e 100 equipamentos", afirma.
"O que podemos afirmar agora, no entanto, é que será contratado um instituto isento, que não tenha relação com o consórcio da obra, para averiguar o que aconteceu. Se foi um problema de execução, se foi um problema de material. Isso será apurado", destaca.
Durante todo o domingo, caminhões do MDR transportaram rochas e materiais de construção até a barragem. A ideia é recompor parte da parede externa que sofreu erosão por conta do jato do vazamento registrado em uma das adutoras da obra. Portela destaca, no entanto, que a barragem não corre risco de rompimento e que evacuações foram feitas apenas preventivamente.
"Mesmo com a obra de reforço ocorrendo bem, achamos melhor não antecipar o retorno e manter a evacuação e a precaução até o prazo de 72 horas anunciado na tarde do sábado pelo ministro", destaca Portela. O prazo termina na tarde de amanhã.
Na tarde de ontem, maior parte dos moradores de áreas de menor risco já haviam retornado para a sede do município. O secretário nacional da Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas, está no município para coordenar suportes às famílias atingidas pela evacuação.
"Nós tínhamos algo em torno de 1.300 e 1.800 pessoas que moravam em áreas que precisavam ser evacuadas, por precaução. Na hora, acabou ocorrendo uma grande comoção e saíram muito mais, cerca de duas mil. A maioria foi para casas de familiares, mas temos 63 pessoas em um hotel de Brejo Santo", explica. Na tarde de ontem, Lucas coordenou reunião com a prefeita de Jati, Maria de Jesus Diniz, para atualizar ações de hospedagem e alimentação das famílias deslocadas.
Situação de Estado de Emergência deve ser decretada em Jati ainda no início desta semana e deve ser reconhecido de imediato pelo Governo Federal. Medida busca garantir que seja possível acionar os cofres da União para destinar verbas e assim amparar as 2 mil pessoas que foram removidas.
Na manhã de hoje, a Defesa Civil atualizará mapa de áreas de risco no entorno da barragem, o que deve facilitar ações da Prefeitura para trazer famílias fora da mancha de volta para a sede do município. Na tarde de ontem, chegou ao município primeira leva de 200 cestas básicas enviadas pelo governo do Estado para as famílias atingidas.
Em 26 de junho, o presidente Jair Bolsonaro esteve no município vizinho de Penaforte para inaugurar uma das barragens da transposição do São Francisco. Até o momento do acidente, no entanto, o trecho de Jati ainda estava em fase de testes. O prazo para a reconstrução do talude da barragem destruído pelo estouro de conduto de concreto na tarde de sexta-feira, 21, continua de três a cinco dias. Talude é a superfície inclinada da parede, que foi afetada pela força da água que escapou no vazamento.
Iniciada em outubro de 2007, a obra da transposição demorou 12 anos para ser concluída, percorrendo gestões Lula (PT), Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro.
Policiamento
Em reunião com moradores e gestores da Prefeitura de Jati, foi anunciado o envio de reforço de policiamento ostensivo para as áreas evacuadas. O tamanho do efetivo não foi especificado.