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Documento apresenta 11 problemas graves de degradação na Bacia do Cocó
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Documento apresenta 11 problemas graves de degradação na Bacia do Cocó

Oito prefeituras da Região Metropolitana de Fortaleza receberão diagnóstico para revitalização da Bacia
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Bacia do Rio Cocó (Foto: luciana pimenta)
Foto: luciana pimenta Bacia do Rio Cocó

Apenas 20% do território da Bacia Hidrográfica do rio Cocó (BHRC) está vegetada e a maior parte dos recursos hídricos está poluída numa extensão de 485 quilômetros quadrados. A informação consta em relatório apresentado pela Arcadis Design & Consultancy Brasil à Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Sema). O diagnóstico, que faz parte da iniciativa Pacto pelo Cocó, foi divulgado ontem, 4, durante encontro virtual com representantes da Sema e de alguns gestores de órgãos públicos dos oito municípios que estão na rota da degradação ambiental.

Depois de dez meses de trabalho com oficinas, idas a campo e a sistematização de de informações sobre a situação da Bacia Hidrográfica do Cocó, a Arcadis Brasil mapeou os problemas e classificou as prioridades para a revitalização do corredor hídrico da Região Metropolitana de Fortaleza.

Segundo metodologia da Arcadis Brasil, foram identificados 11 pontos graves que devem ser incluídos na agenda do Poder Público. São entraves de gestão marcados com o selo de "prioridades super alta, alta e média".

Bruna Bianca Pasquini, coordenadora de projetos da Arcadis Brasil, citou, por exemplo, "a ocupação irregular das Áreas de Preservação Permanente (APP) do rio Cocó e dos afluentes" como uma urgência a ser equacionada pelo governo do Estado e pelas prefeituras mapeadas na bacia em questão.

Rio Cocó é principal recurso d'água da bacia
Rio Cocó é principal recurso d'água da bacia (Foto: JÚLIO CAESAR)

Riachos como Coaçu, Timbó e o Salgado, além do principal recurso d'água da bacia - o Cocó, são rotineiramente degradados. Principalmente, por causa de "lançamentos de resíduos sólidos", em consequência da "falta de planos municipais de saneamento básico" e de uma maior quantidade ou melhor eficiência dos equipamentos do "sistema de coleta e tratamento de esgoto". Notadamente, as Estações de Tratamentos de Efluentes (ETEs).

O diagnóstico da Arcadis Brasil também aponta que o "crescimento de loteamentos nos municípios de Itaitinga, Pacatuba e Eusébio" evidencia o processo de expansão urbana "sobre áreas de vegetação nas proximidades do rio Cocó e riacho Coaçu".

De acordo com Bruna Bianca, nas áreas dos loteamentos há outro indicativo que contribui com a poluição da Bacia do Cocó. Segundo a coordenadora do diagnóstico do Pacto pelo Cocó, fica a cargo dos loteadores a missão de construir e gerir as estações de tratamentos de efluentes (ETEs) que desembocarão nos leitos dos riachos e dos rios. "Por falta de pessoal, a fiscalização é precária", observa.

Em mais de 90 páginas, o documento do Pacto pelo Cocó apresenta um cardápio de propostas para se conter o prejuízo ambiental nos caminhos da bacia do maior rio de Fortaleza. "O Estado e oito prefeituras (Fortaleza, Aquiraz, Pacatuba, Maracanaú, Itaitinga, Guaiúba, Maranguape e Eusébio) irão receber o diagnóstico com as responsabilidades de cada um e como podem traçar uma agenda conjunta para a revitalização", projeta Bruna Bianca.

Na avaliação de Artur Bruno, secretário do Meio Ambiente do Ceará, o Pacto pelo Cocó é um desafio para uma geração. "A bacia vem sendo poluída há décadas, então precisaremos de 15 ou 20 anos para mudar a relação que temos com os rios", projetou o gestor estadual.

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Aterro do Jangurussu continua poluindo o rio

O lixão "desativado" do Aterro Sanitário do Jangurussu, em Fortaleza, ainda é um problema gravíssimo para a Bacia Hidrográfica do rio Cocó. Longe de ser óbvia, o diagnóstico de degradação ambiental apontado pela Arcadis Design & Consultancy Brasil é motivo de vergonha para gestores públicos do Ceará.

O aterro do Jangurussu, projetado inicialmente para operar durante dez anos, recebeu lixo por duas décadas (1978-1998). No período funcionou como o único local para descarte em Fortaleza.

Uma média diária de 3.300 toneladas de lixo, espalhadas numa área de 21,6 hectares, eram despejadas às margens do rio Cocó.

Vinte e dois anos depois da "desativação" do equipamento, o lixão continua derramando chorume no rio.

São também fontes de poluição da Bacia do Cocó, segundo o documento da Arcadis Brasil: despejo de resíduos sólidos da construção civil, extração de granito em Itaitinga (pedreiras) e lançamento de efluentes (in natura) como ocorre, por exemplo, de prédios residenciais para dentro do Parque Estadual do Cocó.

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