No último mês de junho, 214 Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs) foram registrados no Estado — homicídios dolosos, feminicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. Os números — divulgados nesta sexta-feira, 1º, pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) — foram o melhor resultado do Estado desde dezembro de 2019 e representam uma redução foi de 22% na comparação com junho de 2021.
Nenhuma das quatro regiões em que o Estado é dividido pela SSPDS apresentou aumento no número de homicídios. A maior retração ocorreu no Interior Norte, os assassinatos saíram de 62 CVLIs em junho de 2021 para 41 CVLIs em junho deste ano — queda de 33,9%.Já no Interior Sul, a redução foi de 27,5%, passando de 69 para 50 CVLIs. Nos municípios da Região Metropolitana de Fortaleza, a queda foi de 28% — de 62 para 41 CVLIs. Fortaleza, porém, teve o mesmo número de CVLIs que junho de 2021: 69.
Ao todo, os números referentes ao primeiro semestre também apresentam melhora. Nos seis primeiros meses do ano, 1.481 CVLIs foram registrados no Ceará, enquanto, em 2021, esse número havia sido de 1.599 — redução de 7,37%. O Interior Norte e Fortaleza, porém, não acompanham essa a redução. Ao todo, no primeiro semestre, os municípios da Região Norte registraram 340 CVLIs neste ano contra 320 no ano passado (aumento de 6,2%) e a Capital teve 451 contra 446 (aumento de 1,1%).
O secretário Sandro Caron destacou que a retração no número de homicídios no Estado registrada em 2022 é importante porque se dá já em cima de uma redução: o ano de 2021 terminou com 18% menos homicídios na comparação com 2020. Em entrevista ao O POVO, o secretário afirmou que a melhora nos indicadores ocorre após uma "mudança de estratégia" da pasta.
Conforme conta, houve um foco, por parte da Polícia Civil, nas chamadas investigações de segmento, em que equipes são destacadas visando as prisões de suspeitos de homicídios já nos dias subsequentes aos crimes. Além disso, narra o secretário, o objetivo são prisões "qualificadas", mandantes e executores das ações.
Já em relação à Polícia Militar, o secretário conta haver um grande foco na apreensão de armas de fogo ilegais. Caron afirma também que o trabalho geral é guiado pelas manchas criminais, priorizando os locais com maior incidência de homicídios.
Caron reconheceu, entretanto, que algumas regiões não acompanharam a redução. Ele chegou a afirmar que "toda a nossa prioridade hoje" é a Área Integrada de Segurança (AIS) 3, onde ficam os bairros da região da Grande Messejana. Os dados de junho por AIS ainda não foram divulgados, mas, até maio, a região havia registrado 85 homicídios, 32 a mais que a segunda região com mais homicídios na Capital, a AIS 7, que engloba 14 bairros, entre eles, a Sapiranga. Caron também disse que a AIS 7 é prioridade. Maracanaú, na Grande Fortaleza, também apresentou aumento de homicídios e também receberá trabalho focado.
Sobre os próximos passos da SSPDS, o secretário mencionou a criação do Comando da Polícia Militar para Prevenção e Apoio às Comunidades (Copac), na última quarta-feira, 29, como uma das ações voltadas ao fortalecimento do policiamento preventivo, especialmente, nas áreas mais críticas das manchas criminais. "Nós já tínhamos uma repressão qualificada, agora, vamos ter uma prevenção qualificada".
Além disso, a posse de mais 490 policiais civis, na terça-feira, 28, permitirá o direcionamento de mais agentes para a investigação de homicídios e do crime organizado e para a inteligência da corporação. Só no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o secretário conta que serão mais 100 policiais, praticamente dobrando o efetivo da unidade. Também haverá ingresso de mais 200 profissionais na Perícia Forense neste ano, que proporcionará foco em áreas que impactam diretamente na resolução de homicídios, como na balística.
Roubos
Os números de Crimes Violentos Contra o Patrimônio (CVPs) também foram divulgados ontem e também apresentaram queda. Os roubos caíram 11,6% em junho, saindo de 3.897 para 3.444 casos