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Tragédia em escola de Sobral: tiro foi acidental e vítimas não faziam bullying
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Tragédia em escola de Sobral: tiro foi acidental e vítimas não faziam bullying

| Investigação | Apesar das conclusões, segue sendo investigado como a arma usada na ação foi parar com o adolescente
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JÚLIO César de Souza tinha 15 anos 
e foi morto na escola em Sobral (Foto: Reprodução / Redes sociais)
Foto: Reprodução / Redes sociais JÚLIO César de Souza tinha 15 anos e foi morto na escola em Sobral

A Polícia Civil concluiu que apenas um tiro foi efetuado na ação que deixou um morto e dois feridos, em 5 de outubro, na Escola de Ensino Médio Professora Carmosina Ferreira Gomes, em Sobral (Região Norte). O disparo ocorreu de forma acidental e atingiu alunos que não praticavam bullying contra o estudante. Apesar disso, o adolescente, de fato, havia levado a arma para "coibir, intimidar ou mesmo se defender" de possíveis atos de assédio, afirmou o delegado-geral adjunto da Polícia Civil Márcio Gutiérrez.

Os resultados da investigação foram divulgados ontem em entrevista coletiva. A conclusão foi baseada em diversas diligências, como depoimentos (foram mais de 30, assim como 27 pessoas foram inquiridas) e exames periciais. Conforme Gutiérrez, as investigações mostraram que o jovem, ao manusear a arma de fogo dentro da mochila, acabou efetuando o disparo. O carregador da arma havia sido retirado, mas uma munição estava dentro da câmara da pistola.

"Esse disparo não intencional acabou transfixando a mochila onde estava a arma de fogo, atingiu os dois primeiros adolescentes e, por fim, atingiu o adolescente que acabou sendo a vítima fatal", contou o delegado. "(O adolescente que morreu foi o último a ser atingido pelo tiro. (Ele estava) Sentado. Um (baleado) estava em pé, o outro estava em cima da cadeira e o terceiro, sentado. (O adolescente que atirou) estava sentado com a mochila nas mãos, mexendo nela".

Ainda conforme o delegado, o adolescente já havia mencionado a colegas, meses antes, que possuía uma arma de fogo. Na análise de equipamentos eletrônicos, foi constatado que o jovem já havia feito pesquisas na internet sobre como manusear aquele modelo de pistola.

Como aquela arma foi parar nas mãos do adolescente ainda é investigado. "O adolescente não falou objetivamente como ele teria conseguido a arma. Ele, realmente, foi muito vago nas informações que prestou", disse Gutiérrez. Um segundo inquérito policial está em andamento visando apurar a conduta de Antonio Felipe de Sousa, de 33 anos, CAC (Colecionador, atirador, caçador) proprietário da arma. Ele foi preso em 19 de outubro último por força de mandado de prisão temporária. 

Em nota, os advogados que representam o adolescente que efetuou o disparo dizem corroborar com a conclusão de que o disparo ocorreu de forma acidental. Conforme os advogados Davi Portela Muniz e João Muniz Filho, o disparo ocorreu após o adolescente tentar demonstrar a um amigo o som do acionamento do gatilho. Ele não teria mirado contra os jovens e sequer teria proximidade com eles. As vítimas era de outra turma e só foram até a sala onde a tragédia ocorreu porque lá o sinal de Wifi era melhor, afirmam os advogados. 

"A defesa ainda ressalta que o menor autor do disparo era bom aluno, respeitoso e que nunca se envolveu em qualquer outro ato infracional, sendo apenas um adolescente cheio de curiosidades por novas descobertas e que infelizmente teve acesso a um material bélico perigoso sem qualquer tipo de preparação para manuseá-lo".

Por fim, os advogados ressaltaram que o adolescente, apesar de se negar a dizer como obteve a arma, afirma que não a adquiriu através do pai. Os advogados ainda repudiaram a viralização de uma "enorme ficha criminal" atribuída ao pai do jovem, que, na verdade, não possui antecedentes criminais. Essa foi uma das exposições "irresponsáveis" e "exacerbadas" ocorridas no caso, repudiou a defesa.

A tragédia levou ao óbito de Júlio César de Souza Alves, de 15 anos. O adolescente atingido de raspão foi liberado ainda na mesma manhã, enquanto o outro ferido, baleado na perna, recebeu alta um dia depois, após ser submetido a cirurgia (Com informações de Levi Aguiar/Especial para O POVO).

 

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