O País foi arrebatado ontem pelas notícias vindas da Escola de Ensino Médio Professora Carmosina Ferreira Gomes, localizada em Sobral (Região Norte do Estado, a 234,8 km de Fortaleza). O atentado promovido por um aluno de 15 anos, que deixou três adolescentes feridos, gerou consternação e indignação, além de instigar debates sobre segurança pública, bullying e acesso a armas de fogo.
O caso ocorreu por volta das 10 horas, em uma das salas de aulas da escola, localizada no bairro Sumaré. De acordo com o titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS), Sandro Caron, o estudante levou a arma de fogo para a escola e, durante o intervalo entre as aulas, sacou-a e desferiu disparos contra os colegas. Ele efetuou os tiros ainda com a pistola dentro da mochila, informou o secretário. Tanto as vítimas, quanto o atirador têm 15 anos e cursam a 1ª série do Ensino Médio.
Dois estudantes foram atingidos na região da cabeça — um deles de raspão, tendo já recebido atendimento e sido liberado ainda pela manhã. O outro foi ferido na perna. Ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) encaminharam os jovens à Santa Casa de Misericórdia de Sobral.
O jovem baleado na perna passou por um procedimento cirúrgico e encontrava-se em estado estável até o fechamento desta reportagem. O estado de saúde da terceira vítima, atingida na cabeça, entretanto, é grave e ele, até o fechamento desta página, estava entubado. Exames seriam realizados para confirmar ou não a morte encefálica, divulgou a Santa Casa por meio de assessoria de imprensa.
O adolescente que praticou o atentado foi apreendido pela Polícia Militar logo após o fato. Com ele, os policiais do Comando de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio) apreenderam uma arma de fogo registrada no nome de um CAC (colecionador, atirador desportivo e caçador).
Em depoimento na Delegacia Municipal de Sobral, o adolescente disse que o atentado foi premeditado. Seria, conforme declarou, uma vingança por ele ter sido vítima de bullying, segundo divulgou a SSPDS. Segundo Sandro Caron, ainda não existem indícios de participação de outras pessoas na execução ou instigação do ato, mas computadores e mídias pertencentes ao adolescente foram apreendidos para verificar essa hipótese.
Santa Casa de Sobral atendeu vítimas da tragédia em escola
Segundo uma aluna do mesmo ano do agressor, o adolescente é uma pessoa “calma, calada e que passa a maior parte do tempo dormindo na hora das aulas. Era direto na dele, só dormia”. Ela aponta ainda que o atirador era “amigo ou falava normalmente com os dois meninos que foram atingidos na cabeça” pelos tiros, mas eles não teriam proximidade com o atirador.
O menino que efetuou os disparos, relata a estudante, era chamado de “morto” por dormir demais na sala de aula. “Talvez por isso, ele tenha dito que sofria bullying. Antes dos tiros, os pais dele foram chamados pela diretoria da escola para falarem sobre o sono na escola”, afirma a garota.
Após os disparos, formou-se um corre corre com gritaria e alvoroço, relata a adolescente. Foi tempo para o vigia abrir o cadeado do portão da escola e “todo mundo sair correndo”. Os três estudantes foram socorridos por três viaturas do Samu e minutos depois, policiais militares apreenderam o garoto que efetuou os disparos.
A escola Carmosina Ferreira Gomes não tem data para o retorno das aulas. Conforme divulgou a Secretaria da Educação do Estado do Ceará (Seduc), "o mais importante neste momento é prestar atendimento às vítimas e acolher os familiares".
A Secretaria afirmou ter colocado à disposição das famílias das vítimas e a comunidade escolar em geral equipe da Coordenadoria Regional que inclui assistente social e psicóloga. "A Seduc tem reforçado, constantemente, ações visando a segurança do ambiente escolar, tanto em termos físicos quanto psicológicos". (Com informações de Jéssika Sisnando, Alexia Vieira, Levi Aguiar, Gabriela Almeida)