No começo da avenida Pontes Vieira, em Fortaleza, na praça Joaquim Távora, está o Mercado das Flores. Segundo cidadãos que o frequentavam na manhã deste domingo, 3, o local vai além da comercialização de flores, plantas e acessórios, e se torna um passeio propício para as famílias da Capital.
Também na praça fica o Mercado Joaquim Távora, onde uma espécie de praça de alimentação convida à integração entre os espaços. Foi uma oportunidade para o casal Poliana Macedo, de anos 33, e Jorge Mota, 37.
Junto da filha, Malu, de 5 anos, o pai conhecia o Mercado das Flores pela primeira vez, enquanto a mãe estreou a experiência de sentar-se para comer na praça. “Eu passo aqui diariamente e não sabia dessa extensão”, disse ele.
Jorge elogiou a organização do espaço, enquanto Poliana pontuou que o espaço da praça, especialmente a pista de skate, precisa de reforma.
Ela contou já conhecer o Mercado por influência da mãe dela, que trabalha com arranjos florais. O casal ainda não tem plantas em casa por conta do cachorro que tutora, mas o que não falta é sogra que gosta de planta.
“Na casa da minha mãe, na casa da mãe dela, que tem quintal, todas têm plantas e aqui tem variedades, né?”, contou ele. “Inclusive a gente tava identificando as que têm em cada casa, aí no Mercado”, completou.
A variedade de produtos também foi destacada pela advogada Juliana Lima, 37, que levou o filho, João Gabriel, para o mercado. “Eu gosto da diversidade de plantas, gosto do atendimento das pessoas também. Realmente, não é só para você vir fazer uma compra, acaba se tornando também um passeio”, contou.
Mãe e filho visitaram o mercado para adquirir um vaso novo para a planta “xodó” da família, uma espada-de-são-jorge apelidada de Florentina pelo pequeno João Gabriel. “A gente veio buscar um vaso mais bonito para ela. Ela tá crescendo, precisava de um vaso”, explicou a moradora do Papicu.
Ter o Mercado das Flores como opção de lazer com o filho é “muito bom”, disse Juliana. “Para tirar um pouco as crianças de casa, né? Você tem um ambiente verde e que é legal para a criança correr e conhecer outras coisas”.
“Hoje o que falta muito para as famílias é tempo de qualidade. E esse é um passeio que não é caro. Você está tendo um tempo com o seu filho, seu filho está saindo de frente das telas, está brincando, conhecendo outras pessoas, né? Então, vale muito a pena”, argumentou.
“É um passeio saudável e vale muito a pena você tirar ali um domingo de manhã, um sábado de manhã para vir para cá”.
Quem está na praça Joaquim Távora quase todo dia é o psicólogo e músico João Lucas, 35, que passeia com o cachorro da família, o Olaf (sim, inspirado em “Frozen”). “Ele é branco com nariz vermelho. Todinho, ó. Ele sempre passa aqui dentro [do Mercado] e fica olhando as plantinhas”.
A esposa de João, Estela Batista, 37, contou que se junta ao passeio pelo menos um domingo por mês: “A gente vem tomar café e vem comprar flores, porque eu gosto e lá em casa tem muito planta natural”. Neste domingo, a arquiteta procurava especificamente uma flor para colocar na entrada de casa.
“Eu tenho um terço para minha falecida sogra e sempre deixo uma planta por perto. A atual estava morrendo, era flor natural. Aí eu sempre troco”.
Goiana descendente de indígenas e moradora da Capital há 23 anos, Estela lembrou ter crescido com a avó “em um quintal cheio de plantas”. Então, as visitas ao Mercado das Flores costumeiramente “remetem alguma memória”.
“A maioria das [plantas] que eu vejo e acho lindas, eu levo”, confessou. “Aqui é bom em datas comemorativas, que aí a gente vem aqui pertinho comprar rosas”, concluiu a moradora do São João do Tauape.
Sérgio Ricardo é engenheiro-agrônomo da Shiripatola, uma das lojas que operam no Mercado das Flores. Segundo ele, o produto mais procurados são, como o nome do local já diz, as flores. “Mas, o mercado tem um mix muito bom que inclui vasos, terra, acessórios, fontes”, enumerou.
“Hoje o nosso mercado tem todo o mix para atender os apaixonados por plantas”, complementou Sérgio. Essa busca por variedade, pontuou, se reflete na atuação da Shiripatola. “A gente faz muitas viagens para trazer novidades, porque chega no ponto que o cliente não quer mais a mesma planta”.
O engenheiro-agrônomo citou três diferenciais do Mercado, começando pela “união entre comprar flores e plantas, mas também tomar um café [no outro mercado], apreciar um momento especial”.
Segundo, vêm o estacionamento e o fato do ambiente ser coberto, com um teto solar no centro. “Na estação de chuva, por exemplo, as pessoas querem comprar planta, e elas vão escolher um local fechado”.
Por fim, Sérgio enfatizou que os produtos são vendidos por produtores, e não por revendedores, por isso é “o melhor possível para a pessoa sair daqui com tudo, tem o preço e tem também produto mais fresco”.
O profissional acrescentou que a loja fornece um “plantão agronômico” gratuito para a população tirar dúvidas sobre jardinagem. “Pode ser online durante toda a semana. E aos domingos estou aqui presencialmente”.
As múltiplas possibilidades de aproveitamento do Mercado das Flores faz dele uma “câmara de descompressão”, na visão de Sérgio. “Nosso dia a dia é corrido e o objetivo aqui é trazer as pessoas para relaxar e conhecer”.
Ele relembrou da pandemia de Covid-19, momento em que as plantas foram “terapia, uma maneira das pessoas desopilarem”. Por isso, no período, o faturamento da loja “aumentou consideravelmente”.
“Só para você entender, o faturamento dobrou durante a pandemia. Quando a economia abriu e a gente pôde sair na rua, ele chegou num nível que não é o da pandemia, mas é acima do que era antes”, finalizou.