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"A gente perdeu tudo", diz moradora que teve casa interditada após incêndio em sucata em Fortaleza
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"A gente perdeu tudo", diz moradora que teve casa interditada após incêndio em sucata em Fortaleza

Defesa Civil interditou oito casas e um bloco residencial orientando as pessoas a deixar os imóveis, diante dos riscos à estrutura das casas atingidas pelo incêndio. Bombeiros atuam há mais de 48 horas no local
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ARREDORES do incêndio na sucata Chico Alves (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS ARREDORES do incêndio na sucata Chico Alves

“A gente realmente a gente tá sem plano. A gente perdeu tudo e estamos sob ajuda e doação”, disse a manicure Maria Lucinete, 50, que teve a casa interditada pela Defesa Civil de Fortaleza após incêndio na sucata Chico Alves, no bairro Jacarecanga, em Fortaleza, na noite da quarta-feira, 24.

Pelo menos dez famílias foram afetadas e tiveram suas residências interditadas. Ao todo, oito casas foram atingidas, sendo cinco com interdição total e três, parcial. Além disso, um bloco de um residencial com oito apartamentos também foi interditado. As intervenções foram realizadas pelo órgão responsável nesta sexta-feira, 26.

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As chamas atingiram principalmente os muros do entorno dos imóveis, com registro de rachaduras nos casos mais graves. Nos demais imóveis, os danos estruturais seguem sob monitoramento do órgão.

As interdições foram realizadas ao longo da manhã do terceiro dia após o incêndio e passaram por avaliação de engenheiros do órgão, que atuaram na região até a tarde desta terça-feira.

O POVO apurou com moradores da área que a previsão é de que as interdições ocorram entre 15 e 30 dias. Mais de dez famílias foram afetadas e orientadas pelo órgão responsável a deixar os imóveis, diante dos riscos à integridade estrutural das casas atingidas pelo incêndio na sucata.

Diante do cenário, a orientação inicial foi para que os moradores buscassem abrigo com parentes ou em outros locais provisórios, enquanto é providenciado o acesso ao aluguel social para as famílias afetadas.
A manicure Maria Lucinete, 50, teve a residência, que morava há um mês, interditada totalmente.

O imóvel fica localizado ao lado da sucata e teve rachaduras na lateral. Luciente relata que desde o incêndio enfrenta dificuldades de serviços básicos como água e luz e, agora, com a falta de assistência para uma moradia segura.

“Doaram uns colchonetes e água. Eu realmente fico até sem palavras porque é um momento muito triste, entendeu? De repente está tudo bem e acontece um pesadelo”, relata a manicure.

Em vídeo divulgado à imprensa, o coordenador da Defesa Civil de Fortaleza (DCFor), Haroldo Gondim, falou sobre a atuação no incêndio da Sucata Chico Alves.

“Nessa madrugada foi feita a evacuação das famílias. Estamos realizando análise estrutural na edificação vendo risco de colapso das estruturas. Estamos vendo a situação de oito residências que foram atingidas e a necessidade das famílias”, disse.

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O síndico do residencial que teve um bloco inteiro interditado, Cícero Mororó, 44, relatou que a evacuação do local aconteceu de forma imediata e que a Defesa Civil informou uma previsão de até um mês para a normalização da situação. Segundo ele, além da interdição, os serviços essenciais de água e energia foram restabelecidos apenas parcialmente nessa sexta-feira, 26.

No local, equipes do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE) seguem atuando no combate aos focos de incêndio ainda existentes no terreno da sucata.

O coronel Gledson Rodrigues informou que a principal dificuldade no momento é o acesso ao foco principal. Ao todo, uma equipe de dez bombeiros permanece atuando na área, após 48 horas ininterruptas de trabalho da corporação.

Para chegar ao local, a equipe utilizou uma retroescavadeira para remover o entulho e limpar a área até alcançar o foco remanescente. “Esse é o principal ponto. Há outro foco pela José Jatahy, onde será necessário o uso de escada, e também vamos continuar atuando por lá. Agora é ter paciência. O dano maior já aconteceu”, pontuou o coronel.

Sucata funcionava há mais de 50 anos na avenida Sargento Hermínio

Mais de 22 mil metros quadrados de sucata. Era assim o espaço que alocava peças de carros, maçanetas, bancos, motores, suspensões e outra infinidade de peças de modelos novos e outros bens antigos. No local, ainda é possível ver vasos sanitários de cores raras e azulejos ainda intactos.

Construída em 1970 pelo paraibano Francisco Alves de Oliveira, a sucata que leva o nome dele era um espaço onde tudo que se imaginava era possível encontrar. Com três andares de pisos e toneladas de ferro, a sucata era quase um monumento da Capital vista por quem atravessava a avenida Sargento Hermínio ou a José Jatahy.

Ao O POVO, no ano de 2006, o dono do estabelecimento relatou que, apesar de reclamar, na época, que o faturamento era de apenas 20% do que conseguia nos anos 80, o proprietário mantinha a tradição do local. Além disso, diversificou o negócio que, atualmente, era conhecido por muitos fortalezenses. Além das peças de carro, na sua loja era possível encontrar sanfonas, geladeiras e muitos azulejos.

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