Uma coceira aqui, um inchaço acolá e uma irritação por ali. Estes podem ser sintomas de alergia, doença que, de acordo com a Organização Mundial da Alergia, atinge aproximadamente 40% da população, podendo ser desencadeada por fatores genéticos ou por acasos da vida — já que ela também pode simplesmente aparecer em algum momento da vida.

E com a chegada dos meses mais quentes do ano — popularmente conhecidos como B-R-O Bró no Nordeste —, as pessoas tendem a ficar mais vulneráveis, já que alguns alérgenos ambientais se beneficiam de climas quentes e úmidos, como é o caso de ácaros e fungos, desencadeando crises alérgicas. É normal que nos meses de setembro a dezembro, as pessoas fiquem em locais fechados e com ar condicionado. "Se a manutenção dele não for adequada, cria-se um meio de propagação de fungos", ressalta o diretor da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), o médico Eli Mansour.

A alergia pode se apresentar em qualquer parte do corpo, mas aparece com maior frequência no sistema respiratório. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) cerca de 700 milhões de pessoas sofrem com alergias respiratórias como asma e rinite, e na pele, as dermatites.

Os sintomas podem se apresentar como pequenos incômodos, mas existem casos que uma crise alérgica pode levar à morte.

A alergologista do Hospital Infantil Albert Sabin, Janáira Fernandes, explica que a alergia é quando "alguma substância considerada estranha ao nosso organismo (alérgeno), principalmente as proteínas, desencadeia uma inflamação que pode se manifestar em qualquer parte do nosso corpo".

"Quando o alérgeno entra em contato com nosso organismo, pode gerar uma ativação do sistema imunológico através da imunoglobulina IgE — anticorpo que está presente no soro sanguíneo em baixas concentrações. As reações são muito rápidas para as alergias mais clássicas, e os sintomas são ligados ao alérgeno, que promove a liberação de substâncias dos mastócitos (células inatas, sentinelas do sistema imunológico)", exemplifica a alergologista.

Janáira ressalta que a alergia pode se desenvolver em qualquer época de nossas vidas. "Às vezes, você fica vários dias, meses ou anos tendo contato com aquele alérgeno e, em algum momento, o seu organismo passa a encarar aquela proteína como algo estranho", explica. Ela afirma que "pacientes que passaram a vida inteira comendo frutos do mar, de repente começaram a ter coceira na garganta e falta de ar", e a partir de então os sintomas passam a ser recorrentes.

Segundo o médico Eli Mansour, algumas alergias têm tendências genéticas e outras, não. Ainda não há, porém, uma resposta sobre como elas surgem.

"Existem alergias mais raras, como a alergia a água, por exemplo, e outras que se manifestam de forma mais grave. De alergia mais comum, posso citar a rinite, que aproximadamente 30% das pessoas possuem de alguma forma. A asma e a dermatite também são prevalentes", ressalta.

O POVO contatou a Secretaria de Saúde do Ceará para saber sobre o cenário de alergias no Estado, mas até o fechamento desta reportagem, não obteve resposta.