Após cinco meses fechados por conta da pandemia do novo coronavírus, destinos turísticos brasileiros reabriram as portas neste. Para atrair os consumidores depois do longo período sem demanda, o mercado precisou baixar os preços, além de adotar protocolos sanitários rígidos. Nas agências, pacotes de viagens estão até 30% mais baratos que os valores observados no antes da Covid-19, incluindo rotas dentro e fora do Ceará.
Dentre eles, o Parque Nacional de Jericoacoara, que voltou a receber visitantes no último dia 8. Na Casablanca Turismo, somados, transporte e hospedagem custavam entre R$ 700 a R$ 800. Hoje, é possível viajar por R$ 560 (por pessoa). Os hotéis de Jeri reabriram sob exigências de equipamentos de proteção individual (EPIs), higienização e desinfecção dos equipamentos cotidianamente e disponibilização de álcool em gel, por exemplo.
Os restaurantes, barracas de praia e lagoa estão com horário reduzido e limitação de público em 50% da capacidade. Pela mesma agência e condições de contratação, Foz do Iguaçu, no Paraná, passou de R$ 1.600 para R$ 1.200. O valor para Gramado, no Rio Grande do Sul, também caiu de R$ 1.800 para R$ 1.100.
No Rio de Janeiro, equipamentos como o Bondinho Pão de Açúcar e o acesso ao Cristo Redentor foram liberados nesse fim de semana e registraram filas para visitação. O destino, que antes custava R$ 1.900, agora está em R$ 1.033 (taxas não inclusas). Já para os Lençóis Maranhenses, o preço diminuiu de R$ 4.500 para R$ 3.555. Todas as simulações são para viagens de três a quatro noites, partindo de Fortaleza.
O gerente de lazer da Casablanca, Paulo Neto, observa que a demanda turística está crescendo gradativamente e destaca a preferência do público por novas experiências. "Os turistas mantêm o desejo de viajar, mas para regiões mais próximas e com pouca movimentação, como destinos que oferecem mais contato com a natureza e abertos", diz. Ele destaca que toda a cadeia turística, da passagem à reserva em hotéis, está se movimentando para estimular o setor.
A CVC Turismo também informa que os serviços estão cerca de 30% mais baratos, mesmo para períodos de alta temporada como Natal e Réveillon. Sete noites para duas pessoas estão a partir de R$ 2.402 para o Rio e R$ 2.903 para Foz. No Ceará, Cumbuco (meia pensão) e Beberibe (tudo incluso) estão a partir de R$ 4.841 e R$ 3.367, respectivamente.
Segundo a operadora, os viajantes têm demonstrado interesses, nesse primeiro momento, em contratar diárias avulsas de hospedagens com hotéis que tenham declarado adaptação dos serviços e/ou adoção de selos de segurança com distanciamento social em suas dependências. A demanda maior é por cotações para destinos nacionais, embarques no fim de 2020 e férias de janeiro/fevereiro em 2021. Lideram a preferência dos clientes Maceió (AL), Porto de Galinhas (PE), Natal (RN), Fortaleza (CE), Porto Seguro (BA) e Serra Gaúcha (RS).
O economista e presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Ricardo Coimbra, explica que esse movimento de queda do preço das viagens deverá permanecer durante todo o ano. "Uma parcela significativa da sociedade tem medo, outra perdeu ou teve a renda diminuída. Ou seja, o temor, crescimento do desemprego e aumento do endividamento diminuem a capacidade de consumir", avalia. "Por esta razão, o segmento terá de criar mecanismos atrativos, e não apenas baixando o valor, mas realizando parcerias e outras estratégias", reforça.
No Ceará, de acordo com o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Hotéis no Cará (ABIH-CE), Régis Medeiros, a atual taxa média de ocupação varia de 10% a 12% nos estabelecimentos associados. "Chegamos a zero por falta de cliente. Mas estamos retomando passo a passo e seguindo rigidamente todos os protocolos, para segurança dos funcionários e do consumidor", diz. Ele destaca que os custos estão mais baixos, porém, observa que isso pode trazer preocupações quanto à sobrevivência dos negócios.
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Cuidados na hora de reservar o hotel
Organização dos balcões das recepções com linha de distanciamento de no mínimo 1,5 metro do próximo cliente (esta indicação de 1,5 m deve estar no piso caso haja filas de espera e caberá ao estabelecimento orientar as pessoas e manter o distanciamento).
Os recepcionistas devem usar máscaras ou Face Shield.
Atendimento preferencial às pessoas de grupo de risco (idosos, hipertensos, diabéticos e gestantes), em todos os setores do hotel, como recepção, eventos, restaurantes, garantindo um fluxo ágil para que permaneçam o mínimo de tempo possível na recepção do estabelecimento. A informação deve estar disponível aos clientes a fim de facilitar a compreensão dos demais hóspedes.
Ao receber o cliente, evitar cumprimentos com contato físico, como aperto de mão e abraços.
Reduzir a quantidade de móveis como sofás, mesas, cadeiras ou espreguiçadeiras, diminuindo o número de pessoas no local.
Estimular, para a segurança de hóspedes e colaboradores, o autosserviço de bagagens e estacionamento. No caso de permanência desses serviços, principalmente mensageiros e manobristas, os colaboradores devem higienizar as mãos após carregar malas e bagagens, bem como higienizar todos os pontos de contato.
Intensificar as ações nos canais de comunicação online.
Aumentar a frequência de limpeza de locais com maior fluxo de pessoas, higienizando sempre após cada uso pontos e superfícies de contato como botões de elevadores, maçanetas de portas, corrimãos, telefones, tomadas, teclados, telas e monitores de computadores, tablets e smartphones, bancadas de trabalho, móveis em áreas de espera, carrinhos de bagagens etc.
Propiciar boa ventilação nos ambientes, mantendo portas e janelas abertas e, em caso de ambiente climatizado, realizar a manutenção e limpeza dos aparelhos de ar-condicionado, inclusive filtros e dutos
Remover o lixo com frequência, de modo a não gerar acúmulo, utilizando procedimentos seguros, recolhendo os resíduos dos recipientes próprios, com fecho ou fechados, quando 80% de sua capacidade estiver preenchida ou sempre que necessário, evitando coroamento ou transborde.
Colocar dispenser de álcool gel 70% próximos às portas de todos os elevadores e locais de entrada e saída de áreas sociais
Utilizar somente desinfetantes para uso geral (à base de cloro, álcoois, alguns fenóis, quaternário de amônio ou peróxido de hidrogênio), devidamente registrados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Os funcionários devem ser bem treinados e tomar precauções eficazes, como uso de EPIs, especialmente na paramentação e na desparamentação.
Considerando que há suspeita de Covid-19 entre os hóspedes de hotéis, a indicação é de isolamento deste hóspede dos demais, com as seguintes recomendações:
O empreendimento poderá estabelecer uma área de isolamento para estes casos, como ala, bloco, unidade habitacional ou andar que possua menor trânsito de pessoas e colaboradores.
O hóspede doente não deve sair de sua unidade habitacional, tendo que
comunicar aos profissionais da área administrativa do hotel, contatar seu médico, plano de saúde ou unidade médica local ou Sistema de Saúde, a fim de que seja avaliado seu estado de saúde.
Aguardar as instruções dos profissionais de saúde para tomada de decisões.
A autoridade local de saúde poderá optar por enviar a pessoa para o hospital de referência da área ou não, dependendo da situação clínica do doente.
Como reduzir os riscos de uma viagem
Repense a viagem, se informe mais sobre a pandemia e os riscos que você e sua família estarão correndo.
Ao decidir viajar, lembre-se de que você deverá tomar todos os mesmos cuidados que têm para ir ao supermercado, por exemplo, utilizar máscaras e álcool em gel. Portanto, inclua esses itens na quantidade necessária na sua mala de viagem.
Opte por viagens próximas.
Avalie se as pousadas ou hotéis seguem os protocolos de segurança e os espaços permitem o distanciamento social dos outros hóspedes.
Se você não for sozinho, viaje apenas com as pessoas que convivem na sua residência.
Evite contato com os demais turistas e qualquer contato físico com quem não esteja no seu grupo.
Mantenha distância mínima de 2 metros.
Não utilize equipamentos compartilhados.
Utilize a máscara na praia e retire-a somente durante os mergulhos.
Use bastante protetor solar para não ficar com a marca da máscara.
Evite aglomeração. Se você vir um grupo se aproximando, saia do local ou estabeleça um novo distanciamento físico.
Durante as alimentações nos hotéis, observe se estão sendo cumpridas as regras e evite o modelo de restaurante self-service. Ele é o que apresenta maiores riscos.
Para quem viaja com crianças, leve os brinquedos, skate, patins e bicicletas, por exemplo, para evitar o compartilhamento desses itens.
Fontes: ABIH e professora Terezinha Leitão