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Indústria de turbinas eólicas no mar quer investir R$ 400 milhões no Ceará
Economia

Indústria de turbinas eólicas no mar quer investir R$ 400 milhões no Ceará

Governo assinou na manhã de ontem um memorando de entendimento com a empresa chinesa Mingyang Smart Energy formalizando a intenção de que seja instalada uma fábrica no Estado
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O que e um parque eolico offshore (Foto: luciana pimenta)
Foto: luciana pimenta O que e um parque eolico offshore

Após dois meses de negociação, o Governo do Ceará assinou ontem o protocolo de intenção com a chinesa Mingyang Smart Energy para a instalação de uma fábrica de turbinas eólicas offshore (no mar). Se concretizado, serão R$ 400 milhões investidos e 2 mil empregos na primeira fase de implantação, prevista para 2022.

Não foram divulgados detalhes sobre incentivos fiscais. O equipamento deve ser implantado no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), para a melhoria da cadeia logística dos futuros parques. As informações são do secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), Maia Júnior.

O acordo prevê, também, parceria para a construção de dois protótipos, com potências entre 11 e 15 megawatts, a serem utilizados para o aprendizado da tecnologia e desenvolvimento de pesquisas no Estado. Não há, no entanto, definição sobre o desenho desse plano.

"Eles ofereceram esses aerogeradores para a gente viabilizar e encontrar um formato para construí-los. Ainda estamos estudando como ajudaremos", explicou Maia. Além de fabricante, existe a possibilidade da companhia incorporar um parque eólico.

"A conversa ocorreu nos últimos 60 dias e foi rápida, principalmente, em um momento difícil para capital de investimentos. Isso faz parte de um trabalho que estamos fazendo de grandes projetos", afirma. O secretário acrescenta que o portfólio da empresa pode vir a ampliar, incluindo painéis solares e transformadores. Com 15 fábricas na China e uma na Índia, a Mingyang também trabalha com energia solar.

O Ceará ainda não tem eólicas no mar, mas há quatro parques previstos, sendo dois em Amontada, um em Camocim e outro em Caucaia, na Grande Fortaleza. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), todos estão em fase de licenciamento prévio, e somam mais de 5 GW de potência. Juntos, devem investir R$ 5 milhões.

Para um deles, em Caucaia, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) recomendou o indeferimento do pedido. O coordenador de Energia da Federação das Indústrias (Fiec), explica que o potencial eólico offshore local é alto, totalizando de 117 GW (gigawatts), com fator de capacidade médio de 62%, percentual superior à média das usinas em operação na Europa, onde essa modalidade está muito desenvolvida, em torno de 37%.

"O Ceará tem tudo para mais uma vez sair na frente com os projetos que estão sendo elaborados para atração de investimentos e isso será muito relevante para trazer empregos de qualidade, boa capacitação e remuneração", avalia.

Sobre o mercado, o consultor em energia da Fiec e presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis, Jurandir Picanço, explica que a qualidade de energia é melhor porque o vento é mais constante, mas pondera que são modelos de investimento mais elevados.

"Há algumas barreiras a serem vencidas, mas é o preço do pioneirismo. Ainda não tem um modelo do licenciamento do Ibama e ninguém sabe ainda todos os passos. O processo de licenciamento ambiental da BI Energia, por exemplo, não foi aprovado, pediram complementações. Era o projeto que estava mais adiantado, mas o Ibama ficou de fazer um termo de referência padrão", aponta. (Colaborou Irna Cavalcante)

 

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