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Viagens de avião voltam a ganhar força no Brasil
Economia

Viagens de avião voltam a ganhar força no Brasil

Movimentação de passageiros no Aeroporto de Fortaleza, por exemplo, cresceu pelo quarto mês consecutivo. Os números são distantes dos observados em 2019, mas sinalizam que o mercado começa a se recuperar em ritmo menos lento que o esperado
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Maior oferta de voos, passagens aéreas mais baratas, reabertura da atividade econômica e a demanda reprimida são algumas das razões que levam a uma crescente significativa na movimentação de passageiros nos principais aeroportos do País (Foto: Barbara Moira)
Foto: Barbara Moira Maior oferta de voos, passagens aéreas mais baratas, reabertura da atividade econômica e a demanda reprimida são algumas das razões que levam a uma crescente significativa na movimentação de passageiros nos principais aeroportos do País

Seis meses depois do início da pandemia no País, aos poucos, o brasileiro está voltando a viajar de avião. Maior oferta de voos, passagens aéreas mais baratas, reabertura da atividade econômica e a demanda reprimida são algumas das razões que levam a uma crescente significativa na movimentação de passageiros nos principais aeroportos do País, como ocorre nos terminais cearenses desde o começo da crise. Embora a retomada ainda seja muito lenta, o cenário para o setor da aviação não deverá ser tão ruim quanto o mercado esperava.

Dados da Fraport, empresa que administra o Aeroporto Internacional de Fortaleza, mostram que, em agosto, o fluxo de passageiros chegou a 150,7 mil pessoas. Apesar de ser ainda distante dos números de agosto de 2019, recuo de 74,4%, foi o quarto mês consecutivo de alta e uma movimentação 41,9% superior à registrada em julho.

Pelo Aeroporto Orlando de Bezerra, em Juazeiro do Norte, foram transportados 16,6 mil passageiros em agosto, segundo a Aena Brasil, concessionária do terminal. O aumento foi de 8,04% ante julho, mas um público bem acima dos 2,9 mil pessoas que viajaram em abril, no auge da pandemia.

No Brasil, os números da Agência Nacional de Aviação (Anac) também apontam para uma evolução significativa a cada mês, fechando julho (o dado mais recente) com movimentação de 1,7 milhão de passageiros. Crescimento de 78,3% em relação ao mês anterior, porém, bem distante da marca de julho de 2019 (-84,2%).

Para o professor do Departamento de Engenharia Aeronáutica da Escola de Engenharia de São Carlos da USP (EESC-USP), James Waterhouse, esse movimento de recuperação mais rápido que o esperado, considerando que o País ainda registra muitos casos de Covid-19, reflete a grande demanda que estava reprimida, nos meses em que praticamente todas as atividades econômicas estava sem funcionar no Brasil.

"Vai de algo perto de zero para um percentual que vai crescendo, inicialmente, forte, mês a mês, porque a demanda de trabalho e questões familiares começam a ser escoadas. Ainda não é necessariamente o turista, esse público ainda vai demorar um pouco mais para voltar, embora a gente já veja algumas pessoas começando a perder o medo e viajando a lazer", observa.

A oferta de voos ainda está longe dos patamares pré-pandemia, mas também vem se reestabelecendo no Estado. No Aeroporto de Fortaleza, em agosto, foram 2.035 pousos e decolagens. São 363 operações a mais que o total registrado em junho (alta de 21,7%) e cada vez mais distante do cenário de abril, pico da crise, quando houve apenas 800 pousos e decolagens. Já no Aeroporto de Juazeiro do Norte, a movimentação de voos aumentou de 289 em julho para 360 em agosto.

Para outubro, novos incrementos na malha aérea estão previstos. A Gol, por exemplo, vai aumentar de 13 para 19 a quantidade de voos diários a partir de Fortaleza (alta de 45%) e retomar as operações sem escalas da capital cearense para São Paulo (CGH), Juazeiro do Norte e Natal (RN). De Juazeiro do Norte, onde faz atualmente seis voos por semana, serão acrescidas, além da rota para Capital, mais voos diretos para São Paulo (Congonhas e Guarulhos).

No próximo mês, a Azul vai acrescentar à sua malha no Estado o voo direto Fortaleza-Belém, Juazeiro-São Paulo (GRU) e Campinas-Juazeiro-Petrolina. Outra novidade é a retomada das operações diretas para Paris, a partir do dia 10, em três frequências semanais pela Air France.

O secretário estadual de Turismo, Arialdo Pinho, acredita que, até janeiro, é possível que o Estado recupere 80% da malha que tinha no ano passado. "Janeiro de 2019 foi nosso recorde, nós tínhamos em torno de 4 mil voos mensais, mas estamos trabalhando para ter 3,2 mil voos/mês em janeiro", diz.

Na avaliação dele, isso vai depender de como a reabertura da economia e o início da retomada do turismo influenciarão nas estatísticas epidemiológicas do Estado. No feriado de 7 de setembro, por exemplo, a taxa de ocupação dos hotéis em pontos turísticos como Jericoacoara chegaram a 100% e foram registradas aglomerações em várias praias do litoral cearense.

"Por enquanto, estamos caminhando até bem, os indicadores de saúde estão melhorando. O que aconteceu no feriado, realmente, surpreendeu. Mas temos que ver o resultado disso, porque essa experiência de aglomeração é nova. Precisamos entender como isso rebate nos indicadores de saúde, se a doença ainda está infectando na mesma velocidade de antes", reforça. Para ele, é importante que os protocolos estabelecidos para o setor sejam respeitados para que o turista tenha confiança nos destinos.

Evolucao das viagens aereas no Ceara
Evolucao das viagens aereas no Ceara (Foto: luciana pimenta)

 

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