Já não é de hoje que a baixa taxa de juros vem desestimulando os investimentos em renda fixa. Mas 2020 também mostrou que, para optar por renda variável, é preciso coração forte. Neste ano, em razão das instabilidades econômicas causadas pela pandemia do novo coronavírus, por pelo menos seis vezes a Bolsa de Valores brasileira (B3) acionou o mecanismo de circuit breaker, utilizado para interromper as negociações quando o mercado passa por uma queda acentuada, embora depois tenha apresentado forte recuperação nos últimos meses. Porém, a expectativa é que 2021 ainda será de muitas incertezas. O que vai exigir dos investidores diversificação para melhorar a rentabilidade e tentar minimizar risco.
Apesar de sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom) na reunião do último dia 9, de que a taxa básica de juros (Selic) não deverá ficar por muito mais tempo nesse patamar de 2% ao ano, o menor da história, o economista Vitor Leitão, da Lema Economia e Finanças, acredita que dificilmente passará dos 3%. O que ainda é pouco para garantir uma melhora mais significativa na rentabilidade das aplicações na renda fixa.
O que deve levar mais gente a investir em renda variável. Neste ano, o número de contas cadastradas na B3, 3,17 milhões, mais do que dobrou em relação ao quantitativo que se tinha em 2019 (1,6 milhão).
O leque de opções de empresas para investir também está maior. De janeiro a dezembro, foram 28 fazendo ofertas iniciais de ações (IPOs) no mercado de capitais brasileiro, com captação total de R$ 117 bilhões. O maior quantitativo em 18 anos.
São movimentos que devem seguir com força em 2021, algo positivo na avaliação de Vitor Leitão. Mas, ele pondera que o desempenho do investimento dependerá muito de variáveis externas, como a questão da vacina e o primeiro ano do governo Biden, nos Estados Unidos. E também de fatores internos, como o desenrolar da crise fiscal brasileira, a articulação do governo brasileiro para aprovar reformas estruturantes e a realização de privatizações. “A gente tem um cenário muito incerto e turbulento”, diz.
Por isso, uma opção recomendada por ele seria mesclar esses papéis com investimentos em bolsas estrangeiras. “Isto é outra possibilidade interessante na medida em que você pode ficar exposto à variação cambial. É bom porque, se o cenário aqui for ruim, a tendência é que o dólar suba e isso gera efeito positivo nos seus investimentos no Exterior”.
O economista da gestora de investimentos digital Magnetis, Daniel Jannuzzi, também aposta na renda variável para 2021 como forma de potencializar resultados. Mas ressalta que, para investir na Bolsa, é importante se cercar de alguns cuidados, como acompanhar as variações diárias, diversificar os ativos para obter maior proteção, montar a carteira de ações devagar, e focar em empresas estáveis, pois há maior garantia de bons rendimentos.
Se o investidor tem objetivos de médio prazo ou pode deixar o dinheiro rendendo por mais tempo (entre três e cinco anos), ele também orienta diversificar mais, incluindo na carteira, além da renda fixa, fundos multimercado, fundos de ações, ETFs (Exchange Traded Funds) e fundos imobiliários.
"Os fundos imobiliários (FIIs) ganharam relevância com a baixa na taxa Selic. Na maioria das vezes, esses fundos são compostos por ativos reais, com ótimos pagadores, o que garante lucratividade sem a necessidade de comprar um imóvel".
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