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Construir fica quase 11% mais caro no Ceará e preço de materiais segue alto
Economia

Construir fica quase 11% mais caro no Ceará e preço de materiais segue alto

Com avanço 2,83% em dezembro, o custo da construção por m² no Estado fechou o ano passado em R$ 1.182,73, de acordo com o IBGE
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Por conta do aumento da demanda, preços de materiais para construção têm pressionado o bolso do consumidor brasileiro (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR Por conta do aumento da demanda, preços de materiais para construção têm pressionado o bolso do consumidor brasileiro

Por influência do aumento no preço de materiais como tijolo e cimento, em razão da queda na oferta e aumento da demanda por esses e outros produtos no período mais crítico da pandemia de Covid-19 no País, construir ficou 10,9% mais caro no Ceará em 2020, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expectativa é que, a partir deste mês, a pressão dos valores sobre o bolso do consumidor comece a diminuir. Mas, por enquanto, o mercado não está observando tendências significativas de queda.

Com avanço 2,83% em dezembro, o custo médio para construir no Estado, por metro quadrado (m²), fechou o ano passado em R$ 1.182,73. O valor leva em consideração tanto os preços de materiais quanto de equipamentos e mão de obra. Na região Nordeste, o valor foi de R$ 1.201,17, e de 1.276,40 no Brasil, de acordo com dados do Índice da Construção Civil (Sinapi). No País, inclusive, o aumento de 10,16% em 2020 foi o maior da série histórica do indicador, iniciada em 2013.

Economista e sócio do Escritório Arêa Leão, Gilberto Barbosa observa que a inflação da construção foi puxada pelo choque de oferta no mercado. Com a paralisação de praticamente todas as atividades econômicas no Brasil durante os primeiros meses da pandemia do novo coronavírus, incluindo indústrias do setor, a produção dos materiais caiu consideravelmente.

Por outro lado, a procura por itens como tijolo e cimento cresceu, a partir do pagamento do auxílio emergencial, programa criado pelo governo para estimular a economia. Isso porque diversas famílias, que passaram a ficar mais tempo em casa devido ao isolamento social, aproveitaram as parcelas do benefício para fazer pequenas obras e reformas.

"Esse choque de oferta foi muito grande e impactou os diferentes segmentos da construção civil. Os preços dos imóveis, por exemplo, estão mais elevados por causa da inflação de materiais necessários às obras dos empreendimentos", diz. O economista destaca a influência do custo para construir sobre o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M). Medido pela Fundação Getúlio Vargas, o indicador é o mais utilizado para o reajuste dos aluguéis no Brasil. No ano passado, o IGP-M subiu 23,1%.

A disparada já acendeu uma discussão sobre como deve ser calculada a reposição da inflação dos contratos de locação no País. Como alternativa, grandes imobiliárias já passaram a oferecer descontos aos clientes ou substituir o indexador de correção monetária pelo Índice Nacional de Preços ao consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do Brasil.

Presidente do Sindicato das Construtoras do Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias afirma que não há mais justificativa para o preço elevado dos materiais de construção após a reabertura das atividades econômicas, tanto no Estado quanto no País. Ele reforça que a inflação no custo de construir, além de afetar negativamente diferentes segmentos do setor, prejudica principalmente empresas que atuam em obras do Programa Casa Verde e Amarela (antigo Minha Casa, Minha Vida), do Governo Federal.

“Isso é péssimo para as construtoras, que assinam contrato com a Caixa Econômica Federal para fazer as obras por um preço fechado. Muitas foram e continuam sendo prejudicadas por causa desse aumento nos custos. Não faz mais sentido, seis meses depois do fim do lockdown, encontrarmos tijolo pelo dobro do preço e cimento 30% mais caro. Até porque o valor dos insumos para produzir os materiais não subiu”, reclama.

Patriolino informa que o assunto foi tema de reunião entre o Sinduscon-CE, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e o presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães, quando os representantes do governo estiveram em Fortaleza, no último mês de novembro, para lançar o novo programa habitacional no Ceará.

“Estamos esperando as coisas voltarem ao normal. A nossa expectativa é que, com o fim do auxílio emergencial, a questão da oferta e demanda comece a ser reajustada. Sem dúvida, esse é um problema que, no geral, deixa os imóveis mais caros para o consumidor. As construtoras, infelizmente, são obrigadas a repassar esses custos aos clientes”.

10 dicas para economizar na obra

1. Planeje o serviço, estabelecendo e seguindo um cronograma.

2. Garanta o melhor orçamento.

3. Não compre tudo em um só lugar.

4. Negocie descontos fazendo compras volumosas, mas compre na medida para diminuir gastos.

5. Prefira a compra direta com os fornecedores.

6. Aposte na compra coletiva dos insumos.

7. Escolha produtos de qualidade.

8. Compre materiais reutilizados.

9. Escolha o acabamento aliando preço e qualidade.

10. Estoque os materiais de forma correta.

Divisão

Do custo de R$ 1.182,73 por m² no Estado, observado no mês de dezembro, R$ 706,02 são referentes a materiais de construção e R$ 476,71 à mão de obra.

Ranking do aumento do custo médio do metro quadrado no Nordeste em 2020 (%)

1º Bahia -17,08
2º Sergipe -13,41
3º Pernambuco - 12,35
4º Paraíba - 11,62
5º Ceará - 10,93
6º Alagoas - 10,63
7º Piauí - 9,97
8º Maranhão - 8,93
9º Rio Grande do Norte - 8,56

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