Existem pelo menos três investidores interessados em adquirir a fábrica da Troller, em Horizonte. A informação foi confirmada ontem, 20, em reunião do grupo de trabalho formado para buscar soluções para que a planta fabril na Região Metropolitana de Fortaleza não seja encerrada. Compõem a mesa Governo do Estado, Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e Ministério da Economia, junto de representantes dos outros estados afetados pela saída da Ford do País, São Paulo e Bahia.
O grupo de trabalho está em contato direto com a Ford e ajuda a companhia a encontrar um investidor que deseje continuar com a operação da fabricante cearense de carros off-road.
A ação foi iniciada após a Ford anunciar que pretende encerrar suas operações no Brasil, fechando imediatamente fábricas em São Paulo e Bahia e, no Ceará, até o fim do ano. Somente na planta cearense, 470 empregos estão sob risco, além da própria marca Troller, reconhecida e valorizada pelos trilheiros. No País, o impacto do fechamento das fábricas é de aproximadamente 5 mil postos de trabalho.
O titular da Secretário do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho do Ceará (Sedet), Maia Júnior, destaca que o Estado tem trabalhado com afinco para a manutenção da operação industrial da Troller. Ele ainda afirma que, pelo tempo que a Ford tem até o encerramento das operações no Ceará, deva encontrar um parceiro interessado no negócio.
Caso o pior ocorra e a Ford não feche negócio, o secretário afirma que o Estado vai trabalhar para repor a oferta de vagas de empregos perdidas no município. "Logicamente vamos lutar com todas as nossas forças para manter os empregos da Troller. A situação menos problemática é a do Ceará, que temos quase um ano de produção, diferente do que aconteceu com São Paulo e Bahia."
E continua, afirmando: "O Ceará não é o dono da fábrica, que vai negociar, só a Ford tem condições de vender a sua propriedade. O Estado tem acompanhado para encontrar caminhos para que a Ford encontre um parceiro que continue a Troller no Ceará. A nossa preocupação é em manter a fábrica e garantir os empregos".
De acordo com o colunista do Uol, Jorge Moraes, na última semana, a Caoa estreitou conversações para adquirir a planta da Ford na Bahia. Carlos Alberto de Oliveira Andrade, chairman do grupo Caoa e maior revendedor Ford do Brasil, abriu a possibilidade de aquisição da operação onde eram fabricados os modelos Ford Ka e EcoSport.
Ele acrescenta ainda que tudo pode acontecer, mas os incentivos fiscais do regime automotivo do Nordeste, prorrogados até 2025, são atrativos importantes para a Chery, parceira do grupo Caoa no País. "Sempre tenho interesse em novos negócios, mas é preciso analisar todo o processo porque não queremos desgastar a nossa imagem. E só iremos para frente se eu sentir muita segurança", disse Carlos Alberto ao colunista.
Projeto alemão prevê investir R$ 30 mi na Fyber
Em reunião realizada ontem foram definidos os rumos para investimento alemão na produção do buggy Fyber no Ceará. Foi confirmado pelo investidor que a intenção é montar uma planta fabril em Paracuru em até 18 meses, com produção de até 1 mil veículos por ano até 2023. O investimento deve ficar entre R$ 25 milhões e R$ 30 milhões.
Segundo o titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho (Sedet), Maia Júnior, a ideia do empreendedor alemão é, primeiramente, alugar um espaço na cidade para iniciar a produção a partir do segundo semestre. A capacidade de produção da fábrica seria de produzir em torno de 300 veículos e empregar 50 pessoas neste primeiro momento.
Na reunião, também foi definido que a fábrica permanente deve ser construída até 2022. A projeção é que gere no primeiro ano 150 postos de trabalho.
"A Fyber é uma recuperação de uma antiga fábrica que já pertenceu ao Ceará. É uma fábrica que chegou a produzir 14 mil carros em sua história", destaca o titular da Sedet, que ainda ressalta que o projeto alemão prevê um buggy muito mais inovador do já conhecido do litoral nordestino.
Ao O POVO, o investidor alemão que realizará os investimentos, mas que preferiu deixar sua identidade em anonimato, afirma que a reunião "correu muito bem". "Temos um bom suporte de todos os departamentos necessários como economia, indústria, turismo e projetos especiais."
Ele ainda destaca que o projeto já está em execução desde outubro de 2019, sendo maturado até chegar ao momento da instalação em Paracuru. Sobre a discussão sobre a marca Fyber, diz que possui todas as garantias legais para operar.
"Quanto à discussão da marca que fique assegurado que nós possuímos todos os direitos necessários. A marca histórica Fyber que remonta a 1984 está registrada na Axxola, a empresa de investimento alemã. A classe de marca registrada inclui também veículos, como carros e buggys", afirma.
A Fyber Star, empresa cujo um dos sócios é o empresários Nil Araújo, entrou com ação na Justiça do Ceará para impedir o uso da marca e a fabricação da réplica do buggy no Estado por um investidor alemão.
Segundo ele, o investidor comprou a réplica do buggy fabricada pela Peixoto Veículos Ltda, e não a marca e a homologação original Fyber, que, de acordo com Nil, pertence à Fiber Star e foi concedida pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
O investimento do empreendedor alemão deve ir além da marca de buggys. Segundo Maia Júnior, ele conheceu a região de Paracuru em visitas ligadas ao turismo de aventura, mais precisamente o kitesurf, e o buggy Fyber nos passeios turísticos. Outro investimento, num hotel na região, também é estudado.