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Cegás estuda como inserir hidrogênio verde na distribuição de gás natural
Economia

Cegás estuda como inserir hidrogênio verde na distribuição de gás natural

| Testes | Secretária executiva da Indústria da Sedet informou que companhia se antecipa para dominar tecnologia após início da operação do hub
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Cadeia produtiva do H2 deve ser instalada no Complexo do Pecém (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Cadeia produtiva do H2 deve ser instalada no Complexo do Pecém

Estudos para o desenvolvimento de tecnologias adaptadas ao hidrogênio verde (H2) como combustível devem ser desenvolvidos com mais frequência no Ceará, segundo afirmou Roseane Medeiros, secretária executiva da Indústria da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet). Um deles, revelou, é o uso do H2 na tubulação de gás natural operada pela Companhia de Gás do Ceará (Cegás).

"A Cegás já está se antecipando e estudando qual o percentual de hidrogênio verde pode ser injetado na distribuição", afirmou, alertando que os estudos levam tempo e por isso devem ter início agora, para desenvolver a cadeia produtiva do H2 no Estado.

O cuidado na análise pela companhia cearense se deve à distribuição. Roseane contou que a Cegás tem três tipos de materiais constituindo a tubulação que atende cerca de 10 mil consumidores, e é preciso saber como cada um desses componentes irá reagir ao contato com o hidrogênio verde.

A participação da Cegás é defendida pelo governador Camilo Santana desde o lançamento do hub, em fevereiro deste ano, quando o presidente da empresa, Hugo Figuerêdo, afirmou que enxergava "possibilidade de distribuir hidrogênio como uma oportunidade". Ainda na ocasião, ele informou que a Companhia "estava financiando estudos para superar os desafios operacionais e econômicos dessa distribuição".

A exemplo do que já é visto pelo mundo, o H2 é usado tanto em indústrias como em veículos. No Ceará, a Cegás atende clientes industriais e também fornece o Gás Veicular Natural (GNV) para os postos de combustíveis. Além disso, há fornecimento para residências e cogeração e autoprodução de energia - nichos que poderiam se beneficiar com a produção de H2 no Estado.

Na última quarta-feira, 7, a secretária executiva da Indústria participou de uma teleconferência com o Ministério de Minas e Energia (MME) sobre o hub de hidrogênio verde idealizado pelo governo do Estado. O interesse do governo federal no projeto, segundo destacou, pode resultar na elaboração de políticas públicas que possam beneficiar o uso de H2 no País.

"Um projeto desse porte, dessa magnitude, com as políticas públicas do governo federal, as portas se abrirão. Nunca antes na história do Ceará tivemos uma oportunidade tão grande como a que temos hoje", ressaltou.

Ainda na reunião, Roseane informou sobre a assinatura do memorando de entendimento com a empresa australiana Enegix Energy, chamada de Base 1, cujo investimento será de US$ 5,4 bilhões. O Estado, como O POVO revelou em primeira mão, já negocia com outras dez grandes empresas e a gigante EDP também já manifestou interesse no projeto.

Com os contatos e o desenvolvimento de estudos já agora, o objetivo, de acordo com ela, é ter um parque industrial capaz de utilizar o gás sustentável quando o hub de hidrogênio verde estiver em plena operação. O combustível, cuja geração deve se dar a partir do uso de energias renováveis (solar e eólica), é a aposta do Estado para o futuro, com a instalação de um parque de geração no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp).

A cadeia produtiva visada envolve desde plantas de produção de energias eólica e solar, como também indústrias de suporte a essas usinas, com fabricação de pás, aerogeradores, placas solares e a fábrica onde será realizada a eletrólise - processo de geração do hidrogênio verde.

Inicialmente, segundo projetam os especialistas da área, o gás deve ser exportado, o que também requer alto investimento em uma infraestrutura de liquefação no Porto do Pecém, de onde deve ser enviado por navios para Europa e Estados Unidos. Os investimentos para tais estruturas devem impulsionar a economia do Estado de forma significativa

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