Para quem é proprietário de uma academia ou barraca de praia em Fortaleza já são 51 dias de portas fechadas, em decorrência das restrições impostas pela pandemia de Covid-19. No Interior do Estado, esse período de paralisação é ligeiramente menor, 43 dias.
Mas desde o último dia 12 de abril, quando começou a vigorar o novo decreto estadual de flexibilização de atividades econômicas, esses dois segmentos vivem a expectativa de receber a autorização para reabrir, enquanto calculam os prejuízos, incluindo demissões e falências. Hoje, empresários de ambas as categorias esperam o anúncio do governador Camilo Santana (PT) para saber se poderão retornar na próxima segunda-feira, 26, e iniciar um lento processo de recuperação.
Segundo o Sindicato das Empresas de Condicionamento Físico do Estado do Ceará (Sindifit-CE), por exemplo, em 13 meses de pandemia, em média 30% dos estabelecimentos do setor faliram. “Foram quatro meses fechados na primeira onda e já são quase dois meses agora. No nosso Estado, antes da pandemia eram cerca de 2 mil academias em atividade, hoje esse número caiu para cerca de 1.400. No Brasil, a queda foi em proporção semelhante”, lamenta Sasha Reeves, presidente da entidade.
O segmento, contudo, conseguiu se preparar melhor para a segunda onda da pandemia e conseguiu reduzir a perda de alunos. De acordo com Manuela Silva, uma das proprietárias da Marco Zero Crossfit, em 2020, mais de 50% das matrículas foram canceladas quando da primeira paralisação das atividades econômicas não essenciais. Em 2021, essa queda ficou em torno de 20%. “Além de preparar a estrutura para dar os treinamentos de forma virtual, oferecemos material para que todos os nossos alunos matriculados fizessem os exercícios em casa de forma adequada. Eles estão com pesos, barras, bolas, tudo para poder treinar”, lista.
A confiança de que as empresas de condicionamento físico poderão reabrir, pelo menos, parcialmente, aumentou após a publicação, pela Prefeitura de Fortaleza, do Decreto n° 14.992, na última quinta-feira, 22, que inclui academias entre as atividades essenciais e prevê um retorno em quatro fases, variando de 20% a 70% de capacidade de funcionamento a ser autorizada, de acordo com a classificação do nível de risco de contaminação por Covid-19 no município. Decreto similar foi publicado também regulamentando o funcionamento das instituições religiosas, que hoje estão operando com 10% de suas respectivas capacidades.
Por sua vez, o mesmo otimismo não se repete entre os donos de barracas de praia. Os empresários do segmento esperavam ter suas atividades retomadas no último dia 12, juntamente com os demais estabelecimentos que compõem a chamada alimentação fora do lar. O presidente do Sindicato de Restaurantes, Bares, Barracas de Praia, Buffets e Similares do Estado (Sindirest-CE), Dorivan Rocha, diz não compreender a diferenciação. “São áreas que geram maior segurança em termos de risco de contaminação por conta de serem espaços abertos, ao ar livre”, defende.
Ele também cita as dificuldades para que as barracas de praia possam funcionar por meio de entregas em domicílio. “A Praia do Futuro não tem como fazer delivery por conta até das condições geográficas. É totalmente inviável. E é uma prática que eles não tinham e que não é fácil de implantar por várias questões logísticas, operacionais e de custo”, avalia.
A proprietária da barraca Marulho, Fátima Queiroz, que é também presidente da Associação dos Empresários da Praia do Futuro (AEPFuturo) concorda e disse que tentou, sem sucesso implantar o sistema em seu estabelecimento. “Tentamos o delivery, tentamos trabalhar com comida caseira, mas não deu certo. Muitos pedidos chegavam à noite, às vezes após às 21h. Aí ficava inviável para trabalhar naquela nossa região”, relata.
Ela disse também ter precisado demitir cinco de seus 45 funcionários. “Resistimos fortemente até semana passada, mas a gente teve que fazer esses cortes. No nosso ramo, que só aqui na Praia do Futuro gera 2.500 empregos, qualquer dia de receita perdida, até um domingo de chuva não tem como recuperar. Então, nesse período todo de fechamento a gente vem amargando perdas”, lamenta.
A sócia da barraca Órbita Blue, Patrícia Carvalhedo, já teve que abrir mão de um número maior de funcionários. "As barracas de praia têm normalmente um número de funcionários muito grande. Desde o início da pandemia já demitimos, readmitimos, no fim do ano, e demitimos novamente. A diferença entre o ano passado e agora é de uma diminuição de mais ou menos 25% dos funcionários", narra a empresária as etapas vividas no estabelecimento.
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Empresários aguardam hoje anúncio do governador Camilo Santana sobre mais retornos de atividades econômicas no Estado.