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Os impactos do aumento dos combustíveis ao consumidor
Economia

Os impactos do aumento dos combustíveis ao consumidor

Efeito sobre itens básicos de consumo é observado mesmo distante dos postos
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Preços ficaram estáveis entre as duas últimas semanas no Ceará e no Brasil (Foto: Aurélio Alves)
Foto: Aurélio Alves Preços ficaram estáveis entre as duas últimas semanas no Ceará e no Brasil

Os combustíveis não deram trégua para o consumidor em 2021. Gasolina e diesel saltaram 20,19% e 15,69%, respectivamente, só de janeiro a maio. Mesmo distante dos postos, o cearense já consegue enxergar o aumento dos dois derivados de petróleo nas prateleiras dos supermercados. Na internet, a compra online já salta aos olhos, especialmente quando o custo do frete não está embutido no produto. É o impacto sobre diversas cadeias e de difícil controle.

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Gasolina atinge maior valor em 4 semanas no Ceará

A inflação atesta mensalmente o cenário. O setor de transportes - notadamente o que mais depende dos combustíveis - é o de maior variação em 2021. Chega a 5,73%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) de abril. Mas os demais grupos de consumo também são apenados e demonstram isso ao resultar num IPCA que acumula 3,36% de variação no ano.

Efeito em cadeia é a explicação de empresários e especialistas para a subida de preços. Afinal, da indústria, passando pela distribuidora, até à loja ou à casa do cliente, é preciso um meio de transporte - geralmente rodoviário - e cujo combustível é gasolina ou diesel.

Mas, como é de se esperar, só quando os alimentos têm os valores elevados é que o sentimento de alta vem à tona para a população. E é nos supermercados que isso acontece. No Ceará, alimentos e bebidas estão 2,61% mais caros, segundo o IBGE. A cesta básica está 8,87% mais cara do que no ano passado.

"O varejista ainda faz a conta, consegue segurar (o valor) quando faz alguma negociação anterior ao reajuste, mas, depois, quando chegam outras cargas não sustenta e acaba repassando", diz Nidovando Pinheiro, presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu).

A alta dos itens comercializados pelo setor supermercadista é horizontal, sem destaques, e foge do controle, segundo ele. Mas, dentre os inúmeros fatores que possuem influência sobre a elevação de preços, o combustível salta aos olhos do setor.

Inclusive quando o delivery sinalizou uma melhora para o atendimento do cliente e também maior volume de vendas, os combustíveis vieram para tascar um peso a mais para ambos os lados. Nidovando estima que o incremento nas vendas para entrega em domicílio ficou entre 20% e 30% maior desde o início da pandemia. Parte do valor consumido por gasolina ou diesel.

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Nas farmácias, diz o presidente do Sincofarma-CE, Antônio Félix, só não é igual porque o preço dos medicamentos é regulado pelo Governo Federal e só pode aumentar uma vez ao ano. Mas os demais produtos são elevados quando as distribuidoras repassam o aumento do combustível. "Apenas as grandes farmácias trabalham com centros de distribuição. As pequenas dependem da distribuição e tem os itens de conveniência ajustados automaticamente após alta", conta.

E o impacto vai além, segundo Nidovando Pinheiro, ao lembrar do peso sobre demais derivados de petróleo usados pelos supermercados: "outros produtos derivados de petróleo, como as sacolas e embalagens dos produtos, aumentaram 100%... Dobrou de preço. Saco de pão, saco das frutas... isso tem sido um reajuste muito grande", enumera.

Grande e sem controle, acrescenta Bruno Iughetti, especialista da área de petróleo e gás. Sem a desoneração sobre PIS e Cofins que incidia sobre o diesel até o fim do mês passado, o principal combustível de transporte de cargas saltou de valor e não tem expectativas de arrefecer, segundo ele. O mesmo é observado para a gasolina.

"Esperava-se que antes de terminar a desoneração do PIS/Cofins, devia ser vigorado um novo decreto além dos 60 dias, que era a expectativa. O diesel é muito sensível em termos de geração inflacionária. Se não houver um controle, evidentemente, o preço do diesel deve influenciar nas demais cadeias de produção e serviço, como está acontecendo", descreve.

Já a gasolina é apontada pelo especialista como ponto de tensão mais próximo das finanças pessoais, para o consumidor que possui automóvel próprio, mas também para o que recorre à aplicativos de corrida. A alternativa, neste caso, precisa ser feita na calculadora para evitar grandes sobressaltos nas finanças pessoais. (Colaborou Adriano Queiroz)

COMO ECONOMIZAR COMBUSTÍVEL

- Abasteça em postos confiáveis. Evite os postos autuados e/ou interditados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Consulte a lista.

- Aqueça o motor com o veículo em movimento;

- Dirija com calma, sem esticar as marchas;

- Mantenha a manutenção em dia;

- Troque os filtros de ar e de combustível conforme recomendação do fabricante;

- Garanta a calibragem semanal dos pneus (consulte o manual do fabricante);

- Não dê bombeadas no acelerador;

- Apesar de muita gente acreditar que é econômico deixar o carro em ponto morto, essa prática não é recomendada por uma questão de segurança. Se o carro estiver desengatado e sem auxílio do freio-motor, o sistema de freio será mais exigido e poderá falhar.

- O uso do ar-condicionado está ligado diretamente ao consumo de combustível, já que o equipamento é operado pelo motor. Carros com menor cilindrada gastam mais com o ar ligado. Por isso, use o ar apenas quando realmente for necessário.

- Evite transportar peso desnecessário, pois aumenta o consumo.

- Organize seu itinerário, procurando criar uma rota eficiente ou seguindo as instruções dos aplicativos que orientam caminhos mais curtos e rápidos.

Fonte: Associação de consumidores Proteste/Azul Seguros

 

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