Alguns dos principais especialistas em energia no Ceará repercutiram ontem a recente aprovação pela Câmara da Medida Provisória 1031/21 que permite a privatização da Eletrobras e o risco de racionamento de eletricidade em decorrência da crise hídrica que atinge os principais reservatórios da região Centro-Sul, com potencial para afetar todo o sistema de transmissão do Brasil.
Embora tenham se dividido sobre a possibilidade concreta de haver um racionamento nos moldes do que ocorreu em 2001 no País (ou mesmo um apagão), houve unanimidade quanto à existência de entraves para o desenvolvimento das energias renováveis, entre os quais a ausência de legislação mais específica para o segmento e a aprovação da MP da Privatização da Eletrobras. Nesse último caso, a maior crítica foi à inserção de diversos ‘jabutis’, emendas com pouca ou nenhuma relação com o objetivo inicial da medida, principalmente o que trata da contratação de energia termelétrica movida a gás.
“Esse processo de aprovação da privatização da Eletrobras foi muito triste. Eu sou favorável às privatizações, mas foram colocadas condicionantes muito prejudiciais, especialmente para o setor energético do Nordeste, como essa obrigação de contratar usinas térmicas. Não há necessidade disso, quando é possível aumentar o uso de energias renováveis, ao mesmo tempo em que se administra as hidrelétricas. Se a bancada nordestina estivesse alinhada teria barrado esse jabuti”, criticou Jurandir Picanço, consultor de Energia da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec).
Já Daniel Queiroz, diretor do Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Estado do Ceará, Sindienergia, o País perdeu uma janela de oportunidades para expandir sua matriz de energia renovável, enquanto foi considerado grau de investimento pelas agências internacionais de classificação de risco na década passada, e precisa, agora, aproveitar o contexto das reformas tributária e administrativa e de recuperação econômica pós-pandemia.
Quanto ao risco de racionamento no Brasil, Jurandir Picanço disse acreditar que é mínimo e que há uma menor dependência da matriz hidrelétrica em relação à crise de 2001. Para Jonas Becker é preciso inovação para evitar um ‘apagão’, já que deve haver aumento de consumo de energia, especialmente na região Centro-Sul, com a chegada do inverno. Daniel Queiroz destacou a importância do consumidor como protagonista nesse processo.
As declarações ocorreram durante a live Economia na Real, que acontece semanalmente no canal do O POVO no YouTube. O tema dessa edição foi a crise hídrica e o risco de racionamento no Brasil. O projeto tem apresentação de Adailma Mendes, editora-chefe de Economia do O POVO.
Entenda tudo sobre o que deve acontecer com o Ceará a partir da implantação do Hub de Hidrogênio Verde no Complexo do Pecém:
Entender de economia nem sempre é fácil. Ainda mais em tempos como esses, de tantos desafios e com grande volume de informações, que exigem das pessoas uma adaptação muito rápida de cenário. Com o objetivo de manter sua audiência bem informada, em diferentes canais e linguagens, o Grupo de Comunicação O POVO realiza toda quinta-feira, 19 horas, o Economia na Real, que trará semanalmente um time especial de convidados para debater temas importantes que estão dominando o noticiário econômico.
LEIA TAMBÉM | +Programa Jogo Político estreia nesta terça-feira nas plataformas digitais do O POVO
Será um bate-papo mais aprofundado com especialistas sobre o tema quente da semana no noticiário econômico. O programa é para quem acompanha o segmento e quer ouvir mais análises, repercussões e explicações sobre temas que estão na pauta nacional ou regional.
Com uma hora de duração, a live será transmitido sempre às quintas-feiras, às 19 horas, no YouTube, Facebook do O POVO e LinkedIn O POVO. A apresentação é de Adailma Mendes, editora-chefe de Economia do O POVO, e terá como convidados especialistas, empresários, representantes do setor público, privado ou da sociedade civil organizada.
No episódio de estreia, no último dia 17, o tema foi o futuro da economia do Ceará a partir do hub de hidrogênio verde. Participaram da live o secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Ceará (Sedet), Maia Junior; o presidente da Qair Brasil e presidente da Federação das Câmaras Portuguesas no Brasil, Armando Abreu; o diretor-presidente do Parque Tecnológico da Universidade Federal do Ceará (UFC), Fernando Nunes; e o repórter especial de Economia do O POVO Armando Lima.
“A expectativa é de uma ótima receptividade do público. São duas vertentes bem diversas, mas que interessa a todos os públicos. São produtos que estão sendo feitos com muito carinho”, reforça o editor chefe do Núcleo de Imagem do O POVO, Chico Marinho.