Realidade em países como Espanha, Austrália e Malta e em regiões como o Oriente Médio e o Caribe, a dessalinização da água do mar para consumo humano deve deixar de ser algo exótico também para o consumidor de Fortaleza (e Região Metropolitana), em meados de 2025.
O projeto será dividido em, pelo menos duas etapas: a de estudos e licenciamento ambiental e a construção propriamente dita. Inicialmente previstas para começarem apenas no 1º trimestre de 2023, as obras devem ser antecipadas em cerca de três meses e começar ainda no 4º trimestre de 2022. Quando tudo estiver concluído, estima-se que a produção seja de 1m³ por segundo, o suficiente para abastecer 12% da demanda de água da Capital, ou cerca de 720 mil pessoas.
A produção deve ser, inicialmente, distribuída para dois reservatórios em Fortaleza, o do Morro de Santa Terezinha e o da Praça da Imprensa, abastecendo, principalmente os bairros das Regionais 2 e 7. O impacto no sistema hídrico deve ser bem maior, no entanto, já que a rede que abastece a Capital também atende a outros 18 municípios vizinhos. Para o secretário das Cidades, Zezinho Albuquerque, “com a Região Metropolitana demandando menos água de reservatórios no Interior do Estado, como o Castanhão, sobrará mais água para o agricultor”.
O projeto se realizará por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP) entre o governo do Estado do Ceará, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e o Consórcio Águas de Fortaleza, formado pelas empresas brasileiras Marquise e PB Construções, além da espanhola Abengoa Agua, com respectivamente 60%, 30% e 10% da Sociedade de Propósito Específico (SPE) constituída. A concessão de operação da usina é válida por 30 anos. De acordo com o diretor da Marquise Infraestrutura, Renan Carvalho, “o grande destaque do programa, além do pioneirismo e do porte, será o impacto social para o Estado”.
Carvalho detalha que o primeiro passo será “estudar realmente as correntes marinhas, fazer toda a batimetria da área onde vão ser feitas as intervenções e, posteriormente, será feito o licenciamento ambiental. A partir daí, a gente começa efetivamente a obra. O prazo previsto da primeira etapa era de 18 meses, mas a gente projeta que é factível realizar em 15 meses”.
Ele explica que a captação da água no mar, que será realizada a cerca de 2,5 mil metros da costa e a uma profundidade de 14 metros, “é uma obra de maior complexidade até do que a dessalinização em si. Após o início da operação da usina, vem ainda a distribuição, por adutoras, para os dois reservatórios em Fortaleza”.
Durante a solenidade de assinatura da ordem de serviço para o início do projeto, que celebrou também os 50 anos da Cagece, o governador Camilo Santana aproveitou a ocasião para anunciar investimentos da ordem de R$ 1,8 bilhão em obras de saneamento no Estado. No caso de Fortaleza, a ideia é que a rede de esgoto alcance uma cobertura de 75%.