Nos primeiros seis meses deste ano, os financiamentos imobiliários movimentaram mais de R$ 1,65 bilhão no Ceará. O montante representa uma alta de 169% em relação ao primeiro semestre do ano passado e é a maior expansão desde o início da série histórica, em 1994, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Acima da média nacional, de 124%, e o terceiro maior crescimento do País. Atrás apenas de Rio Grande do Norte (193%) e Pará (184%). Apesar da alta de juros e da crise econômica decorrente da pandemia ainda seguir pressionando, a perspectiva do setor é continuar aquecido no restante deste ano.
Ao todo, foram financiados no primeiro semestre 7.914 imóveis no Estado. O número é mais do que o triplo do registrado nos primeiros seis meses de 2020, quando houve a venda de 2.595 unidades.
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Somente no mês de junho, o crédito transacionado com recursos da poupança chegou a R$ 309,1 milhões no Ceará, salto de 114%. O melhor desempenho no ano. Em janeiro, esse montante foi de R$ 262,3 milhões.
O presidente do Sindicato dos Construtores do Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias, explica que o mercado imobiliário cearense está muito aquecido porque de 2015 a 2019 praticamente não houve lançamentos em função do estoque alto de imóveis. O que fez com que os preços se tornassem atrativos. Mas também contribuíram fortemente para esse cenário uma maior valorização das moradias em meio à pandemia e uma taxa de juros abaixo da média histórica de cinco anos atrás.
“E quando a gente observa é que todas as tipologias de imóveis têm registrado bastante procura. Desde os imóveis da faixa do programa Casa Verde e Amarela, que substituiu o Minha Casa, Minha Vida, ao segmento de alto padrão. Há uma explosão na procura em bairros como Presidente Keneddy, Passaré, Eusébio, como também no Meireles, Aldeota e Guararapes”.
No levantamento divulgado ontem pela Abecip constam apenas operações de crédito imobiliário cujos recursos tiveram origem nas cadernetas de poupança – maior fonte de funding do setor. Não entram aí, por exemplo, o crédito com origem no FGTS, segunda maior fonte. Mas valem tanto para aquisição de imóveis prontos, novos e usados, como também empréstimos para construção da casa própria.
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Este último segmento, aliás, vem despontando no mercado, com alta de 418% no primeiro semestre de 2021, ante igual período do ano passado. Foi a segunda maior variação do País, atrás apenas de Sergipe (422%).
No País, os financiamentos imobiliários para a compra e a construção de moradias totalizaram R$ 97 bilhões no primeiro semestre de 2021, o que representa uma alta de 124% em relação a igual período de 2020. Até o fim deste ano, a projeção é de que esses números cheguem a R$ 195 bilhões, crescimento de 57%, afirma a presidente da Abecip, Cristiane Portella.
Ela acrescenta que esse combo - preços mais acessíveis em razão do estoque alto de anos anteriores, mudança de hábitos na pandemia e maior acesso ao crédito - têm favorecido o crescimento dos financiamentos em todas as regiões do País. Há ainda uma perspectiva de melhora da economia. “O financiamento às aquisições está sendo o grande propulsor. Neste ano, batemos pela primeira vez a marca de R$ 15 bilhões em concessões num só mês, agora em junho”.