Os setores de comércio e indústria encerraram 2021 com resultados bem distintos: o primeiro apresentou retração de 1,4% no ano, enquanto o segundo apresentou avanço de 3,7%. Os dados anuais foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A análise que se tem é que o impacto da inflação no mercado interno foi fator determinante para o resultado.
A indústria cearense sofreu menos com esse impacto sobre o consumo por ser mais internacionalizada. Indústria com o maior peso de produção no Ceará, a fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos, expandiu 12,2%. Já a segunda mais representativa, a de fabricação de produtos de minerais não-metálicos teve avanço na mesma proporção, 12,2%.
No comércio, o volume de vendas do comércio varejista encerrou 2021 em queda no Ceará tanto na passagem de novembro para dezembro (-1,7%), quanto ante igual mês de 2020 (-8,9%) e no acumulado do ano (-3,3%). O resultado foi positivo de janeiro a dezembro apenas quando se considera o varejo ampliado (7,1%), que inclui veículos, motocicletas, partes e peças.
Para Davi Azim Filho, membro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), o impacto da inflação sobre a renda dos cearenses foi fator determinante em 2021. "Além dos preços altos, a inflação corrói o poder aquisitivo das pessoas. Então é natural que o comércio tenha sua atividade reduzida porque o poder econômico tem piorado."
"As indústrias vendem mais, pois há uma perspectiva positiva para exportação por conta do real desvalorizado. Vendemos muitos calçados para os Estados Unidos, por exemplo. Há um incentivo à exportação", analisa.
Na análise do conjunto de produtos que mais foram vendidos no comércio cearense, destaque para o avanço de 8,7% nos combustíveis e lubrificantes. Também houve alta nos produtos alimentícios bebidas e fumo, e hipermercados, supermercados, de 6,9% e 5,6%, respectivamente.
No comparativo entre o comércio cearense e o nacional, os dados revelam uma disparidade importante. Enquanto o varejo local retraiu em 2021, o varejo nacional subiu 1,4%. Mas, no comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e de material de construção, o volume de vendas acumulou alta de 4,5% em 2021, percentual menor que o do Ceará.
Sobre as perspectivas para o desenvolvimento dos setores em 2022, o economista do Corecon-CE entende que o cenário de Selic alta e eleições aproximando-se, a tendência é que o consumo caminhe em ritmo lento. "Com a Selic elevada, dificulta também o crédito, diminuindo a possibilidade de compra de produtos industrializados, de maior valor agregado. O crédito está caro e não incentiva o consumo", analisa.
Custo da construção civil no Ceará registra 4º maior alta do Brasil em janeiro
O gasto médio na construção civil por metro quadrado (m²) no Ceará inicia o ano com registro da quarta maior alta de preços do Brasil. O resultado é medido pelo Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), conforme divulgado na manhã de hoje, quarta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Estado, o aumento registrado no comparativo entre janeiro deste ano e dezembro do ano passado foi de 1,58%.
Encarecimento no Ceará fica acima da média brasileira de 0,72%. No comparativo nacional, os estados do Norte e Nordeste foram os que mais registraram aumentos de preços nas atividades relacionadas à construção civil.
A maior alta do País foi computada em Alagoas, onde o custo por metro quadrado subiu 4,30% com relação aos valores praticados em dezembro de 2021. Na sequência veio Tocantins, com elevação de 4,14% e em terceiro lugar, o Piauí, com alta de 3,34%.
Com os aumentos registrados no primeiro mês do ano, Ceará inicia 2022 com o sexto metro quadrado mais caro para construção entre os nove estados do Nordeste. O custo médio de construção no Estado chega ao patamar de R$ 1.417,43.
Valor é R$ 211,75 mais caro do que o registrado há um ano, quando em janeiro de 2021, o valor médio por metro quadrado no Ceará era de R$ 1.205,68. Salto no preço é de 17,56% em um ano.
Embutidos na alta, o custo de mão de obra no Estado para construção civil computa aumento de 8,47% entre janeiro de 2021 e janeiro de 2022, tendo saído de R$ 483,14 no ano passado para R$ 524,11 no começo deste ano, com alta de R$ 40,97.
O maior vilão do aumento do custo da construção civil no Ceará, porém, diferentemente do que ocorre no cenário nacional, são as despesas com os materiais utilizados nas obras.
Em janeiro de 2021, no Estado, eram gastos, em média, R$ 581,76 com material para construção de cada metro quadrado. Um ano depois, esse valor saltou para R$ 719,31. O aumento de R$ 137,55 representa um encarecimento médio de 23,64%.
O preço mais caro do Nordeste encontra-se na Bahia, onde, em média, são necessários R$ 1.493,47 para construir um metro quadrado. Rio Grande do Norte, por outro lado, apresenta o mais barato, com preço de R$ 1.337,76.
Com os saldos de cada estado, a média de preço por metro quadrado para construção na região Nordeste ficou em R$ 1.433,20. O Nordeste computa a segunda maior alta para o mês de janeiro no comparativo com as demais regiões do Brasil, com encarecimento de 1,05% no preço por metro quadrado.
Em primeiro lugar no comparativo de altas por região, o Norte do Brasil registra um encarecimento médio de 1,24% e atinge o patamar de R$ 1.525,10 por cada m² construído. A terceira maior alta do País foi registrada pelo Centro-Oeste, com encarecimento de 0,79%, seguido pelo Sudeste, com 0,48% e Sul (0,32%).
Apesar de registrar a segunda menor alta de preços no m2 construído, o Sul do Brasil apresenta o maior patamar médio de preço para construção civil, com custo de R$ 1.599,93. Na sequência, a região sudeste apresenta preço médio de R$ 1.579,80 e o Centro-Oeste, R$ 1.515,22 (menor valor do País).
Conforme o IBGE, o cenário nacional apresenta contexto positivo, com menor alta computada desde agosto de 2021 e redução da influência do preço dos materiais de construção no custo por metro quadrado.
“O início de 2022 foi marcado por uma menor pressão de aumento de preços. Janeiro é o terceiro mês consecutivo em que a parcela dos materiais exerce uma menor pressão na variação mensal. Em novembro, a parcela de materiais teve alta de 1,66%, em dezembro de 0,76% e em janeiro de 0,63%", conforme detalha o gerente do Sinapi, Augusto Oliveira.
Ele reforça ainda que os aumentos expressivos registrados em Alagoas, Tocantins e no Piauí refletem acordos coletivos firmados para reajustes salariais dos trabalhadores do setor. "Janeiro tem como característica o impacto do aumento do salário mínimo nacional nas categorias sem qualificação, que têm piso muito próximo a esse valor. Serventes e auxiliares têm um reajuste que não é relacionado aos dissídios captados, mas porque as empresas precisam se adequar ao novo piso nacional, que teve alta de 10,2%”, explica Augusto.
Grande Fortaleza registra 6ª maior inflação do Brasil
O ano de 2022 começou sem alívio no bolso aos consumidores da Grande Fortaleza. Em janeiro deste ano, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,73% em relação à dezembro do ano passado. Foi a sexta maior do País e acima da inflação oficial do País que ficou em 0,53%, o maior patamar para o mês desde 2016.
Os dados foram divulgados ontem pelo IBGE. Na Região Metropolitana de Fortaleza, a inflação em janeiro foi influenciada fortemente pelo encarecimento de bens de consumo relacionados à residência (1,51%) e também produtos de vestuário (1,26%).
O levantamento expressa ainda um aumento generalizado de preços de 11,03% nos últimos 12 meses. Acima dos 10,63% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Além disso, a RMF foi destaque na elevação de custos aos consumidores com o transporte público, com inflação de 8,55% a partir de 15 de janeiro no preço das passagens, maior reajuste registrado pelo IBGE, influenciando a média nacional de encarecimento do transporte público no País.
No comparativo nacional, Aracaju computou a maior variação de preços do País, com encarecimento médio de 0,90% nos produtos e serviços ofertados no mercado do municípios. Na sequência, aparecem Rio branco, com alta de 0,87%, Salvador com 0,86%, Belo Horizonte (0,80%) e Goiânia (0,74%).
(Alan Magno)
Indústria
No Brasil, a produção industrial fechou o ano de 2021 com alta de 3,9% e desempenho positivo em 9 dos 15 locais pesquisados pelo IBGE. A maior alta foi observada em Santa Catarina (10,3%)