Com a meta de capacitar 100 mil jovens cearenses em até cinco anos para a área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), o Governo do Ceará lançou ontem o projeto C-Jovem. A iniciativa, realizada em parceria com empresas, entidades setoriais e instituições de ensino superior, visa avançar na formação e empregabilidade de estudantes da rede pública.
O projeto-piloto do programa começa com a capacitação de mais de 200 professores e deve atender 4.358 alunos dos cursos técnicos em Rede de Computadores e Informática de 109 Escolas Estaduais de Educação Profissional (EEEPs) ainda no primeiro semestre de 2022.
"A partir do segundo semestre avançaremos de acordo com as avaliações, com os alunos sendo preparados para o mercado de trabalho, e com um certificado internacional", informou a secretária estadual da Educação, Eliana Estrela.
Cumprimentando a presença "forte e inspiradora" de professores à solenidade, a governadora Izolda Cela ressaltou que "em torno de 86% dos jovens cearenses estão nas escolas públicas, e todo movimento voltado para sermos uma sociedade melhor passa necessariamente pelo que acontece com eles".
Em relação aos desafios da transformação digital nos últimos anos, sublinhou: "As barreiras digitais no Brasil ainda são muito fortes. É preciso ter conectividade, estrutura, pessoas com acesso aos equipamentos, é preciso ter educação. Eu posso dizer que aqui no Ceará nós temos, ao longo desses anos, insurgido com relação a essa situação que infelizmente ainda prevalece. Temos melhorado a educação e temos políticas afirmativas para fazer frente a essa desigualdade".
Dentre os participantes desta primeira fase do projeto, está o aluno do 3º ano de ensino médio na EEEP Paulo VI, Rubem Braga, de 17 anos. Ele que tem afinidade com as novas tecnologias, pensa em fazer graduação em Desenvolvimento de Sistemas. "Tenho muito interesse nessa área, principalmente, em banco de dados. Meu professor me mostrou o AWS Academy, curso da Amazon, explicou sobre esse projeto, fui estudando, me interessei bastante e acompanhei com ele. Estou ansioso e com expectativas muito altas."
A ação é fruto de uma proposta conjunta do Governo do Ceará, por meio das Secretarias da Educação (Seduc); do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet); Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Secitece); e Planejamento e Gestão (Seplag), por intermédio da Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Ceará (Etice).
São parcerias as empresas Amazon Web Services (AWS), DELL, Huawei, Google e Oracle. Também participam Sebrae/CE, Federação das Indústrias do Ceará (FIEC/Senai), Federação do Comércio do Ceará (Fecomércio/Senac), Instituto Iracema Digital e Instituto Atlântico. Além do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Universidade Estadual do Ceará (Uece) e Universidade Federal do Ceará (UFC).
"Não tenho dúvidas do potencial do Ceará e do que podemos fazer. É uma honra para nossa empresa continuar investindo no estado. Estamos extremamente felizes em poder participar de um programa revolucionário, que atinge a vocação e a oportunidade numa área que, certamente, tem pelo menos mais dez anos de longevidade no que diz respeito à falta de mão de obra. Eu creio que o Ceará é uma potência", avaliou o gerente nacional da Amazon Web Services, Paulo Cunha.
Trilhas de conhecimento do projeto
- Nuvem
- Infraestrutura 5G
- Fullstack
- Inteligência artificial
- Java
- Desenvolvimento Android
Demanda do mercado de novas tecnologias
“Esse projeto nasce de uma demanda latente do mercado de T.I que a gente viu se fortalecer ainda mais com a pandemia de Covid-19. A gente sentiu que precisava combater esse apagão de profissionais unindo esforços para gerar oportunidade de emprego e renda, mudar a realidade do jovem do Ceará e melhorar a oferta de profissionais de tecnologia no mercado, não só em número mas também em qualidade, pela formação curricular alinhada com a demanda de setores estratégicos”, destacou a coordenadora de Promoção de Negócios na área de Comércio, Serviços e Inovação da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), Natasha Grzybowsk.
Ela explica que o projeto deve funcionar por meio de uma estrutura de escalabilidade, com células compostas por um coordenador, 10 mentores e 100 alunos, em que o mentor será um jovem do ensino superior de uma das IES parceiras.
“Através de projeto de extensão das instituições de ensino superior parceiras como UFC, Uece e IFCE, além da oferta integrada da escola profissionalizante, a gente dá o protagonismo para um jovem apoiar o outro”, afirma.
E reforça que esta é uma área onde o Ceará já tem dado alguns passos. "Para mostrar que o nosso jovem tem esse potencial de se fortalecer cada vez mais, 3.265 apenas do ensino médio de 172 municípios do Ceará, de forma bastante capilarizada, ganharam ou menção honrosa ou medalha nas últimas cinco edições da Olimpíada Brasileira de Matemática das escolas públicas", cita.