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Desde 2019, gasolina encareceu 75% no Ceará; diesel avançou 105%
Economia

Desde 2019, gasolina encareceu 75% no Ceará; diesel avançou 105%

| CARESTIA | No início de 2019, valor médio da gasolina no Ceará era de R$ 4,272 e do diesel R$ 3,694. Mercado projeta queda para patamar próximo de R$ 6 na gasolina ao reduzir o ICMS
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VALOR já caiu no Ceará após mudança no preço base de  cobrança do ICMS (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita VALOR já caiu no Ceará após mudança no preço base de cobrança do ICMS

Desde o início de 2019 até o fechamento de junho, o preço médio da gasolina nos postos de combustíveis no Ceará subiu 75,93% e o diesel subiu 105%. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), no início da série analisada, o valor médio da gasolina no Ceará era de R$ 4,272 e do diesel R$ 3,694.

Em meio aos aumentos, o Congresso e o Governo Federal se movimentaram para mudar as regras do ICMS, tornando combustíveis artigos essenciais para fins de tributação. Aprovada a Lei Complementar 194/2022, que também representou a suspensão da cobrança de impostos federais sobre a gasolina, a expectativa do mercado é de que o combustível nos postos do Ceará possam cair até R$ 1,50 (-19,7%) com base no preço praticado na época da aprovação, no fim de junho.

De acordo com a pesquisa semanal da ANP (26/6) do período da aprovação da LC, o preço médio da gasolina no Ceará era de R$ 7,58. Caso a projeção se confirme integralmente, o preço cairia para R$ 6,08. Ainda assim, nota-se carestia de 42,3%.

Esse encarecimento dos combustíveis gera um efeito em cadeia que tem pressionado diversos setores e enfraquecido a economia. Em cinco anos, a inflação oficial do Brasil fez o real perder 30% de seu poder de compra e o País tem a terceira maior inflação entre as grandes economias, revelou relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Desde 1999, o Brasil adota um regime de metas de inflação, com uma margem para mais e para menos, e controla os impulsos inflacionários via taxa de juros - se os preços sobem e a inflação aumenta, crescem os juros; se a inflação baixa, há espaço para redução.

Mesmo com as metas, tem sido difícil controlar a inflação no Brasil. Em 2019, a alta acumulada foi de 4,31%, puxada pelo avanço do preço das carnes (32,4% naquele ano). Em 2020, mesmo com a pandemia paralisando a economia, a inflação fechou em 4,52%, com forte pressão de alta dos alimentos (+14,09%).

Posto de combustível
Posto de combustível (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

A partir de 2021, a inflação ficou descontrolada, com alta de 10,06%, estourando o limite do sistema de metas, sendo puxada para cima pelos combustíveis (+47,49% pela gasolina e 62,23% pelo etanol). Em 2022, as altas continuam e fechou-se o primeiro semestre com inflação acumulada de 5,49%, índice superior à média anual de 2019 e 2020. O Banco Central já admite mais um ano de inflação fora da meta.

Dado o histórico, o doutor em Economia e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Almir Bittencourt, explica que o mundo passa por um contexto diferente de crise após a pandemia. A inflação se tornou um problema mundial pois as cadeias econômicas não se ordenaram na forma e velocidade que se esperava, agravando problemas e gerando outros novos.

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"Há um risco de recessão mundial baseada na retração de oferta, pois a pandemia propiciou isso, já que as empresas não podiam produzir para atender a demanda mundial. E todo sistema mundial não conseguiu reacender no nível esperado, gerando um desbalanço entre oferta e demanda nesta retomada."

E completa: "Faltando produtos, a tendência é aumentar o preço".

Sobre o peso do encarecimento dos combustíveis para a economia brasileira, o professor destaca o fato de que nossa estrutura de transportes foi montada baseada no transporte rodoviário, com dependência dos fretes autônomos, que dependem da variação dos custos dos combustíveis.

DF e estados reduzem ICMS sobre combustíveis | Economia na Real

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Petróleo

Os contratos para o óleo tipo Brent, com entrega em setembro fecharam a US$ 100,69, queda de 2,02% em um dia. No mês, a retração chega a 7,7%. O petróleo em queda praticamente anulou a defasagem entre os preços dos combustíveis praticados nas refinarias no Brasil e os negociados no Exterior.

EXPECTATIVA

Segundo cálculos da equipe econômica do Banco Original (Marco Caruso, economista-chefe e Eduardo Vilarim, economista) sobre o IPCA, o corte no ICMS deverá contribuir para uma menor inflação na cesta de produtos. Para o fechamento de 2022, a equipe prevê IPCA de 7,3%.

DESEMPENHO DA PETROBRAS

2019: A Petrobras informou que registrou lucro líquido de R$ 40,1 bilhões, o que representou crescimento de 55,7% na comparação com o ano anterior. Esse foi o maior lucro nominal da história da companhia. Ajudou nessa soma os desinvestimentos, como a venda do controle da BR Distribuidora e da TAG Investimentos. A Petrobras informou ainda que o seu valor de mercado cresceu 25%, passando de US$ 80,9 bilhões no final de 2018 para US$ 101,1 bilhões em dezembro de 2019.

2020: A pandemia justificou uma queda no lucro líquido da Petrobras no fechamento do ano, registrando R$ 7 bilhões, uma queda de 82,3% na comparação com o recorde de 2019. Apesar do menor lucro, a Petrobras diminuiu em US$ 15,7 bilhões sua dívida líquida e pagou R$ 10,3 bilhões de dividendos a acionistas.

2021: A Petrobras anunciou novo lucro líquido recorde de R$ 106,6 bilhões em 2021. Após o tombo de 2020 em meio à pandemia, a estatal teve avanço anual de 1.400,7% nos lucros. Esse lucro também foi o maior já registrado por empresas de capital aberto no Brasil. Por conta disso, a empresa distribuiu US$ 37,3 bilhões (mais de R$ 100 bilhões na cotação) em dividendos, outro recorde. O resultado foi explicado como consequência do aumento de 77% do preço do barril de petróleo Brent e "a retomada da demanda interna por combustíveis". Ainda entraram no caixa da estatal US$ 4,8 bilhões em vendas de ativos, como a refinaria Landulpho Alves, na Bahia, e a conclusão da oferta de ações da Petrobras Distribuidora, no valor de US$ 2,2 bilhões.

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