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ArcelorMittal mira hub de H2V para zerar emissões de carbono até 2050
Economia

ArcelorMittal mira hub de H2V para zerar emissões de carbono até 2050

| EXCLUSIVO | Jorge Oliveira, CEO da ArcelorMittal na América do Sul, comenta os planos da empresa para a CSP, destacando potenciais locais e apontando os novos caminhos da companhia
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EXECUTIVO falou com exclusividade ao O POVO (Foto: Arquivo ArcelorMittal/Divulgação)
Foto: Arquivo ArcelorMittal/Divulgação EXECUTIVO falou com exclusividade ao O POVO

À espera da aprovação do Cade para selar o contrato de compra da Companhia Siderúrgica do Pecém com a brasileira Vale a as sul-coreanas Dongkuk e Posco, a ArcelorMittal planeja o futuro da unidade ciente das potencialidades do Ceará que a atraíram para o negócio. Em exclusiva ao O POVO, Jorge Oliveira adianta alguns pontos.

O OPOVO - O que atraiu a ArcelorMittal ao Ceará e qual avaliação faz da CSP?

Jorge Oliveira - Estamos muito satisfeitos com a proposta de aquisição e a principal notícia hoje é a confiança do Grupo ArcelorMittal no Brasil. A CSP tem capacidade de produção de 3 milhões de toneladas/ano, e pretendemos continuar operando com este volume. A planta é eficiente, moderna e já conta com infraestrutura instalada - aciaria, terrenos, portos -, o que foi um atrativo para a aquisição. Novos investimentos podem ser avaliados no futuro.

OP - Qual a expectativa da ArcelorMittal de rever o investimento na CSP? Vai precisar investir quanto para chegar na produção que querem e esse investimento significa o quê na prática?

Jorge - Não temos plano de crescimento para a CSP a curto prazo. Hoje, a CSP produz placas de aço para o mercado doméstico e exportação. Nosso planejamento é continuar fornecendo para ambos os mercados, com potencial de fornecer para o próprio Grupo ArcelorMittal, incluindo as operações da Companhia na Europa. Com relação a possibilidade de ampliação da atuação, vamos avaliar futuramente. O que posso garantir é que a região onde a CSP está instalada é estratégica, com fontes abundantes de energia renovável e foco no desenvolvimento de infraestrutura de hidrogênio verde.

OP - No comunicado ao mercado divulgado ontem, há menção ao hidrogênio verde: há planos de investir em planta própria? Devem comprar das usinas planejadas para o Ceará? Se comprar, de quem será? Vão ter parcerias?

Jorge - O Grupo ArcelorMittal foi pioneiro no setor ao lançar a meta de ser carbono neutro até 2050, compromisso que vale para todas as suas operações, incluindo o Brasil. A aquisição de uma planta no estado do Ceará, que tem planos de se tornar um hub para a produção de hidrogênio verde, vai nos ajudar no desafio de descarbonização da ArcelorMittal.

A região possui um enorme potencial para geração de energia solar e eólica, portanto, há um caminho claro dentro da estratégica de descarbonização do nosso grupo.

OP - Como será o projeto de descarbonização e como envolverá a CSP? Quais prazos e etapas estão envolvidos e que parcerias querem fazer?

Jorge - Vamos avaliar as opções no futuro para descarbonizar a CSP, juntamente com nossas outras operações brasileiras de forma mais ampla, seguindo o compromisso de nosso grupo para neutralidade em 2050. No curto prazo, acredito que podemos reduzir as emissões de carbono das operações na unidade por meio da melhoria da eficiência operacional e energética. Também vamos avaliar o uso de gás natural como opção para injeção no alto-forno.

OP - Qual a projeção sobre a sinergia dos negócios com a conclusão de compra da CSP para investimentos futuros, previsão de crescimento, já que a CSP até ainda opera no vermelho?

Jorge - A CSP é um negócio moderno, eficiente, consolidado, lucrativo e com profissionais extremamente capacitados e competentes. Esta é uma aquisição que agrega valor à ArcelorMittal, acelerando significativamente a estratégia de crescimento do Grupo em mercados emergentes, com base em seus projetos de crescimento anunciados anteriormente no Brasil, México e Libéria. Além disso, o negócio também fortalece a posição da Companhia no mercado siderúrgico brasileiro, no qual acreditamos que terá um aumento da demanda por aço no médio e longo prazo. A ArcelorMittal Brasil está investindo ainda R$ 7,8 bilhões para expandir unidades produtivas em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Santa Catarina – o maior investimento em curso da indústria do aço no país. A mensagem é muito clara, o Grupo mundial acredita e confia no Brasil, o que é motivo de muita alegria e orgulho para todos nós.

OP - Como ficam os mercados ou as vendas que a CSP mantém contratos?

Jorge - Uma vez concluído o processo de aquisição, vamos continuar fornecendo placas para o mercado interno e para o mercado externo. Não temos intenção de mudar essa estratégia.

OP - E os empregados da CSP? Há expectativa de contratação ou redução das equipes? Ou novos treinamentos?

Jorge - E, como sempre digo, no centro de todos esses projetos, iniciativas, investimentos e programas, estão as pessoas. Nossos empregados e parceiros são os grandes responsáveis pelos resultados que registramos a cada ano. Eles são o centro de tudo e a quem devemos todo o nosso agradecimento. Todos eles, inclusive eu, temos muito orgulho de trabalhar na ArcelorMittal, um grupo que zela pelo respeito, transparência, ética e diálogo com seus colaboradores. E todo esse trabalho será refletido na nova planta adquirida. Tenho certeza que nossos futuros colegas da CSP terão também muito orgulho de fazer parte do Grupo ArcelorMittal. O processo de transição será pautado no respeito às pessoas e transparência nas relações.

OP - Empreendimentos do porte da CSP têm benefícios concedidos pelo governo estadual. Quais deles a Arcelor pretende manter ou ampliar? Há também demandas sobre possíveis gargalos para a operação da empresa no Estado?

Jorge - O acordo (de compra) está sujeito às aprovações corporativas dos vendedores e regulatórias, incluindo a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). Somente após a aprovação dos órgãos reguladores, a empresa vai analisar estas questões. Até a conclusão da operação, a ArcelorMittal Brasil e a CSP permanecem operando de forma separada e independente.

 

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A ARCELORMITTAL E A INDÚSTRIA SIDERÚRGICA

Produção Brasileira de Aço Bruto - 2021

Brasil: 36,071 milhões de toneladas

Ceará: 2,937 milhões de toneladas

Fonte: Instituto Aço Brasil

Os maiores produtores de Aço Bruto no mundo em 2020:

  1. China Baowu Group (China): 115,29 milhões de toneladas
  2. ArcelorMittal (Índia): 78,46 milhões de toneladas
  3. HBIS Group (China): 43,76 milhões de toneladas
  4. Shagang Group (China): 41,59 milhões de toneladas
  5. NSSC Group (Japão): 41,58 milhões de toneladas

Fonte: Worldsteel Association

Participação de empresas no mercado brasileiro

Produção Nacional de Aço Bruto - 2020

  • Gerdau: 20%
  • ArcelorMittal (Tubarão-ES): 16%
  • Ternium Brasil: 13%
  • CSN: 12%
  • ArcelorMittal Aços Longos: 9%
  • Usiminas: 9%
  • CSP: 9%
  • Outros: 12%

Fonte: Instituto Aço Brasil

 

A ArcelorMittal no Brasil em números

Toneladas Capacidade de produção anual de 12,5 milhões de toneladas de aço bruto.

Minério de Ferro Capacidade de produção anual de 7 milhões de toneladas de minério de ferro.
Empregados Cerca de 16 mil empregados.

Vendas Vendas de 9,3 milhões de toneladas de produtos em 2020.

Receita Líquida Receita líquida consolidada de R$ 33,070 bilhões em 2020.

Geração de Caixa Operacional Geração de caixa operacional (EBITDA) de R$ 5,083 bilhões em 2020.

A ArcelorMittal Tubarão fabrica semi-acabados de aço – placas e bobinas laminadas a quente. Com capacidade de produção anual de 7,5 milhões de toneladas de aço, emprega diretamente cerca de 5 mil pessoas e mais de 5 mil indiretamente.

A operação da ArcelorMittal com ações longos tem operações industriais em cinco estados do Brasil: Bahia, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

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