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Contagem regressiva para a primeira molécula de hidrogênio verde no Ceará
Reportagem

Contagem regressiva para a primeira molécula de hidrogênio verde no Ceará

| Pecém H2V | EDP Brasil executa estratégia de negócios que projeta a produção de H2V em dezembro de 2022 e, segundo cronograma de instalação da usina piloto da companhia, o projeto executivo deve ser concluído no próximo mês
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H2V foi gerado em usina a carvão no Pecém (Foto: Antonio Azevedo/Divulgação)
Foto: Antonio Azevedo/Divulgação H2V foi gerado em usina a carvão no Pecém

A usina de produção de hidrogênio verde (H2V) da EDP Brasil projetada para o Ceará tem em maio deste ano a data de entrega do projeto executivo. É uma nova etapa da iniciativa que promete a produção industrial da primeira molécula de H2V do País, em dezembro de 2022. Com investimento de R$ 42 milhões e protocolo já assinado com o governo cearense, o empreendimento coloca o Estado como um dos pioneiros deste novo segmento no mundo, pois representa o início do hub de hidrogênio verde do Estado.

O cronograma de instalação ao qual O POVO teve acesso indica ainda que a usina fotovoltaica da planta piloto, que está em obras desde março deste ano, deve ser concluída em junho próximo. Mesmo de porte pequeno, a usina batizada de Pecém H2V vai ancorar e servir de exemplo para os quase 20 projetos de hidrogênio verde já planejados para o Estado, além de ser mais um avanço da empresa na meta de se tornar 100% verde até 2030 – hoje, possui 75% dos ativos em renováveis.

A companhia, como ressaltou o CEO João Marques da Cruz em evento para investidores na última terça-feira, 20, está em um processo de reciclagem de capital e tem negociações avançadas para a venda das três hidrelétricas que possui no Brasil. Os recursos devem ser convertidos nos novos projetos, com destaque para geração solar e hidrogênio verde.

Marques da Cruz destacou que “o Brasil tem uma vocação natural para liderar a transição energética” e, ao mencionar os desafios da EDP Brasil, ele classificou o hidrogênio verde como “o futuro”. “E queremos estar ativos neste futuro, quer em funções de mobilidade – ou seja, ônibus que possam ser em hidrogênio – e também usinas de grande dimensão pensadas para exportação”, afirmou.

Estrutura e envolvidos no projeto

O projeto da Pecém H2V prevê a geração de 22,3 quilos por hora de hidrogênio (kg/h) – ou 250 metros cúbicos normais por hora (Nm³/h) – a partir de uma planta de eletrólise (processo pelo qual o hidrogênio é extraído da molécula de água com a utilização de energia) de 1,25 megawatts (MW). Uma usina fotovoltaica de capacidade instalada de 3 MW também será construída com dedicação exclusiva para alimentar o eletrolisador.

São equipamentos que contam com mais três empresas envolvidas, além da própria EDP Brasil. Sob a responsabilidade da idealizadora do projeto estão a construção da usina solar e a conexão dela à UTE Pecém – a térmica a carvão operada pela EDP no Complexo do Pecém.

A fornecedora para a eletrólise será a Hytron, empresa fundada em 2003 como spin-off da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação (Iati), com sede em Recife (PE), deve desenvolver o sistema de controle de chama para aplicações industriais, a avaliação de equipamento de armazenamento de H2 com tecnologia mais leve e resistente, o índice de avaliação energética e um respectivo Selo de Sustentabilidade.

Já o Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Geisel/UFRJ) irá conferir a viabilidade econômica e mercadológica a partir de uma plataforma de simulação para avaliação de cenários da escalabilidade da produção de H2 e um novo modelo de negócio com abrangência e expansão do mercado de H2 nacional e internacional.

De acordo com o cronograma, o modelo de negócio deve ser entregue em novembro deste ano.
“Temos estudos sendo feitos para criar mercado. Nós não avançamos no hidrogênio hoje porque efetivamente o mercado não está pronto para o próximo passo. Mas nós acreditamos que para produzir nós estaremos prontos porque já compramos o que temos que comprar, já efetivamos os equipamentos para fazer isso e aguardamos que dezembro traga essa primeira molécula para cá”, reforçou Luiz Otavio Henriques, vice-presidente de Geração e Redes da EDP Brasil no mesmo evento para investidores.

Investimentos

Ele classificou o H2V como “xodó” da companhia a ocasião, logo depois de destacar a capacidade de investimento da empresa em 2021, quando bateu recordes e conseguiu distribuir dividendos entre os acionistas.

No que diz respeito ao projeto no Pecém, até outubro do ano passado, um mês após a assinatura do contrato com a Hytron para a construção da unidade onde ocorrerá a eletrólise, o desembolso pela EDP Brasil tinha sido de R$ 5,27 bilhões.

Do montante previsto, a estratégia de investimento da companhia estima a maior parte da aplicação (26,6%) em pesquisa e desenvolvimento, enquanto o Capex EDP é de 14,7% e os 1% restantes devem ser adquiridos em contrapartida das executoras.

A organização e confiança expressa para o projeto tem na configuração da empresa um dos pilares de confiança, vide a exclamação do CEO aos investidores: “Acreditamos que temos uma organização ágil e eficiente dentro de um grande grupo mundial, que é o Grupo EDP, mas que o Brasil é o segundo em 28 dos mercados em que a EDP está. Ora, alguns negócios em que o Brasil é o primeiro do mundo – talvez em futebol. Mas estar em 2º em 28 mostra como o Grupo EDP está engajado com o Brasil.”

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