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Cresce procura por programas de habitação popular com uso do FGTS
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Cresce procura por programas de habitação popular com uso do FGTS

| PARA FUGIR DOS CORTES | Estado tem três projetos em análise no MDR para construção de conjuntos com 1.088 unidades. Programa Pró-Moradia virou alternativa ao Casa Verde Amarela
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ESTADOS e municípios buscam o Pró-Moradia para dar continuidade às políticas de habitação. (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE ESTADOS e municípios buscam o Pró-Moradia para dar continuidade às políticas de habitação.

O Orçamento da União para 2023 prevê corte de 93% para investimentos em moradia popular. Diante deste cenário, tem crescido no Brasil a demanda de estados e municípios por projetos que reduzam essa dependência, como o programa Pró-Moradia, que tem como fonte de recursos o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

O Governo do Ceará já possui três projetos de conjuntos habitacionais, totalizando 1.088 moradias, na fila de liberação para 2023.

O objetivo, segundo a Secretaria de Cidades do Estado, é produzir 320 unidades habitacionais para reassentamento das famílias impactadas pelas obras do VLT e 768 unidades habitacionais para famílias de baixa renda.

O POVO apurou que a Prefeitura de Fortaleza também desenvolve projetos a serem inscritos no Pró-Moradia.

O programa Pró-Moradia é antigo, mas foi revitalizado no ano passado. Agora, além de melhorias habitacionais, prevê urbanização, regulamentação fundiária, intervenção estruturante, além da construção de conjuntos habitacionais. Estados e municípios brasileiros enxergam a iniciativa como alternativa, pois há previsão de recursos com prazos mais longos e com menores custos.

"O Pró-Moradia é um programa antigo que nós fizemos ajustes possibilitando a produção habitacional pura. Então a prefeitura ou estado pode pleitear recurso através da Secretaria Nacional de Habitação, a gente utiliza recursos do FGTS, que são concedidos para que eles desenvolvam uma política pública de habitação", explica o secretário nacional de Habitação do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), Alfredo Santos.

Ele destaca que o foco principal é na melhoria habitacional, possibilitando que as famílias possam melhorar a infraestrutura, fazer reformas e ampliações, por exemplo. "E o órgão local que decide o nível de subsídio das famílias, se vai ter devolução ou não. Os ajustes no programa permitiram a ampliação do número de pedidos de projeto de 174 ao ano em 2021, para 540 pedidos entre janeiro e junho de 2022."

Moradores de Fortaleza que foram impactados pelas obras do VLT são alvo de projeto habitacional do Estado que prevê construção de moradias.
Moradores de Fortaleza que foram impactados pelas obras do VLT são alvo de projeto habitacional do Estado que prevê construção de moradias. (Foto: FCO FONTENELE)

Neste ano, a verba de FGTS disponível para o programa é de R$ 1,1 bilhão. O Orçamento Plurianual do Conselho Curador do FGTS 2023-2025 prevê que para o próximo ano sejam disponibilizados outros R$ 1,2 bilhão. No ano seguinte mais R$ 1,3 bilhão e em 2025 R$ 1,4 bilhão.

O processo de seleção pelos quais os projetos do estados e municípios são submetidos deve ser concluído até o fim do ano pelo MDR e Conselho Curador do FGTS.

Clausens de Almeida, diretor do Sindicato das Empresas de Construção do Ceará (Sinduscon-CE), destaca que o ganho de importância do Pró-Moradia para a política nacional de habitação de interesse social amplia o debate sobre a forma como o FGTS é gerido. Ele lembra das permissões de saques emergenciais desde 2016.

"Existe um certo risco sobre o Pró-Moradia, não de faltar, mas de redução de recursos. Isso porque, como foram feitas liberações de saques do FGTS, então foi reduzida a disponibilidade do Fundo. Desde 2016 estão ocorrendo essas liberações. Esse evento pode contribuir para uma redução de valores para o ano que vem, mas ainda é uma estimativa", observa.

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Entenda como funciona o Pró-moradia

No programa Pró-Moradia, os projetos aprovados pelo MDR e Conselho Curador do FGTS são financiados ao Ente Público interessado, com recursos do FGTS.

O projeto de melhorias habitacionais tem como objetivo identificar a área que vai receber a intervenção, os serviços a serem executados e a estimativa de custo da intervenção. São feitos no Ente Público solicitante da operação ou, por parceria entre Entes Públicos, se for o caso (estado e município).

São dois eixos centrais com sete previsões de atuação.

“Urbanização de Assentamentos Precários”

Poderão ser apresentadas propostas em quaisquer das 5 tipologias a seguir:

- Regularização fundiária: contempla ações para regularização fundiária da área, elaboração de projetos de infraestrutura e trabalho social;

- Melhorias habitacionais: contempla elaboração de projetos, material de construção e mão de obra para realização de melhorias habitacionais (desde que em áreas passíveis de regularização), aluguel provisório durante o período de obras e trabalho social;

- Urbanização integral: contempla ações integradas que incluem elaboração de projetos, infraestrutura urbana, reforma ou produção de novas moradias, equipamentos públicos, recuperação ambiental, contenção de riscos, trabalho social e regularização fundiária;

- Urbanização parcial: contempla o mesmo rol de ações da Urbanização integral, porém destina-se a complementar intervenções anteriores ou iniciar a atuação em áreas muito complexas, que necessitem intervenções em “camadas”;

- Intervenção estruturante: contempla o mesmo rol de ações da Urbanização integral, porém admite incluir componente de obra cujos benefícios são mais amplos que o perímetro do assentamento precário, alcançando também o entorno ou mesmo a cidade como um todo.


“Produção de Conjuntos Habitacionais”
Possui 2 tipologias:

- Aquisição ou Construção de Unidade Habitacional

- Requalificação de Imóveis Urbanos.

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