A taxa de consumidores endividados em Fortaleza caiu de 76,6% para 73% neste bimestre em relação ao período imediatamente anterior. Os dados estão presentes da pesquisa de Endividamento do Consumidor de Fortaleza, que projeta os meses de novembro e dezembro e é realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Ceará (Fecomércio-CE).
Além da queda do patamar de endividamento ao menor nível em mais de um ano, o percentual de consumidores com dívidas em atraso se manteve estável, mas iniciou uma trajetória de queda no bimestre, passando de 27,7% para 27,3%.
Os dados da pesquisa animam o setor de comércio, que esperam que esse movimento de alívio nas contas dos consumidores seja revertido em aumento nas vendas neste período de fim de ano. O vice-presidente da Fecomércio, Cid Alves, afirma que o cenário se mostra positivo, pois o endividamento das famílias cai enquanto o nível de confiança para o consumo sobe.
“No contexto geral, os valores são positivos para a economia. Estávamos com o pé no freio e agora começamos a colocar o pé no acelerador, o que faz com que haja mais investimentos de nossa parte, que façamos mais demanda à indústria, gerando mais empregos em toda cadeia”, destaca.
Segundo os dados, as dificuldades em honrar os compromissos financeiros afetam mais as mulheres (29,0% dos entrevistados desse grupo afirmaram possuir contas em atraso), os consumidores do estrato com idade acima dos 35 anos (30,8%) e da classe com renda familiar mensal abaixo de cinco salários-mínimos (28,1%).
O tempo médio de atraso dessas contas é de 71 dias. A principal justificativa para o não pagamento das dívidas é o desequilíbrio financeiro, citado por 53,3% dos entrevistados. O segundo motivo mais mencionado é a necessidade de se adiar o pagamento, para uso dos recursos em outras finalidades, com 42,3% das respostas, seguido da perda de prazo por esquecimento (5,6%) e da contestação das obrigações (5,0%), revela o relatório da Fecomércio-CE.
O índice de inadimplência registrado neste último bimestre do ano foi de 11,5%, enquanto no bimestre anterior era de 12,5. No período entre novembro e dezembro de 2021, há um ano, esse índice era de 13,3%.
Já o percentual relativo ao comprometimento da renda familiar dos consumidores apresentou o melhor resultado do ano, com taxa de 42,4% neste bimestre, enquanto no anterior havia sido de 47,1%.
Neste processo de retomada do consumo neste fim de ano, o perfil de consumidores que pretende comprar se refere muito aos que possuem alta renda. O vice-presidente da Fecomércio considera esse movimento natural, já que os consumidores com renda mais modesta estão aproveitando qualquer renda extra para regularizar suas dívidas, o que foi observado na pesquisa.
Para o próximo ano, a expectativa é de que a continuidade do programa social do Governo Federal pagando pelo menos R$ 600 seja positivo e permita que mais pessoas possam consumir. “O Auxílio Brasil tem feito com que os inadimplentes quitem suas dívidas, o que faz com que a inadimplência diminua. Atualmente, as famílias mais pobres estão se reinserindo no mercado de consumo”.
Cid ainda acrescenta que é preciso que o consumidor ainda tenha cautela na hora de comprar, faça tudo de forma planejada, para evitar problemas no ano novo. “A perspectiva é de que nos meses de fevereiro, março e abril o nível de consumo diminua e as pessoas utilizem suas poupanças para que não se tornem inadimplentes, por isso é importante o planejamento financeiro das famílias”.