Iniciada em 2007 e com uma série de paralisações de lá para cá, a Transnordestina deve ganhar novo impulso em 2023. A obra já consumiu R$ 7 bilhões e tem mais R$ 1 bilhão contratados para a próxima etapa do projeto ferroviário, que visa concluir o chamado ramal Pecém em cerca de cinco anos.
Pelo menos, no que depender da pressão feita pelos governadores de Ceará, Piauí e Pernambuco, que estiveram ontem em Brasília reunidos com os ministros do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Wellington Dias, e da Integração e do Desenvolvimento Regional, Walter Góes, além do presidente da Transnordestina Logística S.A., Tufi Daher Filho.
Até o momento, estão concluídas 67,4% das obras do ramal Pecém (ou 815 km), que liga o porto situado naquele distrito do município São Gonçalo do Amarante (CE), a Eliseu Martins (PI), um dos principais polos de escoamento de minérios e grãos (notadamente soja), da região conhecida como Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). De um total de 1.209 km de ferrovia desse ramal, 608 km estão previstos para passar em território cearense.
Há ainda a expectativa pela retomada das obras do ramal Suape, que incluiria mais 544 km de ferrovia à Transnordestina propriamente dita, bem como a recuperação de 585 km de um trecho que liga os municípios de Cabo (PE) a Porto Real do Colégio (AL). “Ficou estabelecido que essa conclusão é fundamental para o desenvolvimento da economia da região Nordeste. Desde então, estamos dialogando e buscando, juntos, soluções para acelerar a obra”, disse o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT).
Em suas redes sociais, o governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), destacou que a Transnordestina é uma obra “extremamente importante” para a região. “Mais do que um modal de transporte, será uma obra fundamental para fomentarmos a economia, gerarmos emprego e renda e novas oportunidades de negócios”, publicou o gestor. A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), também presente na reunião reforçou a importância da conclusão da obra, que tem 190 km de ferrovia construída naquele estado.
O gerente comercial da Tecer Terminais, Carlos Alberto Nunes, que opera no Porto do Pecém, destacou que “quando você tem uma ferrovia você consegue viabilizar cargas de 500 a 800 quilômetros. Então, todo escoamento de soja e milho, que ficaria ali no Piauí, além de alguns grandes projetos nessa região, tudo isso vai ser viabilizado. O que precisa é a ferrovia chegue de forma competitiva, com equipamentos de maior capacidade e velocidade”.
“A gente está muito confiante que entre 2027 e 2028 que a coisa venha a acontecer dessa forma pela grande necessidade de crescimento e porque na parte portuária existe muita convergência. Vamos supor que a parte portuária não estivesse tão bem estruturada como está hoje! Isso poderia ser até um entrave para a obra da Transnordestina. Só que é o contrário”, ressaltou.
Por sua vez, o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Ceará (Setcarce), Marcelo Maranhão, lembrou que “a ligação da Transnordestina com o Porto do Pecém, inicialmente, e com o de Suape, futuramente, é uma maneira de integrar os modais ferroviários e marítimo no escoamento de grande parte da produção agrícola do Matopiba”.