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Pecém planeja estrutura para demanda futura de gás natural
Economia

Pecém planeja estrutura para demanda futura de gás natural

| Até 2023 | Objetivo do Complexo é atender demanda de 9 milhões de m³ de gás natural da usina térmica Portocem, que tem expectativa de iniciar a operação em 2026
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PORTO quer manter navio regaseificador da Petrobras atracado até o fim do ano (Foto: Fábio Lima)
Foto: Fábio Lima PORTO quer manter navio regaseificador da Petrobras atracado até o fim do ano

De olho na demanda que a Portocem - a segunda maior térmica a gás natural do País - vai gerar no Ceará a partir de 2026, o Porto do Pecém prepara uma estratégia para atender o novo cliente e ao mesmo tempo a futura operação com hidrogênio e amônia verdes. Hugo Figueirêdo, presidente do Complexo do Pecém, conta que o consumo para atender a potência instalada de 1,6 gigawatts (GW) chega a 9 milhões de metros cúbicos (m³) de gás natural por dia.

Para isso, "vai haver a possibilidade de ter um novo terminal", contou em entrevista exclusiva ao O POVO. "O navio regaseificador vai sair do píer 2 e vai ficar num terminal que a gente chama de quadro de bóias flutuante. Fica na área abrigada do porto entre os píeres 1 e 2 (onde deve ficar concentrada a operação com hidrogênio e amônia). O navio vai ficar lá e vai vir outro navio para fazer a transferência entre os dois", explicou.

A operação da Portocem é prevista para 2026, mas o início das obras é esperado já para abril de 2023. A térmica teve origem no consórcio capitaneado pela norte-americana Ceiba Energy e que foi vencedor do 1º Leilão de Reserva de Capacidade de Potência, realizado em dezembro de 2021, e prevê um investimento de R$ 4,7 bilhões para a instalação numa área da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará.

Cálculos do Governo do Ceará, ainda quando Camilo Santana ocupava o cargo de governador, dão conta de que a chegada desta térmica é o maior investimento já feito no Complexo Industrial e Portuário do Pecém desde a instalação da Companhia Siderúrgica do Pecém - hoje, rebatizada de ArcelorMittal Pecém.

Os preparativos para receber mais um empreendimento ocorrem ainda em paralelo ao trabalho para abrigar o hub de hidrogênio verde, para o qual o Pecém calcula um investimento de R$ 2,2 bilhões entre recursos do Estado e das empresas. Além disso, há mais R$ 300 milhões no projeto de um terminal exclusivo para o que o presidente do Complexo chamou de estaleiro para as eólicas offshore.

Sem gás por dois anos

Mas, até a entrada em operação da Portocem, Figueirêdo projeta uma temporada de dois anos sem que o Porto do Pecém opere gás natural nas instalações. Esse período, se o planejamento dele for cumprido sem complicações, terá início entre o fim deste ano e o começo do próximo e depende da saída do navio regaseificador Golar Winter do píer 2.

As negociações com a Petrobras, proprietária da embarcação, ainda tem detalhes operacionais que podem beneficiar as duas partes, segundo ressalta Figueirêdo. Isso porque o contrato original para operação do navio no porto cearense vence no meio deste ano, e o Pecém quer estender o período até dezembro de 2023.

Abastecimento garantido

O presidente do Complexo do Pecém afirma que essa proposta, ainda em análise pela companhia, deve ser aceita porque a Petrobras tem contratos de fornecimento de gás natural até o fim do ano com as térmicas da Eneva no Ceará.

"Mas o gás natural consumido pelo Ceará vai continuar sendo abastecido pelo gasoduto de transporte, que vem do Rio de Janeiro e passa pelo litoral do Nordeste até o Ceará. É o gás que abastece a Cegás (Companhia de Gás do Ceará). Mas não é suficiente para abastecer as térmicas, que vão ficar sem abastecer por dois anos. Na verdade, o contrato delas termina agora no fim do ano", assegura Figueirêdo.

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