O Complexo do Pecém planeja construir um novo terminal exclusivo no Porto para a instalação do que chamam de "estaleiro" para a construção de pás e outros equipamentos eólicos offshore. A estratégia mira os 21 parques já com licença ambiental iniciada e gira em torno de, pelo menos, R$ 300 milhões, segundo revelou com exclusividade ao O POVO o presidente do Complexo, Hugo Figueirêdo.
A atenção destinada desde agora, mesmo quando o marco regulatório para este tipo de geração ainda não foi definido, deve-se ao potencial de impacto na economia local. Ele calcula que os projetos devem superar os 50 gigawatts em potência instalada no litoral do Estado e resultar em investimentos superiores a US$ 100 bilhões.
"É um negócio tão grande que a gente precisa ter muita atenção e certamente estamos acompanhando de perto o que está acontecendo na regulação. Nossa Secretaria de Infraestrutura tem pessoal especializado em energia só para acompanhar isso para garantir esse desenvolvimento ocorra no tempo certo, com sustentabilidade ambiental e social. Ao mesmo tempo que a gente consiga materializar todas essas oportunidades", afirmou.
Perguntado se há muitas empresas interessadas na montagem deste "estaleiro" no Porto do Pecém, o presidente do Complexo diz que sim, mas prefere "falar daquelas que têm os pré-contratos assinados." Ele fala dos investidores em hidrogênio verde, que tem na eólica offshore um fornecedor de energia em potencial.
No total, o Estado conta com 24 memorandos de entendimento assinados com investidores, dos quais três já contam com áreas reservadas na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará, além da EDP que já produz o H2V ao lado da térmica no Pecém.
Esses três projetos, segundo Figueirêdo, somam US$ 8 bilhões até 2030 e tem uma demanda de 3GW resolvida. Além disso, diz ele, "algo em torno de 8 GW e 12 GW" ainda devem chegar na região do Pecém para atender a futura demanda.
O Ceará, ao lado do Rio Grande do Sul, é o estado do País com maior número de eólicas offshore com licenciamento iniciado no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). São 21 projetos de 16 investidores diferentes, de acordo com a última atualização feita, de 7 de dezembro do ano passado.
No Nordeste, Piauí, Rio Grande do Norte e Maranhão também contam com parques listados pela Diretoria de Licenciamento do Ibama. Além deles, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina apresentam propostas. Mas de porte inferior ao cearense, que chega a um total de 3.721 torres eólicas planejadas pelos 21 projetos.
Investidores em offshore no Ceará
Bi Energia
Neoenergia Renováveis
Camocim Eirelli
Qair Marine Brasil
Alpha Wind Morro Branco
Geradora Eólica Brigadeiro
Eólica Brasil
Totalenergies Petroleo&Gas Brasil
Shell Brasil Petróleo
H2 Green Power
Equinor Brasil Energia
Kaanda R.M Cunha
Shizen Energia do Brasil
Monex Geração de Energia
Energia Itapipoca
Cemig Geração e Transmissão
Fonte: Ibama
Lei
O marco legal da offshore foi aprovado na comissão de infraestrutura do Senado, em agosto do ano passado. O texto foi direto para a Câmara, mas ainda não teve andamento