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Economia do mar já gera mais de 57 mil empregos no Ceará
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Economia do mar já gera mais de 57 mil empregos no Ceará

Pesca e turismo constituem parte relevante na economia cearense. Inovações vêm sendo apresentadas para potencializar a área
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UM DOS programas voltados à economia do mar é o Fortaleza Radical, que incentiva a prática também do kitesurfe na orla do município (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES UM DOS programas voltados à economia do mar é o Fortaleza Radical, que incentiva a prática também do kitesurfe na orla do município

O Ceará tem uma ampla gama de atividades econômicas relacionadas ao mar. Somente no setor pesqueiro, por exemplo, o Estado apresenta mais de 57 mil empregos, como apontam dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço (MDIC), do fechamento de 2022.

O turismo cearense, por sua vez, registrou cerca de 74 mil trabalhadores no ano passado, segundo a Secretaria do Turismo do Ceará (Setur). Os dados também salientam que a renda gerada pelo segmento no Estado ficou acima de R$ 20,4 milhões, representando impacto de 9,8% no Produto Interno Bruto (PIB) estadual.

E, para se ter ideia, pesquisa realizada pela Secretaria Municipal do Turismo (Setfor) aponta que um dos principais fatores para a atração de visitantes à capital é justamente o litoral.

O levantamento constatou uma nota média de 9,14 atribuída por turistas ao município, considerando graus de satisfação e felicidade.

Analisando pelo aspecto do País, Fortaleza foi o terceiro destino nacional mais buscado por brasileiros em 2022. Os números foram fornecidos pela Decolar, agência de viagens, em janeiro deste ano.

Mas a economia do mar ou economia azul é mais que isso. Em relação à Capital, há uma busca por ser referência no conceito, como destacado no Plano Fortaleza 2040. No município, a ideia que a Prefeitura promove é de ter uma agência totalmente voltada para o tema.

A Câmara Municipal aprovou, por exemplo, em votação realizada no dia 31 de maio, o projeto de lei complementar nº14/2023, apresentado pelo prefeito José Sarto (PDT), responsável por criar a Agência de Desenvolvimento da Economia do Mar de Fortaleza (Ademfor).

Na justificativa da criação do órgão, o Executivo destaca que "Fortaleza é uma cidade situada no litoral do estado do Ceará que possui um grande potencial para o desenvolvimento da Economia do Mar".

Segundo João Marcos Maia, secretário municipal do Planejamento, Orçamento e Gestão (Sepog), o fomento à agência ainda está de acordo com práticas internacionais. "Articulando as políticas públicas que já atuam nas áreas abarcadas pela chamada Economia do Mar, espera-se potencializar resultados, acelerar processos e dar mais visibilidade a eles", destacou.

Hoje, a economia azul tem potencial para gerar diversos empregos diretos e indiretos dentro do cenário cearense, como acontece na pesca e no turismo. Exemplo é que, em 2022, o Ceará ultrapassou US$ 94 milhões em exportações de pescados, sendo o primeiro colocado considerando os estados brasileiros.

Desde 2013, o Estado alterna entre a primeira e a segunda colocação. No último índice, as posições seguintes foram ocupadas por Pará, Rio Grande do Norte e Santa Catarina, respectivamente. Os números são do MDIC e incluem peixes, peixes ornamentais, conserva de pescado, camarão, lagosta e outros produtos.

O levantamento aponta ainda que o Ceará é responsável por 25,19% das exportações brasileiras de pescados. São aproximadamente 57 mil empregos gerados pelo setor pesqueiro no Estado.

A indústria formal da área, com 25 estabelecimentos, agrega cerca de 10,8 mil funcionários. Na atividade pesqueira, são 31,4 mil empregos diretos ou indiretos, além de mais 15 mil no comércio.


Ademais, o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) pontuou que, no ano passado, o turismo cearense cresceu 36,7% em comparação com 2021, um percentual acima da média nacional de 29,9%.

Dados do Observatório do Turismo indicam que, em 2022, as Atividades Características do Turismo (ACTs) totalizaram, em Fortaleza, R$ 89.094.609. Já a arrecadação de Imposto sobre Serviços (ISS) no setor de hospedagem, eventos, turismo e congêneres foi de R$ 45.786.383,13.

O núcleo de pesquisas também aponta que, no ano passado, a Capital apresentou 67,51% de ocupação hoteleira, contra 51% em 2021 e 29% em 2020..

Inovações que já chegam à pesca

E estes são crescimentos em números, pois há ainda exemplos práticos de inovações na Economia Azul que já chegam, por exemplo, à pesca. Uma das atividades mais importantes entre as que possuem relação com o mar, o segmento no Ceará vem recebendo tecnologias para impulsionar seu desenvolvimento.

Um exemplo é o projeto Rastum, parceria entre a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), por meio do Observatório da Indústria, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o Sindicato das Indústrias de Frio e Pesca do Ceará (Sindfrio), a Universidade Estadual do Ceará (Uece), a Universidade Federal do Ceará (UFC) e o Instituto de Ciências do Mar (Labomar).

A iniciativa surgiu com o objetivo de ampliar a competitividade da economia marinha, utilizando um sistema de rastreabilidade dos atuns desde a hora da pesca, momento em que não se tinha controle do que estava sendo retirado do mar.

Partindo da coleta de dados estratégicos, o projeto possibilitou a otimização da produção e a prática da pescaria sustentável. Um dos principais conceitos da plataforma é a interface intuitiva para inserção e acompanhamento de informações, promovendo a capacitação de pescadores do litoral cearense e de outros colaboradores envolvidos.

A indústria de pescados Robinson Crusoe é uma das empresas que adotaram o sistema. Ao O POVO, o diretor executivo da multinacional, Fernando Botelho, contou que integra o programa desde 2021 e que a ferramenta é vista como um primeiro passo no sentido de digitalizar a informação ainda na etapa de pescaria do atum, que sempre foi muito artesanal. Hoje se sabe o que é o pescador captura, em que tamanho e peso aproximados.

Botelho também ressaltou que a companhia pretende seguir utilizando o Rastum nos próximos anos, mas apontou possíveis melhorias. "Entendemos que é necessária uma nova rodada de atualização dos usuários, mestres de embarcação e responsáveis nas indústrias".

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Economiaazul

Definição

A economia azul é é definida por atividades ligadas à preservação, exploração e regeneração do ambiente marinho. O principal foco é o desenvolvimento sustentável, incluindo âmbitos como pesca, transporte marítimo, aquicultura e turismo.

Planeta azul

Em um planeta que tem aproximadamente 70% da sua superfície coberta por água, a economia azul vem recebendo cada vez mais atenção das instituições públicas e privadas ao redor do mundo. A Organização das Nações Unidas (ONU) destaca que tais práticas ajudarão a atingir os "Objetivos de Desenvolvimento Sustentável" da entidade.

Em Fortaleza

No cenário da capital cearense, o plano Fortaleza 2040 foi entregue em 2016 com o objetivo de estabelecer metas no gerenciamento futuro da cidade. Dentre os diversos pontos abordados, o documento reserva um amplo espaço para falar da economia do mar.

Visão futura

O planejamento afirma, na área, que "Fortaleza tem uma série de atividades em curso relacionadas ao mar, mas ainda sem utilizar a totalidade de seu potencial, pois estão isoladas". A visão estabelecida para o futuro é que em 2040 o município tenha no mar a sua identidade principal, como uma fonte sustentável de riqueza e bem-estar social.

Referência

"Fortaleza será referência na explotação e exploração econômica sustentável dos recursos marinhos, sendo o Porto do Mucuripe mais competitivo em transporte e logística para a navegação de cabotagem e recebimento de embarcações turísticas, e modelo em integração logística intermodal e em sustentabilidade", destaca o arquivo.

Fonte: Fortaleza 2040

 

Votação

Na Câmara, foram 26 votos favoráveis à criação da Ademfor e 11 contra. Segundo a Prefeitura, 59 cargos serão extintos para o surgimento de outros dez. A base aliada ressaltou que haverá uma economia de R$ 217,52 por mês com as alterações.

 

Litoral

O Estado possui cerca 600 km de litoral, dois portos, turismo voltado ao mar, como o náutico esportivo e um setor pesqueiro que coloca o Estado entre os primeiros do País em produção de pescado.

 

Setor

A criação da Agência de Desenvolvimento da Economia do Mar de Fortaleza (Ademfor) foi aprovada
neste ano.

 

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